Voz da Bossa - Cap 028
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CENA 001.
HOSPITAL PÚBLICO DO RIO DE JANEIRO. QUARTO. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Nestor se preocupa e pergunta sobre o estado de saúde de Adriano
a Doutor Levi:
Nestor – Como anda
o estado de saúde do senhor Adriano?
Levi – Está
estável, a bala do revólver não atingiu nenhum órgão vital. Digamos que foi um
tiro superficial e com pouco sangramento.
Nestor – Graça a
Deus ele está bem!
Levi – Se não
fosse você ter o socorrido, poderia ter acontecido o pior. Ele precisa de
descanso. Aproveite o tempo de visita. Com licença.
Levi se
retira e Adriano acorda:
Adriano – O que
houve? Onde estou?
Nestor – O senhor
está no hospital. Foi baleado e por sorte não morreu.
Adriano – Quem teria
a coragem de me matar? Eu não fiz nada para merecer isso.
Nestor – Eu não
sei, mas a polícia e os militares estão investigando o caso.
Adriano – Terei alta
quando?
Nestor – Não faço
ideia, mas o senhor permanecerá de observação.
Adriano – Obrigado
por ter me ajudado.
Nestor cumprimenta
Adriano e deixa o local. No quarto de cima, Alma Dana conversa com Godofredo
sobre a traição de Adriano:
Alma Dana – Não
acredito que o Adriano foi capaz de trair a Selma. Não foi isso que ensinamos
isso a ele.
Godofredo – Nosso
filho se corrompeu com o dinheiro e o poder, eu já sabia que uma hora ou outra
isso iria acontecer.
Alma Dana – Mesmo
assim amor, ele não poderia ter traído a Selma e tão menos, com uma menina que
tem idade para ser filha dele. Agora a imprensa pode taxa-lo de molestador.
Godofredo – Ele não
molestou a Clara, a mesma disse que o seduziu como disse a notícia. Eu tenho é
pena do Anderson e da Marília, criaram uma filha para ser uma princesa e se
comporta de forma inadequada.
Alma Dana – Essa
menina precisa ter limites, eu nunca a digeri. Sempre com uma resposta na ponta
da língua e ainda é atrevida.
Godofredo – O estrago
está feito, o problema disso tudo é afetar a credibilidade da gravadora com
esse escândalo.
Alma Dana – Caso
afete, você iria sugerir quem para assumir a presidência da gravadora?
Godofredo – Belizário
é um ótimo nome, prefiro que ele assuma do que manter nosso filho sujando o
nosso nome e dos trabalhos da gravadora.
Alma Dana – Estou me
sentindo muito cansada, eu fui diagnosticada com que?
Godofredo – Você teve
um AVC, a sorte que não teve nenhuma sequela.
Alma Dana – Graças a
oxalá. Amor cuide do centro por mim.
Godofredo – Pode
deixar minha nega.
Alma Dana beija
Godofredo e o capitão deixa o quarto. Dr Levi entra para cuidar da senhora.
CENA 002.
CLUBE DE MÚSICA GAROTA DE IPANEMA. SALÃO. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Margarete pergunta sobre a situação de Maria Luísa a Clair:
Margarete – E a
situação de Maria Luísa? Ela será solta quando?
Clair – A situação
de Maria Luísa é embaraçosa, ela matou uma pessoa em legítima defesa a trinta e
três anos atrás e pelo tempo, o crime se prescreveu. A grande sorte dela é que
consegui junto com a advogada, frear que as provas sejam lavradas no cartório.
Margarete – Minha
nossa senhora, porque a pessoa denunciante só agora deu parte dela na polícia.
Clair – Porque
certamente deve ter pressionado ela. Ainda arrancarei algumas informações.
Margarete – Coitada da
Maria Luísa! Espero que volte logo.
Clair – E irá
voltar o mais rápido possível. Como anda a compra das bebidas?
Margarete – Tive que
comprar umas bebidas baratas para não comprometer a economia do clube.
Clair – Mas deixei
um dinheiro reservado justamente para as compras dessas bebidas caras.
Margarete – Nem tinha
noção senhora, me desculpe.
Clair – Sem
problemas, eu irei resolver isso.
Margarete
volta a arrumar o salão e Omar conversa com Lorena do lado de fora do clube:
Omar – Em breve a
sua filha estará livre.
Lorena – Que Deus e
Nossa Senhora Aparecida te ouça. Eu torço para minha filha se livrar daquilo.
Omar – Pelo que
soube, o crime cometido por Maria Luísa se prescreveu e não tem o porque
mantê-la presa.
Lorena – Mas a justiça só funciona com quem é
de pele clara, visse?
Omar – Que nada,
a Clair conseguiu uma advogada porreta embargou a chegada das provas ao
cartório.
