Dançando com o Diabo – Episódio 01, temporada 01
Piloto
CENA 01/MANSÃO DE FRED/PISCINA/EXTERIOR/NOITE
Trilha: Last Day – Moby
São Paulo, Capital
As luzes iluminam a mansão, há uma festa. Ou não... As luzes da festa se misturam com as luzes do Giroflex dos carros da polícia se aproximando do local. Todos estão em volta da piscina e lá está ele, Fred Mantovani, boiando na água, com a luz azul e o sangue misturado. Moreira se aproxima da piscina.
MOREIRA — Ninguém sai do local, todos serão interrogados. O Fred foi um grande amigo meu, e eu vou encontrar o assassino.
CENA 02/RUA/EXTERIOR/DIA
triste
Sorocaba, Interior de São Paulo
Lorenzo está encostado no carro de seu pai. O sol está batendo forte em seu rosto e é a última vez que ele sentirá aquele cheiro de cidadezinha do interior. Daniele se aproxima.
LORENZO — Eu posso explicar.
DANIELE — Melhor não, Lorenzo. Você sabe que sou filha do prefeito, logo todos estarão sabendo e continuar namorando com você seria um erro.
LORENZO — Eu não roubei aquela conveniência! Eu fui obrigado sobre ameaça.
DANIELE — Eu não quero falar sobre isso, Lorenzo. É melhor você ir embora, pense nas suas atitudes e mude como pessoa. Eu te amo, mas não posso ficar com você.
Daniele vira as costas e sai andando. Lorenzo percebeu que havia perdido o grande amor de sua vida para sempre, ele sabia que em São Paulo as coisas iriam mudar e ele não teria mais contato algum com Daniele. Ela foi sua namorada desde a infância, mas era hora de botar um ponto final em tudo.
DENIS — Vamos?!
Disse espontâneo, saindo da casa de Cíntia. Cíntia saiu em seguida.
LORENZO — (triste) Mãe, a senhora tem certeza?
DENIS — (contente) Relaxa, filhão! É só por uns dias, até a poeira abaixar.
CÍNTIA — (abatida) Não é por uns dias! Eu não quero que o Lorenzo volte para Sorocaba. Só eu sei a humilhação que passei naquela delegacia tentando impedir que você fosse preso!
LORENZO — A senhora não acredita em mim, não é? Mãe, sempre fomos nós... Desde quando o pai nos deixou, sempre foi nós dois.
DENIS — Eu não deixei ninguém. Sua mãe e eu entramos em um acordo.
CÍNTIA — Depois que eu soube que você estava se atracando com aquela prostituta em São Paulo, né, Denis.
DENIS — Eu não vim lavar roupa suja, Cíntia. Filho, pode não parecer, mas eu estou empolgado para ter alguns momentos com você. Eu quero te conhecer melhor, quero que você seja meu filho, eu quero ser para você o que não fui esses anos todos. Me dá essa oportunidade.
CÍNTIA — Quase me convenceu, Denis.
LORENZO — (chorando) Mãe... Por favor...
Cíntia evitou olhar para o filho, ela estava tão arrasada quanto ele.
CÍNTIA — É melhor vocês irem, a Castelo Branco vai estar parada quando pegarem estrada.
DENIS — Até breve, Cíntia.
Denis entra no carro. Lorenzo parou em frente Cíntia e lhe olhou nos olhos.
LORENZO — Por que tudo isso?
CÍNTIA — Vai ser o melhor para você agora, filho. Acredite em mim, São Paulo lhe reserva muitas surpresas.
LORENZO — (chorando) Eu te amo, mãe.
CÍNTIA — Também te amo, filho.
Lorenzo beija a testa de Cíntia e entra no carro. Denis sai com o carro, Cíntia se ajoelha no asfalto e começa a chorar, Daniele estava escondida atrás de algumas plantas e corre para acudi-la. Enquanto dirigia, Denis pensava que aquele era o momento certo para ser o melhor pai do mundo para Lorenzo.
DENIS — Olha, não chore. Sua mãe e eu sabemos que você não roubou aquele estabelecimento porque quis. Mas, explicar isso para a polícia e para a mídia não ia ser fácil, principalmente pelo fato de você namorar a filha do prefeito. Acredite, filho, foi o melhor a se fazer.
LORENZO — (abatido) Eu não estou pronto para me adaptar em uma nova cidade, um novo colégio, um novo emprego.
DENIS — Relaxa, o Nicolas e o Rafael vão ajudá-lo. Nicolas é filho do primeiro casamento da Susana, minha esposa. E o Rafael é filho adotivo.
LORENZO — É tudo muito novo para mim.
DENIS — Você vai adorar São Paulo, vai gostar do Bairro. A gente mora bem no centro, atrás do Memorial da América Latina, lá na Barra Funda. Aquele lugar não dorme. Ah, você só não pode ir no Beco da Aurora.
