Voz da Bossa - Cap 042 #PenúltimoCapítulo
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CENA 001.
CEMITÉRIO PARQUE DA PAZ. INTERIOR. DIA/TARDE
Clara se despede de Adriano e joga uma flor no caixão. Ao entrar
no cemitério, Letícia confronta:
Letícia – Você não
tem vergonha na cara não? Não bastou destruir nossa família, agora vem ao
enterro do meu pai.
Clara – O Adriano
é pai do meu filho, eu o amei de verdade [...].
Letícia – Você o
amou de verdade, mas ele te amou em algum momento? Ele amou o seu filho como
amou o Davi e eu? A palavra amar não é vaga. Não misture amor com desejo, o que
você sentiu pelo meu pai foi desejo e dos mais sujos ao ponto de separar um
casal com uma família constituída.
Clara – Você quer
dar uma de moralista comigo? Justo a cantora de bossa nova que cresceu às
custas de um advogado? Se você mora debaixo do mesmo teto que eu, foi porque o
meu filho permitiu. Resumindo, você depende de mim indiretamente.
Letícia – É sério
mesmo que está jogando isso na minha cara? Eu só moro na mansão porque pertence
também ao Charles ou se esqueceu de que Antônio antes de falecer deixou uma
parte do espólio para ele?
Clara – Vou
refrescar sua memória, aquela mansão era da tia de Eleonora e o Antônio comprou
num leilão e colocou a mansão em cinquenta por cento de meu domínio. Portanto,
você me deve respeito. E se fui amante do seu pai há quarenta e sete anos
atrás, isso não é de sua competência.
Letícia – É de minha
competência porque eu vi a minha mãe sofrer com a separação. A dor que ela
sentiu nem o tempo conseguiu curar e imagina se ela descobre que meu pai morreu
lutando contra um câncer? E que o filho da amante foi o último a visita-lo?
Você não sabe o que é sofrer, por isso que diz isso.
Clara – Eu sofri
quando o seu pai me largou grávida. Morei na rua por oito meses e tive uma
estadia muito curta na casa de Ana. Você não pode julgar as pessoas pelo
passado, ainda mais se tiver telhado de vidro.
Letícia – O que você
está querendo dizer mesmo?
Clara – Não tenho
nada a dizer, mas abra o olho se quiser morar na minha casa ainda.
Letícia – Isso é uma
ameaça Clara?
Clara vira
as costas e Letícia a segue. Ao deixar o cemitério, a filha de Anderson entra
no carro e Joaquim se preocupa:
Joaquim – O que
houve mãe? Está pálida [...].
Clara – A Letícia
me atacou de novo, acredita?
Joaquim – Vou ter
uma conversa muito séria com ela, não dá para vivermos nesse conflito debaixo
do mesmo teto.
Clara – Ela me
persegue porque tive um caso com o seu pai no passado.
Joaquim – Pode
deixar comigo mãe, irei resolver esse problema com urgência.
Clara – Muito
obrigada filho, nem sei como te agradecer.
Joaquim – Não
precisa, agora vamos para casa?
Clara – Preciso
muito voltar para Niterói logo.
Joaquim segue a trajetória com Clara para Niterói.
CENA 002.
MANSÃO PERALTA CASTELHANO. SALA DE ESTAR. INTERIOR. DIA/TARDE
Jonatan vai à sala de estar e anuncia a morte de Adriano para
Marília:
Jonatan – Hein mãe,
acabou de sair no noticiário que Adriano faleceu.
Marília – Ele morreu
de que?
Jonatan – Câncer no
pulmão! E o pior que estava já com a respiração comprometida e só foi se cuidar
quando não estava se sentindo bem.
Marília – O Adriano
nunca foi uma pessoa que se cuidava, mas eu fico triste pela família que ele
largou para ficar com Clara.
Jonatan – Mas pelo
visto, a Selma já se casou com um alemão e milionário.
Marília – Como você
sabe disso? Deu uma de bisbilhotar a vida alheia?
Jonatan – Eu vi no
Instagram, ela postou uma foto com o rapaz.
Marília – Acho esse
negócio de redes sociais uma palhaçada! No meu tempo, mandávamos cartinhas,
roubava goiaba do vizinho e namorávamos escondido sem ninguém saber. Agora a
geração de hoje? Você já vê uma menina de doze anos buchuda.
Jonatan – Ah mãe,
não exagera vai? No seu tempo as coisas eram mais sisudas e também os hábitos e
gostos mudam. Estamos em outra década.
