Adriano se
enfurece e rebate Clara:
Adriano – Eu não vou
assumir esse filho!
Clara – Como é que
é? Adriano você não pode está falando sério.
Adriano – Estou
falando sério, não vou assumir essa criança e por sua culpa, estou encima dessa
cama porque fui baleado pelo seu noivinho.
Clara – Eu não
tenho nenhum noivo! Eu rompi meu relacionamento com o Murilo para namorar
contigo, para você ser o meu homem, meu marido que sempre sonhei de ter.
Adriano – Então
desconsidere tudo que passamos juntos, por causa dessa aventura, a minha
família me virou as costas e meu casamento acabou e meus filhos não querem
olhar na minha cara.
Clara – Eu não
tive culpa sozinha e não fiz esse bebê com o dedo. Se você cedeu a sedução,
você é tão culpado nesta traição quanto eu. Não se faça de santo!
Adriano – Não estou
me fazendo de santo, eu só quero você longe de mim com esta criança. E se
nascer e registrar no meu nome, eu farei questão de desprezar.
Clara parte
para cima de Adriano e xinga:
Clara – Filho da
puta, cafajeste, miserável! Como ousa me deixar sozinha com uma criança?
Adriano – Se vira
com essa criança e na melhor das hipóteses, aborte-o.
Clara volta
a se aproximar de Adriano e diz:
Clara – Torço para
que você sofra amargamente e do fundo do meu coração. O que você fez comigo e
com essa criança é imperdoável. Sobre abortar, não irei fazer isso, irei criar
com todo o amor e carinho e farei dele um homem de caráter, coisa lhe falta.
Adriano – Acabou?
Agora suma da minha vida, não quero mais olhar para a sua cara. Vagabunda!
Clara cospe na
cara de Adriano e deixa o quarto. Ádira estranha o clima e conversa com o
filho:
Ádira – O que
houve meu filho? Escutei a gritaria lá de fora.
Adriano – Não te
interessa, saia daqui que eu quero ficar sozinho.
Ádira – Não vou te
deixar sozinho, eu sei que está estressado, mas agora não é hora de descontar
todo esse ódio em mim. Errei? Sim e já estou pagando por isso.
Adriano – Que bom
que sua consciência pesou, porque mãe de verdade não larga um filho na porta
dos outros.
Ádira – Bom, não
irei falar novamente o que me motivou a fazer isso. Com licença!
Ádira se retira do quarto e Adriano responde:
Adriano – Vá para o
quinto dos infernos infeliz e nunca mais volte aqui, sua verdureira de merda.
Adriano fica
sozinho no quarto e revoltado com Clara e Ádira. Na estrada e debaixo de sol
quente, Clara chora e diz passando a mão na barriga:
Clara – Meu filho,
nunca irei te abandonar. Eu estarei aqui para te dar tudo que precisa.
Clara segue
caminhando na estrada.
CENA 002.
MANSÃO DOS MAGALHÃES ARANTES. SALA DE ESTAR. INTERIOR. DIA/TARDE
Alguns meses depois: Marília e Xavier assumem relacionamento
para Jonatan e Mirian.
Marília – Estou
anunciando que estou namorando com Xavier.
Jonatan – Parabéns
mãe, finalmente vai ser uma mulher feliz e Xavier, cuide bem dela hein? Senão,
o negócio ficará feio pra ti.
Xavier – Irei
trata-la como uma deusa, uma rainha como ela merece.
Mirian – Para
comemorar esse namoro, irei preparar uma boa limonada forte.
Mirian deixa
a sala de estar e Xavier conta:
Xavier – Aproveitei
que a Marília se divorciou para anunciar nosso namoro.
Jonatan – Olha, mas
já pensa em se casar?
Marília – Está nos
nossos planos, mas iremos conversar com mais calma sobre isso.
Jonatan – Fico feliz
por você, porém, agora irei a Câmara para aprovar novas pastas.
Marília – Não vai
ficar para o café? A Mirian está caprichando na cozinha.
Jonatan – Não posso
ficar mais um minuto. Beijos e felicidades.
Jonatan
deixa a mansão e Marília diz:
Marília – Não liga
amor, ele é assim, sempre focado no trabalho.
Xavier – Mas ele
nunca namorou? Buscou ter uma mulher para a vida dele?
Marília – Ele nunca
se importou para namoro e está na vida política desde os dezoito anos. E você,
quando começou a carreira de guarda florestal?
Xavier – Iniciei a
carreira como guarda florestal aos dezenove. Eu era muito bobinho e dava
trabalho em serviço, amadureci com o tempo e ganhei experiência na área.
Marília –
Interessante, fico feliz por ter crescido profissionalmente.
Xavier – E você?
Nasceu aqui no Rio de Janeiro?
Marília – Eu nasci
em Alagoas. Meus pais eram cafeicultores, mas meu pai ficou viciado em jogo e
perdeu toda a fortuna da família. Passei por maus bocados junto com Mirian e
depois que me casei com Anderson, as coisas melhoraram e paguei todas as
dívidas.
