Voz da Bossa - Cap 032
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Clair fica
desesperada com a gravidez de Maria Luísa e rebate:
Clair – Como uma
fatalidade dessas pode acontecer? Agora você presa e grávida [...].
Maria Luísa – Não trate
minha gravidez como fatalidade, eu sempre quis ter um filho ou uma filha com o
Anderson e não é de hoje.
Clair – Mas
mediante as circunstâncias atuais, você não pode ter essa criança.
Maria Luísa – Você está
induzindo a eu tirar o bebê?
Clair – Não é isso
que eu quis dizer. Caso você dê a luz, ficarei sob a tutela dessa criança.
Maria Luísa – E o
Anderson? Ele é o pai e vai querer a guarda da criança.
Clair – Ele já tem
os filhos dele para cuidar, não precisa cuidar de mais um. Sei que o seu sonho
é ter uma família, mas ele mantém o matrimônio com Marília.
Maria Luísa – Pensei que
ele tivesse se divorciado dela.
Clair – Eles
mantêm uma casa e vários bens, isso impossibilita na hora da separação.
Maria Luísa – Maldita!
Ela conseguiu prender o Anderson com esse casamento de fachada.
Clair – Agora o
jeito, é eu e Lorena cuidarmos dessa criança.
Cristóvão
entra na sala e diz:
Cristóvão – A visita
acabou! Venha dona Maria Luísa.
Maria Luísa é
levada para a cela por Cristóvão e Clair deixa a prisão após a visita. O
tenente deixa a cela e interroga Anderson.
Cristóvão – O que o
Anderson Arantes faz aqui?
Militar – Este
senhor agrediu uma mulher no calçadão de Copacabana.
Cristóvão – Não sabia
que um cantor de bossa nova é tão agressivo a esse ponto.
Anderson – Aquela vagabunda era para estar aqui e
no meu lugar. Não mereço ser preso injustamente.
Cristóvão –
Injustamente? O nosso militar viu agredindo uma mulher em público.
Anderson – Essa
mulher é a mesma que me deu um golpe há trinta e três anos atrás em Pernambuco.
Ela merecia está atrás das grades há muito tempo.
Cristóvão – Esse
rapaz não sabe o que fala. Leve-o para a cela.
Anderson se
rebate e é levado a força para a cela. Entrando na prisão, Coronel Borges
entrega um documento para o Cristóvão.
Borges – Tenente,
me mandaram este documento para você checar.
Cristóvão – Que
documento é esse?
Borges – Um tal de
Antônio pediu para você abrir.
Cristóvão abre
o documento e depara com denúncias de golpe contra Eleonora e o tenente ordena:
Cristóvão – Quero
todos os militares a posto e a caminho de Niterói neste exato momento.
Borges deixa
o local e conversa com os militares para prenderem Eleonora e Astolfo.
CENA 002.
CASARÃO DOS VALENTE. SALA DE ESTAR. INTERIOR. DIA/TARDE
Godofredo
discute feio com Adriano sobre as dívidas da Gravadora Bramar.
Godofredo – Como pode
deixar uma dívida milionária na Gravadora? O que você fez para ter tanta nota
promissória de cem mil cruzeiros?
Adriano – Esses são
os investimentos que fizemos com novos equipamentos.
Godofredo – Novos
equipamentos? O que eu vejo é os mesmos equipamentos de sempre e de segunda
mão. Adriano, não seja mentiroso e me diga a verdade.
Adriano – Eu estou
dizendo a verdade, o porquê iria mentir para você sobre essas notas
promissórias?
Godofredo – Se você
foi capaz de se corromper com o poder em mãos e trair sua mulher com uma
ordinária, tenho a absoluta certeza de que você está mentindo.
Adriano – Esquece
esse ocorrido, não tenho mais nada com a Clara e nem quero ter. Quero recomeçar
a minha vida do zero.
Godofredo – Não tem
como esquecer se está estampado nos jornais do Rio de Janeiro. E se quer tanto
recomeçar a vida do zero, não conte comigo e nem com a sua mãe.
Adriano – Mas pai
[...].
Godofredo – Chega
Adriano, fica calado. Se você ainda mora aqui é porque um pouco de compaixão
pela sua mãe que passou mal ao ver o bombardeio que provocou em sua vida.
Porque se dependesse de mim, estaria morando num desses barracos de pau a pique
do Cantagalo.
Adriano – Você não
seria capaz de fazer isso.
Godofredo – Já fiz
coisa muito pior nessa vida, acredite, então não duvide de mim.
Adriano fica
analisando os documentos. Godofredo sobe para o quarto e conversa com Alma
Dana:
Alma Dana – Pelo
visto a conversa entre vocês foi bem acalorada.
Godofredo – O Adriano
envelheceu muito mal. Se comporta como um rapazote sem nenhuma noção para a
vida. Sem contar que a Gravadora está prestes a falir.
Alma Dana – Como assim
a Gravadora está fechando as portas?
Godofredo – O Adriano
e o Anderson fizeram uma dívida milionária e gastaram setecentos mil cruzeiros,
agora com o que? Ninguém sabe.
Alma Dana – Não estou
acreditando que o Adriano desviou dinheiro da gravadora junto com o Anderson.
Godofredo – Desviou e
esvaziou os cofres. Eu irei assumir a presidência da gravadora em estágio
emergencial.
Alma Dana – Amor, não
precisa ser tão radical. Tem o Belizário ai para isso e você passou da idade de
trabalhar e de carteira assinada.
