SEGREDOS FATAIS - CAPÍTULO 002
Novela de Brunoh Franco
Primeira Fase
Cena 01/Praia/Exterior/Dia
Trilha: Instrumental Sofrimento
Débora sai correndo de dentro d'água e corre até o corpo de Carlos. Ela está chorando desesperadamente e uma angústia tomou conta de seu peito.
DÉBORA — Amor, querido. Fale comigo! Fale comigo!
CARLOS — (morrendo) Foi ele... Foi ele.
DÉBORA — (chorando) Ele quem? O Wellington?
CARLOS — (concorda com a cabeça) Me desculpe, meu amor, mas eu não vou poder te dar o mundo que eu prometi.
DÉBORA — (chorando) Não diga isso! Já chamaram a ambulância, vai ficar tudo bem.
Débora coloca a camiseta de Carlos em cima das feridas, na tentativa de estancar o sangue.
DÉBORA — (chorando) Não me deixe, meu amor. Por favor, não me deixe.
CARLOS — (morrendo) Nós vamos nos reencontrar... Em outra vida...
Carlos morre nos braços de Débora. Ela chora desesperadamente, abraçando o corpo, manchando seu vestido branco com o sangue de Carlos.
Cena 02/Moraes Logistics/Interior/Dia
Trilha: Audioslave - Like A Stone
Imagens aéreas do galpão da Moraes Logistics. A CAM. passeia pelos corredores vazios. Wellington caminha lentamente pelos corredores onde estão armazenados os produtos. O ambiente está completamente vazio, silencioso e com pouca luz. Ele observa cada detalhe da empresa e está bastante angustiado.
Ele caminha até o saguão, Aurélio entra pela porta de entrada.
AURÉLIO — Que susto, Wellington!
WELLINGTON — Aurélio, o que está fazendo aqui?
AURÉLIO — A empresa não trabalha hoje, mas eu trabalho. Tenho coisas para resolver.
WELLINGTON — (desanimado) Tanto faz.
AURÉLIO — Está tudo bem? Você está abatido.
WELLINGTON — Eu estou doente, Aurélio. Muito doente. Talvez eu não vá sobreviver por muito tempo.
AURÉLIO — O quê?
Cena 03/Mansão de Wellington/Quarto de Matheus/Interior/Dia
MATHEUS — Grávida? Como assim?
LUCIANA — Nós vamos ter um filho, querido.
MATHEUS — Nós? Ah, meu Deus! Não pode ser. O que vamos dizer para o Wellington?
LUCIANA — Que ele é o pai.
MATHEUS — Esqueceu que seu marido não pode ter filho?
LUCIANA — Droga! Droga! Que merda. Eu me esqueci.
MATHEUS — Aborta!
LUCIANA — Está louco? Claro que não!
MATHEUS — É o melhor a ser feito! Aborta essa criança.
LUCIANA — Não entende? Esse bebê é a chave para abrir o baú. O único herdeiro do Wellington.
MATHEUS — O Wellington nunca vai reconhecer essa criança como filha! Ele sabe que não pode ter filho.
LUCIANA — Eu tive uma ideia. Vou contar à ele sobre a ideia que estou de adotar. Vou dizer que vamos adotar. Eu só preciso esconder a gravidez.
MATHEUS — Fala que sua amiga da Capital está grávida, e que vai adotar o filho dela. É o tempo que você fica fora, dizendo que está acompanhando a gravidez da amiga.
LUCIANA — Boa. O Wellington iria fazer de tudo. O sonho dele é ter um herdeiro.
MATHEUS — E depois?
LUCIANA — A gente mata ele. O bebê vai ser o único filho, você é o único irmão. De um jeito ou de outro, a fortuna ficará para nós.
MATHEUS — Nós temos nove meses para botar o plano de matar o Wellington em ação. Nove meses!
Cena 04 / Moraes Logistics/ Saguão/ Interior/Dia
Trilha: Instrumental Suspense Dramático
AMBIENTE DE POUCA LUZ.
AURÉLIO — Isso é impossível. Você está ótimo, olhe para você.
WELLINGTON — (Triste) Era o que eu pensava, meu amigo.
AURÉLIO — Há alguma solução. Tem que ter tratamento.
WELLINGTON — (Triste) Têm... Mas já está avançado, não sei quanto tempo vou aguentar.
AURÉLIO — O que você está sentindo?
WELLINGTON — As mesmas náuseas de sempre.
AURÉLIO — E a Luciana? O que vai dizer à ela?
WELLINGTON — Eu preciso agir normalmente. Eles organizaram uma festa, se eu desmarcar, todos vão querer saber o motivo.
AURÉLIO — Fique tranquilo, ninguém saberá de nada.