Xavier – Nossa que
história cruel, como conseguiu viver?
Marília – Vendi
algumas joias e antiguidade da família e para sair do perrengue mesmo depois de
casada, vendi a mansão por lá e comprei outra mansão em Pernambuco.
Xavier – Fico feliz
que tenha superado tudo isso. Agora vamos falar o que interessa e de coisa boa.
Marília sorri
para Xavier e os dois se beijam.
CENA 003.
CASARÃO DOS VALENTE. SALA. INTERIOR. DIA/TARDE
Godofredo
arruma as malas e Belizário pergunta:
Belizário – Pai para
onde você vai com essas malas?
Godofredo – Estou
deixando o Rio de Janeiro e viajarei para o Congo. Deixarei essa casa sob sua
tutela, do Vanderlei, Luciano e Carlos.
Belizário – Não faça
isso e o Adriano? Não vai deixar esse casarão com ele não?
Godofredo – Não
mencione o nome desse infeliz aqui se não quiser ser deserdado. Pra mim, o
Adriano está morto e enterrado. Não mais nada o que fazer aqui, já perdi a
Alma, a gravadora e agora irei viver a minha vida indo de onde eu vim.
Belizário – O senhor
está se equivocando, não é fugindo dos problemas que esfriará a cabeça.
Godofredo – Só preciso
de um pouco de paz. Boa sorte meu menino!
Belizário é abraçado
por Godofredo e o cantor se desespera:
Belizário – Pai pelo
amor de oxalá, não nos deixe, fique com a gente.
Ao descer as
escadas, Luciano, Carlos e Vanderlei perguntam:
Luciano – O que
está acontecendo aqui?
Belizário – Nosso pai
quer ir embora para o Congo.
Vanderlei – O senhor
não pode nos deixar aqui, você é o pilar desta casa, o nosso mantra.
Carlos – Papai
pense muito bem! Não tome decisões que possa se arrepender.
Godofredo – Já está
decidido, eu vou para o Congo. Vocês estão com a vida ganha e preciso de um
momento de paz, deveriam me compreender.
Belizário – Te
compreendemos, mas está sendo muito radical.
Godofredo – Não estou
sendo radical, apenas quero ter um momento só meu.
Godofredo
deixa o casarão e Belizário, Luciano, Vanderlei e Carlos correm atrás do pai.
No carro, Godofredo pergunta a Augusto:
Godofredo – Estou
errado em deixar tudo para trás pra recomeçar a vida?
Augusto – Se você
está nas suas razões, não está errado.
Godofredo – Meus
filhos acham que estou errado, errado é se manter estagnado, parado e sem vida
própria.
Augusto – Não o
julgo e torço para a sua felicidade.
Após chegar
ao aeroporto, Godofredo diz:
Godofredo – Adeus Rio
de Janeiro, Adeus Brasil, num futuro quem sabe, eu estarei de volta.
Godofredo é
chamado e entra no avião com destino a Congo.
CENA 004.
SÍTIO CAMPO LINDO. ÁREA EXTERNA. EXTERIOR. DIA/TARDE
Oscar e Renato se casam e Lidiane diz:
Lidiane – Finalmente
casado e eu pensei que você iria morrer encalhado.
Renato – Que isso
mãe, estou muito feliz agora ao lado do amor da minha vida.
Lidiane – Senhor
Oscar Fraga, cuide bem do meu menino hein?
Oscar – Pode
deixar comigo dona Lidiane.
Lidiane abraça
o casal e Oscar conversa com Renato:
Oscar – Pelo visto
nossas mães arranjaram bons partidos.
Renato – Dona
Lidiane não dá o braço a torcer, ainda mais para homens.
Oscar – Mas a
dona Lilian não, olha ela ali no maior papo com o cocheiro.
Renato – Deixa sua
mãe ser feliz, ela sofreu muito nas mãos do seu pai.
Oscar – Amor não
o mencione, aquele homem pra mim nunca existiu.
Renato – Me
desculpa! Vamos brindar?
Oscar e
Renato brindam e se beijam. Lilian conversa com Fernando:
Lilian – Como
ficou essa fazenda enquanto eu morei no Rio de Janeiro?
Fernando – Ficou
muito vazio, só a senhora para trazer vida pra esse lugar.
Lilian – Muito
obrigada pelo o elogio!
Fernando – Estou aqui
para o que a senhora precisa.
Lilian fica
sozinha e troca olhares com Fernando. No quarto e aos beijos, Ana se sente mal
e Cristóvão estranha:
Ana – Estou
sentindo um enjoo muito forte.
Cristóvão – Opa sinto
cheiro de guri ou guria vindo por ai.
Ana – Não fale
isso nem brincando Cristóvão.
Cristóvão – Você está
na idade de ser mãe, é natural.
