Novela de Brunoh Franco
Primeira Fase
CENA 01 / ÁREA PRIVADA DA MANSÃO/ FUNDOS/ EXTERIOR/NOITE
Trilha: Instrumental Suspense Frio
AURÉLIO — Não de ouvidos à ela, Wellington.
WELLINGTON — Do que está falando?
DÉBORA — Estou falando do meu marido! O homem que você mandou matar.
WELLINGTON — (desentendido) Quem é seu marido?
DÉBORA — Carlos Dias. O homem que estava te chantageando.
WELLINGTON — (surpreso) Carlos está morto?
Aurélio abaixa a cabeça.
DÉBORA — Não se faça de sonso, Wellington! Antes de morrer, o Carlos me contou tudo sobre você.
Wellington olha para Aurélio. Ele está irritado.
AURÉLIO — Eu ia te contar.
WELLINGTON — Você passou por cima das minhas ordens, seu infeliz! Eu deveria matar você!
AURÉLIO — Era ele ou seu império cair!
WELLINGTON — Eu te avisei que teria uma reunião com o Carlos assim que tudo voltasse ao normal, no dia cinco!
DÉBORA — Por quê? Você iria matá-lo com suas próprias mãos?
WELLINGTON — Olha, moça. Eu não tinha a intenção de matar seu marido. Pelo contrário, eu o achei muito esperto, Moraes Logistics precisava de alguém como ele. Eu iria oferecer à ele um cargo alto. Eu verdadeiramente não sabia de sua morte.
AURÉLIO — Só te resta matá-la também.
WELLINGTON — Cale a boca! Cale a porcaria da sua boca! (Virar-se para Débora) Olha, como posso ajudá-la? Quanto você quer?
DÉBORA — O quê? Está louco? Dinheiro não vai suprir a dor da minha perca! Seu dinheiro sujo não vai trazer de volta meu noivo! Você tem noção de como minha filha vai viver? Sem pai, sem afeto masculino. Ah, claro que não, você não sabe disso. Até porque, seu filho vai ser mimado, vai ter tudo, porque o pai dele está vivo!
WELLINGTON — (triste) Na verdade, não. Meu filho não vai ter tudo isso, porque não posso ter filho.
Trilha: Instrumental Tristeza
WELLINGTON — (triste) Moça, vá para sua casa. Vá sofrer seu luto. Eu tive um dia terrível, eu não sabia que seu marido tinha morrido.
DÉBORA — Eu vou, mas eu volto.
Débora sai andando.
AURÉLIO — Como assim? Está louco?! Vai liberar essa mulher?
WELLINGTON — (decepcionado) Aurélio, não dirija a palavra a mim, por favor.
Wellington volta para a mansão. Escondida, Débora vê toda a cena e vê Wellington voltar decepcionado.
CENA 02 / COMUNIDADE SÃO REMO/ BAR DE LULAICA/ INTERIOR/NOITE
O bar está fechado. Débora e Lulaica estão sentadas sobre a mesa de plastico, com um litrão de cerveja e uma garrafa de refrigerante.
DÉBORA — Você precisava ter visto, Lulaica. A expressão de triste e decepcionado daquele homem.
LULAICA — Você tem um coração muito mole, Débora! O homem mandou matar seu noivo!
DÉBORA — Ele disse que não sabia. Ele não tem cara de quem mata alguém.
LULAICA — Ele é chefe do maior esquema de lavagem de dinheiro da São Remo! Você acha que ele não iria matar alguém? O homem é conhecido mundialmente, se a casa dele cair, é o fim de tudo para ele! Você não pode deixar isso barato.
DÉBORA — E eu vou fazer o quê?
LULAICA — Denunciar na polícia. Olha, amanhã cedo nós vamos na delegacia e vamos denunciar, ouviu bem?
CENA 03 • MANSÃO DE WELLINGTON • EXTERIOR • NOITE
Trilha: Rap do Silva - MC Bob Rum
Matheus está completamente bêbado, sem camisa, dançando a música e rodando a camiseta pro alto. Há várias pessoas ao redor dele dançando também. Ele joga Champanhe para o alto.
MATHEUS — Vem curtir, Mozão!
Gritou, jogando Champanhe para o alto. Zara olha de lado, completamente estressada. Luciana acompanha tudo ao lado de Matheus, ambos sentados sobre a mesa do jantar.
LUCIANA — Que vexame. Todos seus amigos de trabalho estão vendo e ouvindo isso.
WELLINGTON —Eu vou acabar com isso.
Wellington e levanta e caminha até a pista de dança. Luciana vai atrás. Bionda está adorando ver tudo isso. Wellington segura Matheus pelo braço e lhe tira da pista.
MATHEUS — (completamente bêbado) Ah, para... Qual foi?
WELLINGTON — Eu não ligo que você coloque suas músicas. Mas não vou tolerar que você se comporte dessa maneira.
MATHEUS — Vai me bater? Bem curtir. (Aproximando a garrafa sobre a boca de Wellington)
LUCIANA — Chega, Matheus! Você está fazendo o Wellington passar vergonha!
MATHEUS — Cunhadinha! Vem cá, vem. (Abraçando Luciana)
LUCIANA — Sai! Você está todo molhado de Champanhe. Você me sujou! Olha meu vestido.
MATHEUS — Esse é o problema? Não seja por isso. (Segura Luciana pelas mãos) E lá vamos nós!
Matheus pula na piscina e leva Luciana junto. A música fica mais Alta, todos vão para a beira da piscina e comeram. Wellington segura a risada, mas está indignado. Bionda ri de tudo. Luciana fica irritada.
LUCIANA — Desgraçado! Que ódio!
Todos pulam na piscina.