Godofredo – Pelo
nosso patrimônio, eu faço qualquer coisa e irei descobrir o porque deste rombo
nos cofres da Bramar.
Godofredo deixa o quarto e Alma Dana se preocupa com Adriano.
CENA 003.
BAR DO SECO. SALÃO. INTERIOR. DIA/TARDE
Carlos e Romualdo se preocupam com a carreira de cantor:
Carlos – Pelo
visto, a Bramar está quase se arruinando financeiramente.
Romualdo – Como tu
sabes disso?
Carlos – O
Belizário veio ontem aqui para desabafar. Nossa carreira como sambistas pode ir
por água abaixo.
Romualdo – Mas o
Governo Federal não investe mais na gravadora?
Carlos – Os
militares cortaram as verbas que eram direcionadas à gravadora e a crise
aumenta cada vez mais.
Romualdo – É uma
pena que isso esteja acontecendo.
Carlos – E pelo
que eu soube, o Godofredo pretende sarnar de lá.
Romualdo – Espero que
dê tudo certo e que o samba e a bossa nova seja a salvação dessa gravadora.
Carlos – Que Deus
te ouça!
Romualdo e Carlos continuam conversando e Belizário
explica a crise para Luciano.
Belizário – A crise da
gravadora é irreversível. Foram retirados setecentos mil cruzeiros e sem nenhum
destino específico.
Luciano – Porra! O
que o Adriano fez com a gravadora?
Belizário – Eu não
sei, mas desconfio o destino deste dinheiro.
Luciano – Qual seria
o destino dessa fortuna?
Belizário – O Adriano
deve ter pagado as dívidas com os donos das bancas do jogo do bicho.
Luciano – Mas ele
não disse que deixou o jogo do bicho?
Belizário – Se você
perceber, o Adriano ficou rico rapidamente. Ele morava numa casa aqui e a pau a
pique e do nada, apareceu dinheiro para comprar apartamento em Copacabana?
Riqueza ilícita meu chapa.
Luciano – Eu não
esperava isso dele.
Belizário – Não
espere nada de alguém e essa atitude do Adriano não me surpreendeu.
Luciano – O que
fará agora com esses documentos?
Belizário –
Entregarei para o Godofredo e iremos investigar a fundo. Com licença!
Belizário deixa a mesa e Luciano toma sua cerveja e fica embasbacado com a revelação.
CENA 004.
APARTAMENTO CASTILLO. PRÉDIO 01. SALA. INTERIOR. DIA/TARDE
Lidiane
critica Lilian por acusar Renato de ser portador do AIDS.
Lidiane – Achei um
absurdo acusar o meu filho de ter passado a doença para o Oscar. AIDS é normal
até em casais convencionais.
Lilian – O doutor
Levi me explicou e o Oscar admitiu que teve outros relacionamentos sem as
devidas proteções.
Lidiane – Antes de
você julga-lo, deveria pensar em cada palavra. Fiquei ofendida tanto e quanto o
Renato.
Lilian – Me perdoe
pelo ocorrido, é que não queria ver meu filho sob efeitos de remédio.
Lidiane – A AIDS é
uma doença como todas as outras, pare de dramatizar isso Lilian.
Lilian – Não é
drama, é medo. Essa doença pode leva-lo a óbito se não se cuidar.
Lidiane – Lilian, o
Renato e eu estaremos aqui para ajuda-la no que for preciso.
Lilian – Muito
obrigada Lidiane e novamente mil desculpas pela grosseria.
Lidiane
abraça Lilian e deixa o apartamento. No quarto Renato se declara para Oscar:
Renato – E nós
cuidando aqui de você e como nos conhecemos.
Oscar – Desta vez,
é uma doença incurável que pode me levar a óbito se não me cuidar.
Renato – Você
estará bem meu amor. AIDS não é um monstro de sete cabeças, tomando os
remédios, estará sempre bem e com vigor.
Oscar – E você?
Fez exames para ver se contraiu o vírus?
Renato – Eu fiz o
exame e espero pelo resultado. Eu tomo remédios justamente para me proteger.
Oscar – Fico feliz
de estar bem!
Oscar abraça Renato e beija.
CENA 005.
MANSÃO OLIVEIRA CHAGAS. SALA DE ESTAR. INTERIOR. DIA/TARDE
Eleonora comemora a prisão de Anderson e Astolfo rebate:
Eleonora –
Finalmente esse filho da puta está preso.
Astolfo – Eu se
fosse você não cantava vantagem não [...].
Eleonora – Começou o
pessimismo. O que porque não posso comemorar?
Astolfo – Ele
deixou bem claro que tem cartas na manga e provas que podem nos comprometer.
Eleonora – Amor
aprenda, o Anderson se tornou cantor de bossa nova? Sim, mas no fundo, continua
sendo o roceiro idiota que ele sempre foi.
Astolfo – Agora ele
está em outro patamar, mas se você se acha confiante de que não vai acontecer
nada, ok.
Eleonora – Vamos
comemora porra. Aquele lá não é mais problema nosso.
Astolfo ouve
a campainha tocar, abre a porta e dá de cara com Coronel Borges:
Astolfo – Boa
tarde.
Borges – Boa
tarde, vocês que são Astolfo Machado Chagas e Eleonora Cristina Oliveira
Magalhães Chagas.
Eleonora – Sim somos
a gente.
Borges – Esta
mansão está apreendida por ordem do juiz e vocês estão presos por fraude e
danos morais.
Astolfo e
Eleonora ficam apreensivos e são presos.
Fim do capítulo 32
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