Marília – Vou voltar
a fazer minha toalha de crochê que eu ganho mais. E você, vai para a Câmara
não?
Jonatan – Ih é
mesmo, pedir a hora. Beijos mãe.
Marília observa
Jonatan deixando a mansão. Na cozinha, Xavier ajuda Mirian no preparo do
almoço:
Mirian – O que você
está preparando?
Xavier – Estou
preparando um pernil de cordeiro marinado para Marília.
Mirian – Se o
senhor soubesse que ela odeia cordeiro, nem faria.
Xavier – A Marília
está ficando caduca, essa é a verdade.
Mirian – Se ela te
escuta falando assim dela, vai te capar.
Xavier – Menina
você acredita que ela se recusou de viajar comigo? Iríamos passar uma temporada
fora do Rio.
Mirian – Ah ela
não está mais com esse pique para viagem.
Xavier – Ela
precisa desfrutar da terceira idade, os anos passam e não saberemos se
estaremos aqui amanhã.
Mirian – Nisso você
tem razão, vou conversar com Jonatan sobre isso. Precisamos de descanso e
viagem.
Xavier –
Aproveitem
enquanto estão jovens, esse é o meu conselho.
Marília escuta a conversa de Xavier e Mirian e volta sorrindo para a sala de estar.
CENA 003.
PRAIA DE COPACABANA. CALÇADÃO. EXTERIOR. DIA/TARDE
Eleonora e Astolfo observam o Apartamento Castillo:
Eleonora – Se tivesse
dinheiro, comprava um lugar para morarmos nesse apartamento.
Astolfo – Pelo que
dizem, esse conjunto ficou mais caro por conta da valorização imobiliária.
Eleonora – É um
prédio muito antigo e tem infinitas histórias. O Charles morou ai quando ele
decidiu sair da mansão.
Astolfo – E pensar
que ele trocou Niterói pelo Rio. Aqui é um belo lugar.
Eleonora – Quem sabe
algum dia não consigamos juntar nossas moedinhas para morar aqui?
Astolfo – As
moedinhas não são suficientes, tem que ter trabalho de carteira assinada ou
rico para sustentar os luxos de morar nesse prédio.
Eleonora – Se não
fosse aquele miserável, não estaríamos passando por essa situação.
Astolfo – Também
falhamos em nossa missão, antes tivéssemos mantido aquele dinheiro que tínhamos
para eu montar o banco.
Eleonora – Fique
tranquilo, infelizmente estamos padecendo por conta dessa justiça injusta.
Astolfo se
abraçam e Charles observa. A senhora se distrai e o filho se aproxima do pai:
Charles – Estou
muito feliz pela sua liberdade, pai [...].
Astolfo – Feliz?
Você está feliz de ver sua mãe e eu nessa situação? Feliz de sermos condenados
e torturados?
Charles – Vocês que
procuraram motivos para isso acontecer e o mais engraçado é que o senhor me
ensinou ser ético e moral. Agora quando pratico o que está na lei, o malvado
sou eu?
Astolfo – A questão
não é essa? Você poderia perfeitamente ter entrado com recursos para tirarmos
da prisão.
Charles – Como
posso defender vocês se eu que entreguei uma parte das provas pra justiça? Não
tem lógica nenhuma.
Astolfo – Eu tenho
uma enorme decepção de ti, nunca esperei que fosse capaz a tamanha crueldade.
Charles – Crueldade
foi o que vocês fizeram com o falecido Antônio e Anderson. Agora tenho que ir
trabalhar, com licença!.
Astolfo
chora sozinho e Eleonora pergunta:
Eleonora – Porque está assim?
Astolfo – Nosso
filho nos entregou para a justiça, não dá para acreditar nisso.
Eleonora – Eu não o
considero como um filho, ele foi mau caráter com a gente [...].
Astolfo é consolado por Eleonora e Charles entra no carro.
CENA 004.
MANSÃO OLIVEIRA MAGALHÃES. ESCRITÓRIO. INTERIOR. DIA/TARDE
Letícia
entra no escritório revoltada e pergunta:
Letícia – O que você
quer agora Joaquim?
Joaquim – Ei abaixa
o tom, porque você não está falando com seus amigos de bossa nova não.
Letícia – Falo como
eu quiser essa casa também é minha e você não tem direito de querer me exigir
alguma coisa.
Joaquim – Eu tenho
tanto direito quanto você nessa casa, aliás, o Antônio me criou e deixou a
herança da família dele e do Anderson sob meus cuidados, porque se dependesse do
Adriano, eu passaria fome.