WELLINGTON — Obrigado, meu amigo. Muito obrigado.
Wellington caminha de volta para sua sala. Aurélio fica sem reação, olhando o amigo caminhar.
Cenas aleatórias da praia de São Remo... Horas se passam.
CENA 05/ FUNERAL/ INTERIOR/ DIA
Trilha: Instrumental Tristeza
Débora está encostada no caixão. Ele está fechado, mas é possível ver o rosto de Carlos. Uma lágrima pinga do caixão.
DÉBORA — (Chorando calmamente) Eu vou te amar todos os dias, meu amor. Eu vou sofrer todos os dias a sua morte.
Lulaica entra com seu filho Esdras e seu marido Edinei. Lulaica abraça Débora.
LULAICA — (chorando) Como isso foi acontecer?
DÉBORA — (Chorando) Foi tudo muito rápido, amiga. Nós estávamos na areia e ele se aproximou, com a arma.
LULAICA — Ele? Você viu quem o matou?
DÉBORA — (Chorando) Lembra da história que te contei sobre o Carlos estar chantageando o dono da Moraes Logistics? Então, foi ele. Ele mandou matar meu noivo! Foi ele!
Débora abraça Lulaica, as duas começam a chorar.
LULAICA — Eu não sei como é a dor de perder alguém, mas eu peço que você seja forte. Por você e pela Barbara, essa criança linda que você está esperando. Seja forte, amiga. Saiba que eu sempre estarei aqui por você.
DÉBORA — Obrigada, amiga. Eu não sei o que seria de mim sem você.
As duas se abraçam e choram.
CENA 06/MANSÃO DE WELLINGTON/JARDIM/EXTERIOR/TARDE
Trilha: Audioslave - Like a Stone (tema de abertura)
CAM: Mergulha pelo jardim cheio de pessoas. Mulheres bem vestidas, homens com ternos caríssimos. Em volta do jardim há uma enorme piscina, bastante iluminada. A mansão fica no alto, então logo a frente há um espaço com gramado, uma barreira de vidro com visão para praia no horizonte e o pôr do sol.
Wellington surge na escada da estrada principal da mansão com acesso ao Jardim. Todos aplaudem. Ele está sério e tenta sorrir. Aurélio está ao seu lado, como um guarda costas.
AURÉLIO — (discretamente) Pelo menos sorria.
WELLINGTON — (discretamente) Vou tentar.
Luciana surge entre as mesas. É importante notar toda decoração bege, com detalhes de diamante sobre as mesas. Tudo muito caro.
LUCIANA — Você está incrível!
Disse indo em direção ao marido. Matheus e Zara estão parados abaixo da escada. Matheus de terno, bem elegante e cheio de pose. Mas é notável que já está um pouco bêbado, já que segura uma garrafa de vodka nas mãos. Wellington se aproxima de Matheus.
WELLINGTON — Fiz essa festa por que você queria. Tenta manter a calma.
MATHEUS — (Mão na cabeça, gesto de continência) Sim, senhor!
Wellington sorri. Raul e Bionda estão sendo fotografados por paparazzis e jornalistas. Wellington se aproxima.
WELLINGTON — Raul Bahamas! O grande prefeito de São Remo!
RAUL — E grande amigo de Wellington Mendonça de Moraes!
Os dois de abraçam.
RAUL — E aí, meu amigão. Está ficando velho, hein. Já não é mais o meu amiguinho que pulava do píer na adolescência.
WELLINGTON — Não tem nada a ver. (Discretamente/brincando se aproxima do ouvido de Raul) Nós ainda vamos pular daquele píer e relembrar os velhos tempos.
Bionda ri e se intromete. Ela está elegante e cheia de arrogância, segurando uma taça de Champanhe nas mãos.
BIONDA — O Raul adora relembrar os velhos tempos.
WELLINGTON — Bionda Bahamas! Primeira dama de São Remo.
BIONDA — (sorrindo elegantemente) Ah, pare, Wellington. Ganhamos as eleições graças a você, quem nos ajudou com divulgação, emprestou dinheiro para investirmos em peso nas divulgações.
WELLINGTON — Magina, eu jamais iria deixar meu amigo na mão.
RAUL — Eu só tenho a agradecer, meu querido. Deixe-me te contar as novidades. Nós seremos papai.
WELLINGTON — (contente) Sério?! Isso é incrível. Estou muito feliz por vocês.
Luciana se aproxima e segura Wellington pelo braço.
LUCIANA — Já conversou demais, é hora de cumprimentar o público no palanque.
BIONDA — (ironicamente) Oi, Luciana.
LUCIANA — Olá, senhorita Bahamas. Vamos, Wellington.
