SEGREDOS FATAIS - CAPÍTULO 007
Novela de Brunoh Franco
Primeira Fase
CENA 01/MORAES LOGISTICS/ESCRITÓRIO DE WELLINGTON/INTERIOR/DIA
Trilha: Instrumental Suspense Dramático
AURÉLIO — Como é? Está me dispensando? Depois de anos de fidelidade!
WELLINGTON — Perdemos essa fidelidade quando você passou por cima de mim no assunto do Carlos.
AURÉLIO — Foi o melhor a ser feito! Foi o melhor. Foi o melhor para você, o melhor para essa empresa.
WELLINGTON — (grita) CHEGA! Eu decido o que é melhor para mim e para a MINHA EMPRESA! Minha!
Aurélio fica surpreso.
AURÉLIO — E os meus direitos? Tenho anos de empresa, desde a minha adolescência.
WELLINGTON — Fique tranquilo, o RH vai lhe pagar tudo certinho.
AURÉLIO — RH? Pare de me tratar como se eu fosse um simples funcionário! Eu fui seu aliado durante todos esses anos, fizemos coisas juntos, essa empresa teve participação minha. Não posso sair daqui resolvendo as coisas com o RH, como se eu fosse um operário simples.
WELLINGTON — E você quer o que, Aurélio? Quer que eu faça uma festa para te darem adeus? Quer que a empresa fique de luto por você? Eu não quero saber se você tinha ou tem algum sentimento por essa empresa, sua carteira está assinada como funcionário, e é assim que você vai sair daqui.
AURÉLIO — E tudo o que eu sei?
WELLINGTON — Eu espero não ter que me preocupar com isso. Claro, se não quiser encontrar o Carlos onde ele estiver.
AURÉLIO — Está me ameaçando?
WELLINGTON — Não. Eu não sou de fazer ameaças, mas não quero chegar a este ponto. Seu ciclo nessa empresa encerra hoje, e eu não quero ver sua cara nunca mais! Aproveite que você é vice-prefeito da cidade, e vá cuidar dos seus negócios. Nós não temos nenhum vínculo.
AURÉLIO — Pois fique você sabendo que eu vou voltar, pela porta da frente.
WELLINGTON — Disponha!
AURÉLIO — Sabe por que você está doente? Porque você é ruim, igual seu pai. Você paga de bonzinho, conselheiro, de bom marido, mas na verdade você é ruim, você é igualzinho a mim. Essa doença é fruto da pessoa que você é.
WELLINGTON — Pois então se prepare, sua doença será pior ainda.
Aurélio encara Wellington e sai da sala. Luciana entra.
LUCIANA — O que deu nele?
WELLINGTON — Foi demitido.
LUCIANA — Por quê? O que houve?
WELLINGTON — Coisas da empresa.
LUCIANA — Eu não posso saber?
WELLINGTON — Eu prefiro que você não se envolva nisso. Enfim, o que te trouxe aqui?
LUCIANA — Falei com minha amiga. Ela topou, mas pediu para eu ficar com ela durante a gestação.
WELLINGTON — Não seja por isso, traga sua amiga para ficar lá em casa.
LUCIANA — Dei essa ideia, mas ela prefere que eu fique lá.
WELLINGTON — Nove meses?
LUCIANA — Sim, mas quando o bebê nascer, eu volto com ele em mãos.
WELLINGTON — Você vai se sentir bem?
LUCIANA — É pelo nosso filho, amor.
WELLINGTON — Certo. Então eu já vou pedir para transferirem uma quantia em sua conta, não quero que vá sem dinheiro. Eu não demoro.
Wellington sai da sala. Luciana olha para a barriga.
LUCIANA — É o tempo suficiente para você nascer e ele pensar que você é adotado.
CENA 02/CASA DE LULAICA/QUARTO/INTERIOR/DIA
Instrumental Tristeza Profunda
Letreiro: Dias depois...
A CAM. mostra o Bar de Lulaica fechado. Corta para ela deitada em sua cama, com as janelas fechadas e embaixo das cobertas. Débora entra.