LORENZO — Beco da Aurora? O que é o Beco da Aurora?
DENIS — Longa história, filhão. Longa história.
CENA 03/MANSÃO DE ÁUREA/SALA/INTERIOR/DIA
São Paulo, Capital
Áurea está completamente elegante, parada sobre a enorme janela de sua sala, analisando o enorme jardim em seu quintal. Susana entra.
SUSANA — Dona Áurea, o senhor Fabrício ligou e disse que chegará do aeroporto para o jantar.
ÁUREA — Ótimo, Susana. Agora de uma olhada no Lucas e pode voltar para sua residência.
SUSANA — Certeza? Meu horário não é esse, talvez eu possa...
ÁUREA — (interrompe) Some da minha frente, antes que eu mude de ideia, Susana!
SUSANA — Sim, senhora.
Susana se retira. O celular de Áurea toca, ela atende.
ÁUREA — Oi, filha... Eu sabia que você iria ligar, seu pai foi à Paris para trabalhar, querida... Eu sei, eu sei. Foram alguns dias, mas ele não iria ter tempo de ir vê-la, não desliga na minha cara, Barbara!
Barbara desliga.
CENA 04/MANSÃO DE ÁUREA/QUARTO DE LUCAS/INTERIOR/DIA
Triste
Susana entra no quarto de Lucas. Ele está jogando videogame.
SUSANA — Você anda passando muito tempo nesse videogame, mocinho. Como anda os deveres do colégio?
LUCAS — Que colégio? Eu não tenho contato com as pessoas lá fora, Susana. Minha mãe me trata como um prisioneiro nessa casa, eu faço aula pela internet, esqueceu?
SUSANA — Desculpe, Lucas. Olha, eu sei que não tem sido fácil para você, mas tenta levar as coisas numa boa.
LUCAS — Se não bastasse minha irmã em Paris, agora meu pai vive viajando, minha mãe pede para você vir me ver, ao invés de ela vir. Você acha que isso é vida, Susana?
SUSANA — Você só tem quatorze anos, Lucas, tem coisas sobre os adultos que você não vai entender.
LUCAS — Eu não quero entender meus pais. E não quero que eles me entendam um dia.
SUSANA — Como assim?
LUCAS — Nada, não. Bom, como pode ver, eu estou ótimo. Pode passar esse recado para minha mãe.
Susana ficou olhando para Lucas e saiu.
CENA 05/CASA DE DENIS/INTERIOR/NOITE
Lorenzo parou em frente à casa e olhou, Denis lhe abraçou pelo ombro e parou ao seu lado.
DENIS — Vai dar tudo certo, filho.
Lorenzo respirou fundo e entrou. Susana estava na cozinha.
SUSANA — Olá, seja Bem-vindo.
Lorenzo sorri secamente.
DENIS — Filho, essa é Susana, minha esposa. Meninos, venham aqui!
Nicolas e Rafael entram. Ambos sem camiseta.
NICOLAS — O que é?
DENIS — Como assim, o que é? Esse é o Lorenzo, meu filho e irmão de vocês.
NICOLAS — Meu irmão, não, eu não sou seu filho.
SUSANA — Nicolas!
NICOLAS — O quê?
RAFAEL — Seja bem-vindo, Lorenzo. A casa é pequena, mas cabe todo mundo.
NICOLAS — Cabe tudo, né, Rafael.
DENIS — Que isso, Nicolas.
SUSANA — Nicolas, some da minha frente.
NICOLAS — Eu tô brincando, nossa, que mal-humor vocês estão hoje, hein.
Nicolas sai.
SUSANA — Não liga, Lorenzo.
LORENZO — Tudo bem.
RAFAEL — Vamos, eu vou mostrar o nosso quarto, sua cama chegou hoje mesmo.
Rafael e Lorenzo saem.
SUSANA — Segura seu b.o, Denis.
DENIS — Ele não vai dar trabalho, relaxa.
CENA 06/RUA/EXTERIOR/DIA
Música Francesa ao fundo
PARIS, FRANÇA
Imagens dos lugares históricos da cidade.
Barbara está sentada em um café, com a Torre Eiffel ao fundo.
CENA 07/MANSÃO DE ÁUREA/INTERIOR/DIA
Brasil
Áurea, ainda elegante, cruza a sala e abre a porta. Fabrício está parado lá.
FABRÍCIO — Sentiu saudades?
ÁUREA — Todas que você pode imaginar.
Áurea beija Fabrício. Lucas surge.
FABRÍCIO — Olha só, me lembrei que temos filhos!
LUCAS — Exceto a Barbara, não é? Esteve em Paris e não pode visitar a própria filha, que paizão.
Lucas sai para o jardim.
FABRÍCIO — Esse garoto tá crescendo e tá ficando rebelde.
ÁUREA — Pra que se importar com isso se nós temos todo dinheiro do mundo. Qualquer coisa a gente paga quantos psicólogos ele precisar, agora eu quero aproveitar meu maridão.
