CENA 01 - RECANTO / HOTEL / MANHÃ
Os moradores de Recanto que vão passando… notam que algo estranho está acontecendo.
Meratriz - O recado está dado, mocinha esquelética; espero que não vacile com a sua vida, pois ela está em perigo! (observa o ambiente) - Agora vá, porque mais pessoas estão chegando.
A jovem Melissa dá meia volta e caminha na calçada (com medo) olhando para trás, vendo Meratriz de longe dando um tchauzinho com as mãos de garra e logo que vira a esquina, resolve sair correndo desesperadamente.
Alguns minutos depois, Meratriz chega no escritório de Renato com sua pose de mulher poderosa, e pede para secretaria anunciar sua chegada.
O dono do Campo das Uvas está analisando cuidadosamente seus livros de caixas para ver se as contas estão batendo, e quando resolve assinar… é interrompido.
Meratriz (entra no escritório) - Desculpa ir entrando assim do nada, é que a secretaria ligou mas você não atendeu…
Renato - Imagina, entra e sente-se!
Meratriz observa a decoração do escritório enquanto caminha, e resolve sentar na cadeira confortável.
Renato - Aceita alguma bebida? Um café, ou uma água?!
Meratriz - Não precisa, obrigada!
Renato - Como está vendo, estou atolado de livros e papéis; são encomendas de pedidos que não param de chegar.
Meratriz - E por que está preocupado, ao invés de estar comemorando as vendas?
Renato - O problema é que se continuar chegando tantos pedidos assim, não vai dar tempo de comprar os ingredientes que faltam e muito menos produzir.
Meratriz - Bom, com a minha visão de empreendedora… isso está me parecendo que precisa de dinheiro para investir em sua fábrica de vinhos; para poder expandir os negócios.
Renato - Seria uma boa ideia!
Meratriz - Então espero que aceite a minha proposta que tenho à oferecer.
Renato - Do que está falando?
Meratriz - Estou interessada em comprar metade do Campo das Uvas!
Renato (ri discretamente) - O Campo das Uvas não está à venda, sinto muito!
Em tantos olhares desconcertantes, Raul (o prefeito da cidade e sócio da vinícola há muitos anos) entra na sala sem bater na porta.
Raul - Ops, achei que não estava com visita... volto outra hora!
Renato - Pode ficar Raul, só estou terminando de assinar os últimos livros.
Meratriz (levanta) - Bem, creio que a nossa conversa tenha terminado.
Renato - Se for sobre a venda do Campo das Uvas, pode considerar que sim!
Meratriz - Qualquer coisa se mudar de ideia, é só me ligar! (deixa um cartão sobre a mesa e sai da sala dando sorrisos)
Raul - É isso mesmo que ouvi, ela queria comprar o Campo das Uvas?!
Do lado de fora, Meratriz anda de um lado para o outro, pensando em algo que poderia fazer para Renato ficar desesperado.
Meratriz - O que faria Renato vender o Campo das Uvas? Pensa Meratriz, você é esperta que eu sei! (expressa ter tido uma ideia) - É claro, o banqueiro!
Chegando no Banco da cidade, Meratriz consegue falar diretamente com o presidente responsável das contas financeira; um homem quase na terceira idade, cabelos grisalhos, com mente de jovem e atitudes ambiciosas.
Otávio - Como posso te ajudar?
Meratriz - Andei fazendo algumas análises sobre sua pessoa e sei o quanto é ambicioso com dinheiro. Portanto, estou aqui para te pedir um favor!
Otávio - Continue…
Meratriz - Estou prestes a comprar o Campo das Uvas, mas antes preciso colocar Renato numa situação de risco, onde a minha confiança seria a sua melhor amiga!
Otavio - Desculpa afogar suas ideias, mas sua tentativa de comprar o Campo das Uvas para querer investir é um fiasco, pois se depender de Renato Vallere jamais terá um grão daquelas terras.
Meratriz - Não se trata de investimento e sim, de Goals!
Otávio - O quê?
Meratriz - Uma obsessão! Nenhuma pessoa consegue segurar um patrimônio por muito tempo, é necessário colocar descendentes para continuar prosperando. Então antes que as minhas ideias afoguem, preciso que acesse a conta bancária de Renato, e tire todo o dinheiro que há nela, não deixando nenhum centavo.
Otávio - A senhora vai me desculpar, mas isso é crime e não posso concordar com algo tão supérfluo.