Lorena – Amém. Fico
muito feliz de receber essas notícias.
Omar abraça Lorena que se emociona.
CENA 003.
CADEIA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO. CELA. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Cristóvão
ironiza a situação de Maria Luísa na justiça:
Cristóvão – Como são
engraçadas as coisas né? A assassina pode ser inocentada pela justiça, até
conseguiram embargar dos documentos chegarem ao cartório.
Maria Luísa – Se o
documento com as provas foram embargados é porque não validade para eu estar
presa.
Cristóvão – Não se
alegre, só irei te soltar com o mandato do juiz. Ele sim saberá qual será o seu
destino.
Maria Luísa – Se Deus
quiser, meu destino será bem longe desse lugar insalubre.
Cristóvão – Você é tão
linda, mas é tão inocente para algumas coisas.
Maria Luísa – Guarde o
elogio para você tenente. E sobre inocência, não sou e não serei e pode ter
certeza, sou muito mais esperta que o senhor.
Cristóvão – Cuidado
com o que a senhora diz, eu posso declarar isso como desacato a autoridade.
Maria Luísa – Você declarar
o que for e caso a minha advogada venha me visitar, posso te processar por
abuso de poder. Ai veremos que sairá vencedor dessa história.
Cristóvão encara Maria
Luísa e confronta:
Cristóvão – Veremos quem é que tem mais poder por aqui.
Maria Luísa – Não me
desafie, não porque estou presa que não posso te expor como uma pessoa
autoritária. Eu sou muito mais perigosa que você.
Cristóvão – Disso eu
tenho certeza, tanto é que está ai, atrás das grades.
Maria Luísa – Quando
sair desse lugar, quero ver você se vangloriando como tenente por muito tempo.
Cristóvão deixa o local e Maria Luísa faz vista grossa para o tenente.
CENA 004.
APARTAMENTO CASTILLO. PRÉDIO 01. SALA. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Ana prepara
o café e comenta a doença de Léa com Lilian:
Ana – Olha mãe,
está correndo um bafafá que dona Léa está com Alzheimer e Parkinson.
Lilian – Não posso
fazer nada por ela. Essas doenças é o reflexo das maldades que ela fez comigo e
com a gente.
Ana – Que
maldade você está falando?
Lilian – Quando o
Tomás abusou de mim uma vez, ela disse que eu estava muito acessível por usar
roupas mais frescas e com poucas estampas.
Ana – Que
horror, não acredito que ela foi capaz de dizer isso.
Lilian – Ela é pior
que o filho. Todos os péssimos ensinamentos que o Tomás teve veio dela.
Ana – Ainda bem
que ele não mora mais com a gente, imagina se ele a traz para cá?
Lilian – Deus me
livre, eu quero os dois longe daqui.
Ana – Você está certa. E o Oscar? Ele já saiu?
Lilian – Ele vai
trabalhar agora e você também né? Está quase na hora.
Ana – Ih nem
tomei tino, bom dia mãe.
Lilian beija
a testa de Ana que deixa o apartamento. Na calçada, Oscar conversa com Renato:
Oscar – Amor,
ultimamente não estou me sentindo bem.
Renato – O que
houve? Está abatido, mais magro.
Oscar – Eu não
sei, sempre fui uma pessoa saudável. E não tenho condições de trabalhar nesse
estado.
Renato – Preciso
te levar para o hospital antes que aconteça o pior.
Oscar – Odeio
hospitais, tenho pavor de médicos.
Renato – Mas não
tem como odiar hospital nessas horas, você precisa fazer um checape e urgente.
Oscar fica tonto
e desmaia. Renato se desespera:
Renato – Oscar fala
comigo. Oscar! Alguém por favor, me ajude aqui.
Os moradores se aproximam e Renato implora por socorro com Oscar em seu colo.
CENA 005.
MANSÃO MAGALHÃES ARANTES. SALA DE ESTAR. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Marília
desabafa com Mirian sobre o escândalo da traição de Adriano com Clara:
Marília – Não dá
para engolir toda essa situação. Rebelde, a Clara sempre foi, mas chegar ao
ponto de arruinar o casamento de Selma e Adriano? Confrontar o pai na frente de
toda a imprensa?
Mirian –
Desculpe-me a sinceridade e não quero ser invasiva, mas a culpa foi sua por ter
passado a mão na cabeça da Clara, mesmo ela estando errada.
Marília se
aproxima de Mirian e diz:
Marília – Mirian
minha amiga, quando a gente se torna mãe, ficamos cegos com os nossos filhos.
Quando você engravidar, você irá sentir isso na pele.
Mirian – Eu não
posso ser mãe por conta das minhas condições, mas não errarei na educação dele
com a senhora errou com Clara. Você nunca pesou as mãos quanto às atitudes
errôneas dela. Agora é tarde demais, ela manchou o nome da família e todos já
sabem como a sua filha é.