DÉBORA — Ô, amiga. Eu não consigo te ver assim.
Lulaica não responde, ela está chorando. Débora senta na ponta da cama, na frente de Lulaica.
DÉBORA — Faz dias que você está assim, nessa cama.
LULAICA — (chorando) Eu fui uma péssima mãe. Eu fui uma mãe irresponsável.
DÉBORA — Não! Você é uma mãe incrível. A gente não entende os planos de Deus, mas ele sabe o que faz, tudo tem um propósito.
LULAICA — (chorando, irada) Os planos de Deus tinham que incluir meu filho? Ele tinha que morrer? Por que não me levou? Por que ele levou o meu filho? Por quê? Ele sonhava em ser jogador de futebol. (Chora bastante) Era o sonho dele.
DÉBORA — Eu sei, amiga.
Débora apenas abraça Lulaica. As duas choram bastante.
/Corta
Lulaica está dormindo. Débora olha para a janela, já está tarde. Edinei entra.
EDINEI — Obrigado por ficar com ela, Débora.
DÉBORA — Posso conversar com você lá fora?
Os dois saem. Param no corredor da casa um de frente para o outro.
EDINEI — Aconteceu alguma coisa?
DÉBORA — São quase meia-noite. Você sai do trabalho dez horas. Olha, Edinei, eu não sei o que está fazendo ou planejando, mas a Lulaica não vai suportar mais uma decepção, ela nunca ficou assim. Sempre foi forte e empoderada. Eu preciso que cuide dela.
Edinei fica em silêncio.
DÉBORA — Sabe do que estou falando, e isso vai acabar com a Lulaica. Eu não sei se ela aguentaria.
Débora sai. Edinei abre a porta do quarto e vê Lulaica dormir. Ele abaixa a cabeça, respira fundo e solta o ar.
CENA 03/CENAS
Trilha: Maroon 5 - She Will Be Loved
Mostra imagens do mar e do píer ao por do Sol. CAM. passa por Lulaica deitada, Edinei chegando tarde, Lulaica olhando o relógio marcando quase meia-noite. Wellington procurando Débora por dias seguidos, cada dia pela manhã estava uma sacola com mantimentos e um buquê de flores. Corta para algum dia em que brigaram na porta de sua casa. Mostra Luciana em um apartamento em São Paulo, a sua barriga já está grande. Mostra Matheus e Zara um pouco mais próximos. Corta para Débora deitada, pensando em Wellington.
Dias depois...
Débora se levanta.
Corta/
Wellington está sentado no sofá, lendo um jornal. Um segurança se aproxima.
SEGURANÇA — Senhor, tem uma moça querendo falar contigo.
WELLINGTON — Comigo? Mande entrar.
O segurança sai. Débora entra.
WELLINGTON — Débora?
DÉBORA — Eu não paro de pensar em você.
Wellington sorri.
WELLINGTON — Eu também não paro de pensar em você.
Os dois sorri um para o outro.
DÉBORA — Aí! Ah, meu Deus!
WELLINGTON — O que houve?
DÉBORA — A Baah, ela vai nascer! Minha filha vai nascer.
WELLINGTON — (contente) Vamos para o hospital!
Wellington pega Débora no colo e os dois saem.
CENA 04/MANSÃO DE WELLINGTON/QUARTO DE MATHEUS/INTERIOR/DIA
fim da trilha
Zara vê Wellington sair com Débora no colo, ela está na janela do quarto, Matheus está deitado.
MATHEUS — O que está vendo?
ZARA — Nada. Só olhando o jardim.
MATHEUS — Você ficou em silêncio o dia todo.
ZARA — Tem algo que eu preciso lhe contar.
MATHEUS — Diga.
ZARA — Estou grávida.
CENA 05/PREFEITURA DE SÃO REMO/GABINETE DE RAUL/INTERIOR/DIA
Raul está sentado sobre a mesa. Bionda entra.
BIONDA — Você tem dado mais atenção para o Gabinete do que para nossa filha. Ela é recém nascida, você está ficando ausente.