A CAM: sobe, mostrando a mansão e toda a cidade com a praia no horizonte.
CENA 04/MANSÃO DE WELLINGTON/ QUARTO DE WELLINGTON/ INTERIOR/ DIA
O sol bate forte pela porta de vidro da sacada. Luciana acorda e vê que Wellington não está ao seu lado. Ela se levanta.
CENA 05/ MANSÃO DE WELLINGTON/ MESA DO CAFÉ DA MANHÃ/INTERIOR/DIA
Luciana desce as escadas. Matheus está sobre a mesa, com a cabeça debruçada sobre ela. Luciana se aproxima e lhe dá um tapa.
LUCIANA — Que vexame, hein!
MATHEUS — (despertando) Ah, para!
LUCIANA — Tem alguém em casa?
MATHEUS — Não, Luciana. Você pode brigar comigo a vontade.
LUCIANA — Não da pra tolerar você assim, Matheus. Está agindo como um adolescente! Esqueceu que nós temos um foco?!
MATHEUS — Você tem um foco! Eu já tenho a minha parte da empresa e da herança do meu pai.
LUCIANA — O que foi? Vai dar a maior parte de bandeja pro seu irmão adotivo mesmo? Para de ser besta!
MATHEUS — Eu andei pensando, Luciana. Se o seu filho herdar a fortuna do Wellington, eu vou continuar com a menor parte, seu filho vai continuar com a parte maior.
LUCIANA — Está louco?! Você eu somos um só! Quando tudo isso acabar, você larga a Zara e nós vamos ser felizes com o dinheiro do Wellington.
MATHEUS — E quem me garante que você não vai dar um golpe em mim também?
LUCIANA — Porque nós saímos daquele abrigo, nós vivemos muitas coisas lá. Eu te amo, Matheus.
MATHEUS — Eu também te amo.
Escutam o barulho da porta abrir. Wellington surge.
WELLINGTON — Olha só. Todo mundo acordado!
LUCIANA — O que aconteceu, querido? Você saiu cedo.
WELLINGTON — Fui resolver algumas coisas.
Enzo surge pela porta de entrada.
LUCIANA — Que palhaçada é essa? Seus funcionários ficam entrando na sua casa assim?
MATHEUS — Funcionário? (Ri ironicamente) Ele é capanga do Wellington.
WELLINGTON — Matheus, por favor! Eu não sou nenhum bandido pra ter capanga.
MATHEUS — Claro. O chefe do esquema de lavagem de dinheiro.
ENZO — Senhor, podemos conversar a sós?
WELLINGTON — Me espere no meu escritório.
Enzo sai.
LUCIANA — O que está acontecendo, querido? É coisa errada, não é?
MATHEUS — Claro que é. Olha como ele está tenso. Solta a voz, irmãozinho, qual é a nova?
WELLINGTON — Eu prefiro que vocês não saibam sobre isso.
MATHEUS — Como não? Também sou chefe nesse lugar, quero saber o que está pegando.
WELLINGTON — Ah... Agora você se interessa pelos negócios da Moraes Logistics? Se preocupa em curar sua ressaca e limpar seu nome na mídia.
Wellington se levanta e sai dando risada.
MATHEUS — O que, do que ele está falando?
Luciana começa a rir. Matheus pega o jornal e vê sua matéria.
LUCIANA — Milionário, Funkeiro e Striper. Conheça Matheus Mendonça de Moraes. (Começa a rir) Essa é sua biografia?
MATHEUS — DROGA!
CENA 06/ MANSÃO DE WELLINGTON/ ESCRITÓRIO/INTERIOR/DIA
Instrumental: Suspense Dramático
WELLINGTON — E aí, conseguiu?
ENZO — Está aí, o que me pediu. (entrega um papel para Wellington) O endereço da moça.
WELLINGTON — Obrigado, Enzo.
ENZO — Sabe que só cumpri ordens, não é? Eu pensei que tinha seu alvará.
WELLINGTON — Eu sei, Enzo... Eu sei. Fique tranquilo.
Enzo caminha até a porta. Ele para e olha para trás.
ENZO — Senhor...
WELLINGTON — Sim.
ENZO — O que vai fazer com o Aurélio?
WELLINGTON — Fique tranquilo, Enzo. Ele vai ter o fim que merece. Vá em paz.
Enzo sai. Wellington olha para o papel.
CENA 07/ COMUNIDADE SÃO REMO/ CASA DE DÉBORA/INTERIOR/DIA
Débora está lavando louça. Selma entra.
SELMA — Não precisa lavar louça.
DÉBORA — Preciso me distrair, mãe.
SELMA — O grandão te ofereceu quanto?
DÉBORA — Não quero falar sobre isso.
SELMA — Foi muito dinheiro, não é? Você deveria ter aceitado. Já que seu noivo não conseguiu arrancar dinheiro do Wellington, pelo menos você tentasse.
DÉBORA — Respeita meu luto, mãe!
SELMA — Estou respeitando, querida. Mas eu só acho que você deveria ter pedido dinheiro. Olha só, enquanto você tá de luto, a geladeira está vazia. A gente só tinha ele, você sabe disso. Agora que ele morreu, nós vamos sobreviver da minha aposentadoria.
DÉBORA — (chorando) Chega, mãe! Será que a senhora só sabe pensar em dinheiro?!
SELMA — O dinheiro move o mundo, filha! Você é muito bobinha.
Batem na porta.
DÉBORA — (enxugando as lágrimas) Deixa que eu abro.
Débora caminha até a porta e abre. Ela se depara com Wellington parado em sua frente. Ela o encara.
Congela em Wellington com expressão séria
FIM DO CAPÍTULO
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