Letícia – Você acha
mesmo que me importo com sua dor do passado?
Joaquim – Deveria,
porque eu sou seu irmão e o filho que o seu pai renegou. Eu sei que você e
minha mãe têm suas diferenças, porém, não quero mais desavenças, estou de saco
cheio de ver as duas brigando.
Letícia – A sua mãe
é cara de pau, foi amante do meu pai por muito tempo e teve a coragem de
comparecer ao cemitério.
Joaquim – Eu quem a
levei ao enterro, ela quis, mesmo depois de tudo que passou.
Letícia – E você
pelo visto é conivente a traições e destruições de famílias.
Joaquim – Não sou
conivente às traições e seu meu pai fizesse a mesma coisa com a minha mãe, eu
também ficaria tão revoltado quanto você.
Letícia – Não
parece, você sempre a defende mesmo estando errada.
Joaquim – Não a
defendo mesmo estando errada, eu só quero estabelecer uma trégua para pelo
menos, termos uma convivência melhor.
Letícia – Se você
quer boa convivência, não conte comigo, já não estarei mais aqui mesmo e não
faço muita questão. Estou de saída
Joaquim deixa
Letícia ir embora da mansão e Clara e Sávio se pegam na piscina:
Clara – Você é um
desavergonhado e só para lembrar, Joaquim está em casa.
Sávio – Ih começou
o climinha chato.
Clara – Não é
climinha chato, já basta minhas diferenças com a Letícia.
Sávio – Essa
Letícia é um pé no saco que se acha a dona da casa.
Clara –
Infelizmente ela tem direitos, porém são mínimos. Basta o Charles se separar
dela que ela sairá com uma mão na frente e outra atrás.
Sávio – Então
torça para ela vazar daqui, não quero uma pretinha como patroa.
Clara – Eu não
gosto dela, mas não seria racista como você está sendo.
Sávio – Racismo é
o caralho, tudo mimimi criado por esse povo, branca ela não é.
Clara – Vou nem
discutir com você.
Clara deixa Sávio falando sozinho na piscina e entra na mansão.
CENA 005.
LOJA DISCOPA. BALCÃO. INTERIOR. DIA/TARDE
Alice recebe
Lucilene na loja e fica surpresa
Alice – Seja bem
vinda a loja Discopa, dona Lucilene dos Anjos.
Lucilene – Não
precisa dessa recepção toda, esqueceu que temos negociações pendentes.
Alice – Eu gosto
de fazer recepções desse mote, e sim temos negociações pendentes.
Lucilene – Pela
proposta, você quer fazer desse local um museu da bossa nova, é isso mesmo?
Alice – Sim e
quero investir nove milhões para manter uma estrutura boa e também a
conservação dos LP’S.
Lucilene – Entendi,
eu vou fazer um orçamento e te mandarei por e-mail.
Alice – Perfeito e
as obras, iniciarão quando?
Lucilene –
Provavelmente amanhã, não será uma grandiosa obra e sim, uma reforma minuciosa
para deixar com ares de museu.
Alice – Ótimo
então posso considerar o negócio fechado?
Lucilene – Fechado e
anuncia nas redes sociais.
Alice cumprimenta Lucilene e assina o contrato.
CENA 006.
MANSÃO PERALTA CASTELHANO. QUARTO. INTERIOR. NOITE
Horas
depois: Marília conversa com Xavier sobre viagem:
Marília – Ouvi sua
conversa com a Mirian na cozinha e fui chamada de caduca é?
Xavier – Além de
caduca é fofoqueira?
Marília – Xavier
Vidal Castelhano, tu me respeita porque ainda sou sua esposa.
Xavier – Mas não te
faltei com respeito amor, falei brincando.
Marília – Não gosto
dessas brincadeiras.
Xavier – Minha
vovózona precisa entrar no clima.
Marília – Vovózona é
o cacete e dorme logo, amanhã você não tem que acordar cedo para ir ao golfe?
Xavier – Bem
lembrado, mas antes, quero um beijinho.
Marília e Xavier se
beijam. O aposentado dorme profundamente e a madame caminha pelo corredor da
mansão e ver um raio. Com a chegada do temporal, as janelas se trincam, a vela
da santa apaga e Marília entra em desespero:
Marília – O que será
que está acontecendo?
Marília
continua caminhando e a câmera foca num rapaz que tira o capuz dizendo:
Anderson – Acharam
que eu morri? Estou mais vivo do que nunca!
Anderson
sorri para a câmera deixando um mistério no ar.
Fim do capítulo 42
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