Meratriz (ri) - Está me dizendo que a sua necessidade se encontra completa? Me poupe! Sei muito bem, do seu mau-caráter!
Otávio - Pode falar o quanto quiser de mim, mas não vou fazer parte dessa sujeirada!
Meratriz - Está aí uma coisa que nunca tinha visto, um corrupto sendo justo; porque além de perder parte de uma boa quantia em dinheiro, ainda vai perder parte do ouro.
Otávio - Ouro? Do que está falando? (expressa interesse)
Meratriz - Digamos que eu sei onde está escondido um grande tesouro aqui em Recanto, com o valor multiplicado mais de dez vezes do que possui aqui neste banco.
Otávio - Eu nem sabia que Recanto possuía ouro escondido! Por acaso a senhora está blefando? Por que se estiver…
Meratriz - Calma, eu te garanto que se me ajudar… vai sentir o peso do ouro em suas mãos!
Otávio - Está bem! Posso até te ajudar, mas não roubando, pois seria um tiro em nosso próprio pé, concorda?
Meratriz - E como pretende me ajudar?
Otávio - O mínimo que posso fazer é congelar todas as contas do banco por um tempo indeterminado, onde nenhum cidadão de Recanto conseguirá ter acesso ao seu dinheiro.
Meratriz - E onde Renato entra nisso tudo?
Otávio - Isso é com você, a minha parte já estou fazendo. (se aproxima) - Disposta a continuar?
A mulher das garras respira fundo e aceita continuar o plano.
CENA 02 - CASA DE VIDRO / RECANTO / MANHÃ
Os alunos dançam no ritmo do instrumental que será usado na peça Voando Nas Estrelas e se deparam com Melissa chegando quase toda soada.
Clowis - Parece que a Catarina está construindo escolas; quem vai ser o próximo aluno a chegar atrasado?
Melissa - Desculpa, é que tive um problema na rua com alguém e acabei me atrasando.
Catarina - Seja bem-vinda ao time Melissa, somos as únicas!
Melissa - Qual time? (expressa deboche no olhar) - Não faço parte do seu mundinho de fracassada para estar em seu time!
Kimberly - A ralé nunca aprende! Vem aqui amiga, fica no meu time de vencedoras!
Clowis - Vamos parar com esses insultos!
James - É sempre assim professor, elas ofende Catarina sem motivos.
Catarina - Está tudo bem James, não precisa ficar me defendendo.
Clowis - Se eu ficar sabendo mais uma vez que estão nesse arranca rabo aqui nas minhas aulas, vou ser obrigado a tirar vocês da peça Voando Nas Estrelas!
Os alunos permanecem mudos, e voltam a dançar sem questionar.
Kimberly (sussurra) - Fala a verdade, o que aconteceu que chegou atrasada?
Melissa - A verdade é que achei a chave que abre a porta do espelho; pode acreditar!
Kimberly (expressa espanto) - Como assim?
Melissa - Acabei esbarrando com a dona da chave por ironia do destino; e mesmo depois da tamanha surpresa, ela ainda me ameaçou de morte.
Kimberly - Que horror amiga! (disfarça enquanto dança) - Essa mulher precisa ser denunciada.
Melissa - Talvez depois! Mas antes, preciso pegar aquela chave, custe o que custar! (olha para o espelho)
CENA 03 - MANSÃO VALLERE / VILA RECANTO / TARDE
No quarto, Vera termina de guardar uma foto misteriosa dentro de um baú e fica desesperada quando alguém bate na porta, mexendo na maçaneta querendo entrar.
Henrique - Amor, está tudo bem?
Vera - Está sim, só estou terminando de me trocar! (expressa desespero)
A viúva de Recanto guarda o baú num buraco na parede e pendura o quadro para tampar seu esconderijo secreto.
Vera (destranca a porta) - Pronto!
Henrique (entra) - Vai sair?
Vera - Sim, estou indo visitar o túmulo da nossa filha; vamos?
Henrique - Pode ir sozinha, estou muito cansado! (deita na cama)
Vera - Só espero que esteja cansado de tanto ensaiar os discursos para presidência.
Henrique - De novo esse assunto?!
Vera - Claro, não podemos deixar aquela víbora da Judith no poder as custas do Raul, a cidade de Recanto precisa se libertar daquela caçadora de dotes.
Henrique - Pensando por esse lado, me faz concordar contigo!