RAUL — Estou trabalhando dia e noite para o melhor da cidade.
BIONDA — Pare com essa honestidade toda, prefeitos não trabalham.
Aurélio entra.
RAUL — Aurélio, finalmente você deu as caras!
BIONDA — Nunca vi um vice-prefeito ficar enfiado dentro de uma empresa de logística e não fazer nada pela prefeitura.
AURÉLIO — Fui demitido oficialmente.
RAUL — Por quê? É escândalo? Se for, não podemos deixar vazar.
AURÉLIO — Não. Eu só não consigo ser vice-prefeito e operador de logística ao mesmo tempo.
BIONDA — Amor, por que não deixa o Aurélio trabalhar e fique uns dias em casa.
RAUL — Aurélio, termina de resolver isso aqui, eu vou conversar com a Bionda lá fora.
Raul e Bionda saem. Aurélio senta sobre a mesa.
AURÉLIO — É aqui que eu vou dar o golpe nesse imbecil. Eu vou pegar seu lugar, Raul.
CENA 06/HOSPITAL/SALA DE PARTO/INTERIOR/NOITE
Wellington acompanha tudo segurando a mão de Débora, ela faz força e é possível ouvir o choro da bebê. Wellington pega a bebê no colo e leva até Débora.
WELLINGTON — (emocionado) É um menina linda.
DÉBORA — (chorando) Minha filha. Minha filha é linda.
/Corta
Débora está deitada na cama vendo televisão. Wellington está largado na poltrona dormindo. Lulaica entra.
DÉBORA — Amiga! Como é bom te ver em pé!
LULAICA — Eu não poderia deixar de ver sua filha.
DÉBORA — Não precisa fazer isso se não se sentir a vontade.
LULAICA — Acho que estou preparada. Preciso disso.
Wellington se levanta e coloca a mão no ombro de Lulaica.
WELLINGTON — Eu acompanho você.
CENA 07/ BERÇÁRIO DO HOSPITAL/INTERIOR/NOITE
Trilha: Instrumental Violino Triste
Lulaica vê através do vidro. Wellington está ao seu lado. Ela começa a chorar.
LULAICA — (chorando) Lembro quando meu pequeno Esdras nasceu. Ele ficou assim. Era tão lindo e pequeno. Eu me arrependo tanto de não ter sido mais para ele.
WELLINGTON — Tenho certeza que você foi uma mãe incrível para seu filho, Lulaica.
LULAICA — Eu acho que não. Acho que o Esdras merecia mais atenção, mais amor. Eu só pensava naquele bar, e nunca me preocupei com meu filho.
WELLINGTON — A vida nos proporciona situações ruins, para que vivemos o melhor no futuro. Mas me diga, e você? O que quer com a Débora?
WELLINGTON — Ainda não sei. Eu gosto da Débora, gosto da forma que me esnoba, mas não posso fazer mal à Luciana. Ela foi cuidar de uma amiga grávida, o bebê ficará conosco. Tenho um filho agora.
LULAICA — Seja honesto com a Débora, só isso que te peço.
CENA 08/QUARTO DE DÉBORA/HOSPITAL/INTERIOR/NOITE
Wellington entra no quarto.
DÉBORA — Ela já foi?
WELLINGTON — Sim. Débora, nós precisamos conversar.
DÉBORA — Pode falar.
WELLINGTON — Sabe que não podemos ficar juntos, não é?
DÉBORA — Não sei o que pensar sobre isso.
WELLINGTON — Meu filho está vindo, não posso jogar tudo fora. Mas não quero abandonar você.
DÉBORA — Quero que seja feliz e siga sua vida, Wellington.
WELLINGTON — Quero registrar a Barbara e quero colocá-la no meu testamento.
DÉBORA — Registrar? Como assim?
WELLINGTON — Estou doente, Débora e piorando cada dia mais. Quero que sua filha seja minha herdeira junto com meu filho Rafael.
Débora fica sem resposta.
Congela em Débora
FIM DO CAPÍTULO
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