(Foto: Divulgação)
Uma coluna desenvolvida por Daniel Augusto.
Biografia de Jorge Amado
Jorge Amado (1912-2001) foi um escritor brasileiro. O romance "Gabriela Cravo e Canela" recebeu os prêmios: Jabuti e Machado de Assis. Foi um dos maiores representantes da ficção regionalista que marcou o Segundo Tempo Modernista. Iniciou sua carreira de escritor com obras de cunho regionalista e de denúncia social. Passou por várias fases até chegar à fase voltada para a crônica de costumes.
Infância e Adolescência
Jorge Amado de Farias nasceu na Fazenda Auricídia, em Ferradas, município de Itabuna, Bahia, no dia 10 de agosto de 1912. Filho de João Amado de Faria e Eulália Leal Amado, fazendeiros de cacau. Em janeiro de 1914 mudou-se com a família para a cidade de Ilhéus, onde passou a infância. Com 11 foi estudar no Colégio Antônio Vieira, em Salvador, onde aprendeu o gosto pela leitura com o padre Cabral. Aos 12 anos foge do internato e vai para Itaporanga, em Sergipe, onde morava seu avô. Depois de alguns meses, seu pai mandou buscá-lo e sem desejar voltar para a escola, foi plantar cacau.
Depois de seis meses no meio do povo, tomando conhecimento da vida popular que iria marcar fortemente sua obra de romancista, foi estudar no ginásio Ipiranga, onde tinha mais liberdade. Dirigia dois jornais, “A Pátria” o jornal oficial, e “A Folha”, fundado por ele, que contestava A Pátria. Com 14 anos estreia na revista “A Luva”, com um poema de feições modernistas. Faz parte do grupo literário "Academia dos Rebeldes", um grupo de jovens que tinha como objetivo a renovação literária. Comandados por Pinheiro Viegas, figuraram na Academia dos Rebeldes, além de Jorge Amado, os escritores João Cordeiro, Dias da Costa, Alves Ribeiro, Edison Carneiro, Valter da Silveira, e Clóvis Amorim.
Frequentador de candomblés desde muito cedo, Jorge Amado tornou-se amigo de pais-de-santo, perseguidos pela polícia. Em seus livros “Jubiabá” e “Tenda dos Milagres”, esses fatos são relatados. Ainda com 14 anos começou a trabalhar no "Diário da Bahia", depois em “O Imparcial”.
Primeiros Romances
Em 1930, Jorge Amado muda-se para o Rio de Janeiro. Em 1931 ingressa na Faculdade de Direito e publica seu primeiro romance "O País do Carnaval", que narra a tentativa frustrada de um intelectual brasileiro de formação europeia, de participar da vida pólítica e cultural brasileira. Tendo fracassado regressa à Europa. Em 1933 lança seu segundo livro "Cacau", que teve vários exemplares apreendidos. Em 1936 ele foi preso, por pertencer à Aliança Libertadora Nacional, junto com outros intelectuais, entre os quais Graciliano Ramos.
Em 1937 publica "Capitães de Areia", que retrata a vida de menores delinquentes da Bahia. A obra é apreendida pela censura do Estado Novo, e ele é novamente preso. Em 1941 refugia-se na Argentina e começa a redigir “O Cavaleiro da Esperança”, que relata a vida de Luiz Carlos Prestes.
Características da Obra de Jorge Amado
Jorge Amado iniciou sua carreira de escritor com obras de cunho regionalista, que caracterizou o “Segundo Tempo Modernista” (1930-1945), que retrata a vida urbana de Salvador. Com forte preocupação político-social, que denunciam, em um tom seco, lírico e participante, a miséria e a opressão do trabalhador rural e das classes populares, como é o caso de País do Carnaval e Capitães de Areia. Com o amadurecimento, sua força poética voltou-se para as fazendas de cacau de Ilhéus e Itabuna, para a seca, a exploração do trabalhador urbano e rural e para o coronelismo latifundiário, como “Cacau”, “Terras do Sem-fim” e “São Jorge dos Ilhéus”. Passou por várias fases até chegar à fase voltada para crônica de costumes, iniciada com “Jubiabá”, “Mar Morto” e “Gabreila, Cravo e Canela”.
Deputado Federal
De volta ao Brasil, em 1945, e ligado ao Partido Comunista, Jorge Amado foi eleito deputado federal por São Paulo. Em 1948 tem seu mandato cassado e vai residir em Paris. Em 1950 passa a residir na Tchecoslováquia, onde escreve “O Mundo da Paz”. Em 1951 recebe, em Moscou, pelo conjunto de sua obra, o Prêmio Internacional Stálin. Em 1956 retorna ao Brasil. Em 1958 escreve o livro mais famoso de sua obra: “Gabriela, Cravo e Canela”.
Academia Brasileira de Letras
Em 1961, Jorge Amado candidata-se à Academia Brasileira de Letras. É eleito por unanimidade, onde ocupou a cadeira nº. 23. Nesse mesmo ano, publica “Os Velhos Marinheiros”. Em 1963 deixa o Rio de Janeiro voltando a residir na Bahia. Em 1969 publica “Tenda dos Milagres” e, em 1972 publica “Tereza Batista Cansada de Guerra”. Em 1976, a obra recebe o Prêmio Lila. Em 1977 publica “Tieta do Agreste”. Jorge Amado também fez parte da Academia de Ciências e Letras da República Democrática da Alemanha; da Academia das Ciências de Lisboa; da Academia Paulista de Letras; e membro especial da Academia de Letras da Bahia
Família e Amigos
Jorge Amado foi casado com a escritora Zélia Gattai (1916-2008), que aos 63 anos começou a escrever suas memórias. Juntos tiveram dois filhos, João Jorge e Paloma. Jorge e Zélia viveram cercados de amigos, entre eles, Federico Fellini, Alberto Moravia, Yves Montand, Jorge Semprún, Pablo Picasso, Oscar Niemeyer, Vinícius de Moraes, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Entre suas obras adaptadas para a televisão, cinema e teatro estão "Dona Flor e Seus Dois Maridos", "Gabriela Cravo e Canela", "Tenda dos Milagres" e "Tieta do Agreste".
Jorge Amado faleceu no dia 6 de agosto. Seu velório foi realizado no Palácio da Aclamação em Salvador. Foi cremado, a seu pedido, e suas cinzas foram colocadas ao pé de uma mangueira, em sua casa na Bahia.
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