Marília – Se
soubesse que tudo chegaria a esse ponto, eu teria sido mais rígida com ela.
Sempre a eduquei para ser uma grande dama da sociedade.
Mirian – Mas ela
não optou ser uma grande dama. Sonhar não custa nada, mas espero que um dia, a
Clara abra os olhos para a realidade. Ela tem dezessete anos e está muito verde
para sofrer na pele as consequências duras dessa vida.
Marília – Ah minha
amiga, se arrependimento matasse, eu estaria morta.
Mirian – Não fale
desta forma, não fique se culpando.
Marília – Falo sim,
primeiro é a traição do Anderson com Maria Luísa, agora, essa exposição da
Clara para o Rio de Janeiro e quiçá, para o território nacional.
Mirian – Tudo isso
vai passar, pode ter certeza.
Mirian acalma Marília e deixa o quarto para preparar um chá.
CENA 006.
GRAVADORA BRAMAR. ESCRITÓRIO. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Jonatan
questiona Anderson no escritório da gravadora:
Jonatan – Como pode
você trair minha mãe dessa forma? Não tem vergonha?
Anderson – Eu sempre
amei a Maria Luísa e nunca deixei de ama-la.
Jonatan – E porque
você se casou com minha mãe? Porque não tem justificativa esse seu ato.
Anderson – Eu me
casei com sua mãe porque ela estava te esperando, não poderia deixa-la grávida
e desamparada. E outra, sua mãe nunca deixou de amar o Guilherme, ou seja, ela
só me amava porque quis ser a primeira dama da bossa nova e se rescender
socialmente.
Jonatan – Não admito
que me coloque no meio desse fogo cruzado.
Anderson – Você não
tem que admitir nada. Teve toda a melhor educação, uma vida maravilhosa e
primorosa. Essa sua teimosia de se enfiar na política é uma sentença de morte
para sua reputação como pessoa de bem.
Jonatan – Estou me
tornando politico para ajudar o povo e não por estabilidade financeira. Você é
super inteligente para música, é um gênio, o baloarte da bossa nova, mas é
ignorante para a política.
Anderson – Me
respeite rapaz, sempre te defendi das loucuras da sua mãe em lhe deixar de lado
para priorizar a Clara.
Jonatan – Você que
se dê ao respeito. Essa traição não tem explicação, preciso ser deixado de lado
do que me tornar um covarde.
Anderson
fica sozinho no escritório e Jonatan sai revoltado. No corredor, Letícia
comenta com Vanderlei.
Letícia – Pelo
visto, hoje não teremos gravação para o nosso disco.
Vanderlei – Esse rapaz
é o filho mais novo do Anderson. É político e cheio de não me toques.
Letícia – O conhece?
Não sabia que você era tão ligado a essa família.
Vanderlei – Ele já foi
ao Cantagalo com um projeto de urbanização e junto com os militares.
Letícia – Ah
entendi, enfim, eles que se lasquem.
Anderson chama Vanderlei e Letícia e os condicionam para o estúdio.
CENA 007.
APARTAMENTO BOICAÚVA CONCEIÇÃO. SALA. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Angeluce
entra no apartamento desesperada e espanta Selma:
Selma – Porque
este nervoso Selma?
Angeluce – O Adriano
levou um tiro no peito e por sorte, o socorreram a tempo.
Selma – Pensei que
ele tivesse morrido.
Angeluce – Não fale
dessa forma Selma, embora ele tenha te traído, é o pai dos seus filhos.
Selma – Mas ele
trocou nossa família por uma vagabunda de quinta categoria e filha do Anderson
que é juvenil ainda para namorar.
Angeluce – Ela não é
tão juvenil assim, aliás, ela estava até noivada com um português.
Selma – E porque
essa miserável não continuou noiva desse português?
Angeluce – Eu não
sei Selma, as pessoas são capazes de qualquer coisa.
Selma – Aquela
cachorra disse com todas as letras que terá Adriano só para ela
Angeluce – E você vai
se importar com o que ela diz?
Selma – Me
importo, mas o que é dela está muito bem guardado.
Angeluce se preocupa com Selma.
CENA 008.
MANSÃO OLIVEIRA CHAGAS. SALA. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Ereoades
deixa a mansão e diz:
Ereoades – Bom estou
de saída, amanhã retornarei aqui.
Eleonora – Obrigada
meu irmão, por ter vindo pra cá.
Ereoades
caminha até o portão e Eleonora se depara com Antônio:
Eleonora – O que o
senhor faz aqui?
Antônio – Então quer
dizer que mora nesta mansão com o dinheiro do meu filho.
Ereoades
observa o confronto e Eleonora se revolta com a presença de Antônio.
Fim do capítulo 28
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