Vera - Bem, vou indo… beijos! (encosta a porta)
Chegando na sala, Vera recebe uma mensagem em seu celular e responde que está a caminho.
Na estrada dirigindo, Vera olha para os retrovisores pra saber se está sendo seguida e passa com tudo pela placa "Você está saindo de Recanto".
CENA 04 - VILA RECANTO / HOTEL / TARDE
A mulher das garras entra furiosa batendo a porta, deixando seu criado assustado.
Meratriz - Preciso que faça uma ligação, usando um misturador de voz, igual fazia nos acordos dos garimpos.
Após passar alguns minutos explicando o plano, Adolfo pega o telefone e faz a ligação.
Renato - Alô?
Adolfo - Sr Renato Vallere?!
Renato - Ele mesmo, quem fala?
Adolfo - Um Sommeliers, no qual apreciou seus vinhos e adorou todos eles, principalmente o cortes da casa.
Renato - Fico feliz por ter gostado dos meus vinhos; folgo em saber que minha paixão está chegando em todos os cantos do país.
Adolfo - Agora do mundo! Estou te ligando para fazer uma encomenda especial que vai mudar sua vida. Fui destinado a preparar o menu de bebidas num evento da alta sociedade em Paris e claro, quero seus vinhos.
Renato - Isso é sério?
Adolfo - Sim! Vou te passar por e-mail a quantia exata de bebidas que preciso, e espero receber tudo dentro dos conformes.
Renato - Quanto a isso, pode ficar despreocupado! Eu mesmo, irei cuidar de tudo para que saia como está me pedindo.
Adolfo - Obrigado! Estarei te retornando assim que o pessoal do evento entrar em contato comigo! (ajeita o óculos) - Foi um prazer fazer negócios!
Renato - O prazer foi todo meu!
Adolfo - Ah Renato, só mais um coisa! Estarei antecipando o valor dos vinhos para que futuramente não haja nenhum problema.
Renato - Por mim, tudo bem!
Adolfo - Abraços! (desliga) - Está feito, do jeito que você me pediu!
Meratriz - Maravilha! Agora preste atenção no show que está para acontecer, assista de camarote!
CENA 05 - CATEDRAL APARECIDA DO NORTE / BRASIL / NOITE
A noite está vigorosa e mais sombria com a chegada da lua cheia.
Minerva - É hoje que eu deixo de ser a sua prisioneira! (ri discretamente) - Se está pensando que vai levar a minha alma para o inferno, está muito enganado.
Um vento forte surge derrubando itens do ritual e apagando as chamas de algumas velas.
Minerva - Calma, estarei te oferecendo outra alma… (olha para os lados) - Inclusive, estou descendo para buscá-la.
No calabouço, o príncipe William ajuda sua amada Andressa a se recuperar do longo sono que teve por causa da substância injetada em seu corpo.
Andressa - O que aconteceu? (põem a mão na cabeça expressando dor) - Parece que dormi por anos…
William - O que te deram foi muito forte, mas agora estou aqui com você, do seu lado, para não deixar nenhum mal te acontecer.
A gêmea abraça William, depositando toda sua confiança e carinho.
A porta do calabouço começa a ser destrancada e imediatamente os dois se levantam.
O príncipe fica posicionado com sua arma enquanto Andressa mexe nas caixas de remédios.
Assim que a porta é aberta, uma freira entra com as mãos pra cima e pede para o casal fugir o mais rápido possível.
Andressa - E você?
Luana - Não se preocupem comigo, dou o meu jeito! Agora vão, antes que ela (…) apareça!
Andressa (abraça Luana) - Eu sei o quanto está sofrendo por ter sido enganada todo esse tempo, achando estar crendo numa religião cheia de luz; Mas eu volto, pra tirar todo mal impregnado neste lugar, te garanto!
No quarto mais alto da Catedral, Minerva fica desesperada ao ver que a chave do calabouço sumiu do seu porta jóias.
Descendo a escada as pressas, ela chega no calabouço e encontra a porta aberta.
Ao entrar, Minerva não encontra ninguém e sem demora, corre até a saída do prédio, conseguindo ver Andressa e William fugindo no cavalo branco.
Uma carruagem preta luxuosa (puxada por quatro cavalos), para bem na frente…
Luana - Vai ficar olhando eles fugirem? Entra logo nessa carruagem antes que seja tarde demais!
(Congela em Minerva)
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