Fabrício beija Áurea.
ÁUREA — Eu mandei prepararem um jantar maravilhoso.
FABRÍCIO — Eu estou faminto. Aquelas reuniões são um saco!
ÁUREA — Pelo menos fechou negócio e... Quanto mais dinheiro, melhor.
CENA 08/RUA/EXTERIOR/NOITE
Trilha: The Last Day -Canção de Moby
Lorenzo está fumando um cigarro, encostado no muro da casa. Bruno se aproxima.
BRUNO — Tem um desse aí, parceiro?
Lorenzo entrega um cigarro para Bruno.
BRUNO — Tá indo no barzinho?
LORENZO — Eu só sai pra fumar um cigarro, eu moro aqui.
BRUNO — Ah, foi mal. Aparece lá, se quiser.
LORENZO — Eu não conheço, me mudei hoje. Eu vim de Sorocaba.
BRUNO — Bem-vindo à Capital, rapaz. A cidade que não dorme.
Lorenzo olha no relógio, são onze e meia.
LORENZO — Percebi.
BRUNO — Bora encostar lá?
Lorenzo fecha o portão e sai com Bruno.
O bar é uma espelunca, ainda toca a mesma música no som, o dono é um velho gordo com um pano de prato pendurado no ombro. Os salgados estão ali há semanas, e algumas cachaças provavelmente nunca foram vendidas. Morgana, Caio, Diego e Iago estavam sentados sobre as cadeiras dentro do bar.
BRUNO — Lorenzo, essa é a galera.
MORGANA — Mais um pra lista de seus machos, Bruno?
CAIO — Pega leve, Mor.
BRUNO — O Lorenzo é um amigo.
CAIO — Seja bem-vindo, Lorenzo. A Morgana tem um lado humorado meio sem graça.
Morgana passa a língua nos lábios de Caio.
MORGANA — E você adora, seu gostoso.
CAIO — Vamos nessa? Meu pai logo vai ligar.
MORGANA — Seu pai? Você nem se importa com seu pai.
CAIO — Já tá todo mundo chapado, meu pai vai perceber quando a gente chegar.
IAGO — Você tá muito careta, Caio. Nem parece que faz o que faz.
Caio se levanta e segura Iago pela gola da camiseta.
CAIO — Você não tem liberdade para falar essas coisas aqui, seu maconheiro!
MORGANA — Chega, rapazes!
CAIO — Sabe de uma coisa? Eu vou sozinho.
Caio sai cambaleando.
Morgana se aproxima de Bruno.
MORGANA — Agora é a hora de irmos.
DIEGO — Vocês tem certeza?
Iago pega uma barra de ferro caída no chão do bar.
IAGO — (irado) Eu tenho toda certeza do mundo.
Iago sai completamente irado. Morgana, Bruno e Diego vão atrás. Bruno puxa Lorenzo pelo braço.
BRUNO — Vêm, Lorenzo.
Todos saem atrás de Iago. Eles entram em uma rua escura, provavelmente pelas redondezas da estação da barra funda. Caio está indo bêbado na frente. Iago está atrás.
IAGO — (arrastando o ferro no meio da rua) Você se acha o valentão, não é? Caio.
Os outros vem atrás.
BRUNO — Calma, Iago, não faça nada que vá se arrepender.
Iago corre até Caio lhe bate com a barra de ferro. Ele cai. Iago começa a bater na cabeça dele com o ferro. Todos se aproximam. Diego segura Iago.
MORGANA — Ah, meu Deus!
BRUNO — O que foi? Meu Deus! Porra! Porra!
Lorenzo se aproxima e vê o corpo.
MORGANA — Que merda você fez! Não é o Caio!
Iago se solta de Diego e se aproxima do corpo.
IAGO — Puta que pariu, eu matei um desconhecido.
Bruno vê as luzes do Giroflex do carro da polícia se aproximar.
BRUNO — Fodeu! Corram!
Todos correm. Lorenzo fica paralisado, sem saber o que fazer. O carro da polícia vira a esquina da rua. Lorenzo ainda está parado próximo ao corpo.
Fim do Episódio
Eita, a série começa já mostrando o assassinado de Fred, o grande mistério. Lorenzo teve que terminar com Daniele, Cintia sofrendo com a ida do filho :/
ResponderExcluirÁurea mudaria de idéia de Susana continuasse lá kk Bárbara desligou o celular na cara dela kkk Áurea parece que não faz questão do Lucas, isso tô começando a notar.
Nicolas "Cabe tudo né"🤭 entendedores entenderão 🤭
Imaginei essa cena da Bárbara e música no fundo 🥰
Fabrício e Áurea tão nem aí pro Lucas, acho que se importam mais com Bárbara, mas acho que não hein.
MDS 😬 vai sobrar pro Lorenzo de novo, tenho certeza disso
Gostei do primeiro episódio, nota 9.0