Ana – Mas não
quero ser mãe agora, quero aproveitar melhor o nossos momentos juntos.
Cristóvão – Então
está bom, vou acreditar em você.
Ana beija
Cristóvão e a professora se afasta do tenente e corre para o banheiro.
CENA 005.
HOSPITAL PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. QUARTO. INTERIOR. DIA/TARDE
Antônio
pergunta a Anderson sobre seu estado de saúde:
Antônio – Como você
anda meu neto?
Anderson – Estou bem
na medida do possível. Doutor Levi disse que meu estado é grave.
Antônio – Então terá
que ficar aqui por um tempo. Tenho uma novidade para te contar.
Anderson – Diga-me.
Antônio – Você terá
um quarto só seu na minha mansão em Niterói.
Anderson – É sério
isso? Avô, não precisava.
Antônio – Precisa
sim, eu estarei cuidando de você e não vou querer ver morar naquele muquifu do
Apartamento Castillo que é muito caro.
Anderson – Só o
senhor mesmo para arranjar ideias.
Antônio – Estou aqui
para isso.
Antônio
cuida de Anderson e Charles chega na sala de espera:
Charles – O
Anderson está bem?
Solano – Até agora
o senhor Antônio não falou nada.
Charles – Eu vim
correndo quando chegou a carta na minha casa.
Solano – E Letícia,
porque não veio?
Charles – Ela está
em casa com a família.
Solano – Entendi,
enfim, vou tomar uma água mas passa o olho nas bolsas.
Charles – Pode
deixar.
Solano se
direciona ao bebedouro e Charles vigia as bolsas.
CENA 006.
APARTAMENTO BOCAIÚVA CONCEIÇÃO. SALA. INTERIOR. DIA/TARDE
Letícia é convidada para cantar em evento da TV Globo e
comemora:
Letícia – Walter
Clark me convidou para cantar num evento fechado na TV Globo.
Angeluce – Estou
muito feliz com mais um conquista minha sobrinha querida. Parabéns e farei o
possível para te colocar no topo musical.
Letícia – Tia eu
nem sei como reagir, estou nervosa e feliz ao mesmo tempo.
Angeluce – Esteja
feliz, uma das poucas conquistas que nós mulheres negras alcançamos.
Letícia – É verdade
e irei homenagear minha avó, Alma Dana nesse evento fechado. Ela merece ser
venerada por ter sido a baluarte do samba, a raiz da música.
Angeluce – Onde ela
estiver, estará feliz por você.
Letícia – Que ela te
ouça, agora vou preparar a minha voz.
Angeluce – Vai lá
querida.
Letícia canta a música Fascinação enquanto no
quarto, Selma diz sozinha:
Selma – Éramos
felizes e largou a família que sempre sonhamos em constituir. Por causa da sua
infidelidade, a última coisa que eu quero, é olhar para a sua cara. Adeus
Adriano.
Selma rasga
a foto de Adriano, chega a sacada e joga fora. Os pedaços da foto é levada pelo
vento e a câmera foca na Lagoa Rodrigo de Freitas.
CENA 007.
APARTAMENTO CASTILLO. PRÉDIO 07. SALA. INTERIOR. DIA/TARDE
Clair acalma Maria Luísa na sala.
Clair – Você não
pode ter emoções extremas Malu, fique em casa e deixa os negócios comigo e
Omar.
Maria Luísa – Não
consigo ficar parada e ao mesmo tempo sinto falta de ar.
Clair – Então se
cuida, a sua gravidez é de risco e vou aproveitar para comprar Valeriana, você
precisa.
Maria Luísa – Esse
remédio é horrível pra peste, visse?
Clair – Mas é bom
para regularizar a sua pressão.
Maria Luísa – Então me
liga quando tiver resolvido liquidar as dívidas do clube:
Clair – Pode
deixar.
Clair deixa
o apartamento e Maria Luísa sente as contrações:
Maria Luísa – Que dor
filho da puta!
Lorena
escuta Maria Luísa e pergunta:
Lorena – Filha o
que está acontecendo?
Maria Luísa – Estou com
muita dor e senti um liquido escorrendo nas minhas pernas.
Lorena – A bolsa
estourou, vamos para o quarto imediatamente.
Maria Luísa
é levada para o quarto e entra em trabalho de parto. Margarete escuta os gritos
e entra no quarto:
Margarete – Quer uma
ajuda?
Lorena – Água um
pano, água quente e tesoura.
Maria Luísa
tem lembranças do passado durante o parto e faz força. Após a última tentativa,
o bebê nasce e Margarete chega com o pano e água:
Lorena – É uma
linda menina e nasceu tão linda
Maria Luísa
ofegante diz:
Maria Luísa – O nome
dela será Alice.
Maria Luísa
perde sangue após o parto e Lorena se desespera. Margarete pede socorro mas a
dona do clube de música não resiste e morre.
Fim do
capítulo 39
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