WELLINGTON — Eu não demoro.
Wellington e Luciana saem.
BIONDA — Antipática!
RAUL — Menos, Bionda. E pare de beber, você está grávida!
BIONDA — (revira os olhos) É sem álcool!
Bionda sai andando.
CENA 07/PÍER/EXTERIOR/TARDE
Trilha: Instrumental Tristeza
Débora está segurando uma caixinha preta nas mãos. Selma, sua mãe, está no começo do píer, esperando pela filha, com os demais conhecidos.
Lulaica se aproxima e coloca a mão no ombro de Débora.
LULAICA — No seu tempo, amiga.
Débora está olhando o pôr-do-sol. O ambiente está alaranjado, o vento bate forte e o cabelo das duas voam ao vento.
DÉBORA — O Carlos amava o mar, ele era apaixonado por Iemanjá, pelos deuses das águas. (Sorria e chora) Ele dizia que na vida passada ele era um Deus do mar. Dizia que nadava pelas águas de São Remo, e que o mar era sua casa.
LULAICA — E foi aqui que ele morreu. Na beira do mar. No lugar que ele amava meditar.
DÉBORA — Esse lugar era especial para ele. Esse era o desejo dele, que as cinzas fossem jogadas no mar, junto com as de seu pai e sua mãe.
LULAICA — Não precisa fazer isso, se não quiser.
DÉBORA — Vai doer, mas eu tenho essa missão.
Chorando, Débora abre a caixa preta e levanta ao vento. As cinzas de Carlos voam em direção ao mar e caem na água. Débora e Lulaica de abraçam. Débora vê as luzes vindo da mansão de Wellington, no alto da montanha.
DÉBORA — O que é aquilo?
Edinei se aproxima.
EDINEI — É a festa que Wellington Moraes está dando em comemoração ao aniversário dele.
DÉBORA — Não é possível! Sabe de uma coisa, isso não vai ficar assim!
Débora sai completamente irritada.
LULAICA — Você e sua boca aberta!
EDINEI — Mas o que eu fiz?
CENA 08/ MANSÃO DE WELLINGTON/JARDIM/EXTERIOR/NOITE
Trilha: Cecéu Muniz - Molem Molem
Um grupo dança a música na pista de dança. Wellington curte a música bastante feliz. Zara entra na pista e começa a sambar com Matheus. Matheus puxa Wellington para a pista.
MATHEUS — Vem, eu sei que você sabe essa.
WELLINGTON — Eu só vou se o Raul e o Walmir também forem.
Raul e Walmir entram na pista. Os três dançam sincronizados o samba. Luciana observa toda a bagunça do alto da escada. Bionda se aproxima.
BIONDA — Não adianta, a pobreza faz parte da alma dos três.
LUCIANA — Essa amizade é ridícula. Eles tem alma de pobre. Olha que coisa podre! Uma festa cheia de advogados, empresários e executivos, e o dono da festa dançando Samba-Rock no meio da pista, com amigos de infância.
BIONDA — Eles são inseparáveis.
WELLINGTON — (grita) Vem, amor!
Luciana balança os braços de onde está. Finge sorrir, mas Wellington volta a se distrair com a dança e a fecha a cara novamente.
LUCIANA — Paciência, meu Deus. Paciência!
Na área externa, Débora surge na entrada. Aurélio lhe vê discutindo com alguns seguranças. Da pista, Wellington vê Aurélio segurar Débora brutalmente pelo braço.
WELLINGTON — (preocupado) Eu já volto.
Wellington se aproxima do portão de entrada da mansão.
Trilha: Instrumental Suspense Dramático
Aurélio leva Débora para uma área deserta da mansão. Aurélio joga Débora no chão.
AURÉLIO — Vá embora, sua mendiga!
DÉBORA — Eu só saio daqui depois de falar com Wellington Moraes!
Enzo se aproxima.
ENZO — A arma tem silenciador, a gente da cabo dela aqui mesmo, ninguém vai ouvir.
AURÉLIO — Eu não tenho outra alternativa. Atira nela, Enzo!
Enzo aponta a arma para Débora.
WELLINGTON — Abaixa essa arma, agora!
Wellington surge de trás de um carro. Débora está caída. Enzo abaixa arma.
WELLINGTON — Ia matar essa moça aqui? Na minha mansão?
AURÉLIO — Ela é uma ameaça. Se ela entrar nessa festa, sua reputação vai por água abaixo.
WELLINGTON — E quem é você? Por que está me procurando?
DÉBORA — (se levanta) Eu sou mulher do homem que você mandou matar hoje cedo. Assassino!
Wellington olha surpreso para Débora.
Congela no rosto de Débora
FIM DO CAPÍTULO
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