Dançando com o Diabo – Episódio 02, Temporada 01
Até que ponto algo se torna crime?
CENA 01/RUA/EXTERIOR/NOITE
Trilha: The Last Day – Canção de Moby
Em câmera lenta mostra Lorenzo correndo pela rua, os policiais saem do carro e lhe apontam a arma, mas não atiram. Lorenzo consegue escapar. Nicolas está na esquina vendo tudo.
CENA 02/MANSÃO DE ÁUREA/QUARTO/INTERIOR/NOITE
Fabrício e Áurea estão deitados sobre a enorme e luxuosa cama de casal, com uma vista perfeita dos prédios em São Paulo, iluminados.
FABRÍCIO — Você estava ótima.
ÁUREA — Você que continua o mesmo como sempre. Agora, vá dormir, amanhã a Trajano de Albuquerque precisa de você. E meu bolso também.
FABRÍCIO — Você tem razão.
Fabrício olha o celular.
FABRÍCIO — Querida, já são quase duas, o Lucas ainda não entrou.
ÁUREA — Lucas? Ah, sim. Ele saiu para o jardim e até agora não ouvi ele entrar.
Áurea e Fabrício levantam e vão até o quarto de Lucas, a cama está do mesmo jeito.
ÁUREA — O que esse garoto está fazendo lá fora até agora?
Áurea e Fabrício descem até a sala, saem pela porta e olham ao redor no jardim.
FABRÍCIO — (grita) Lucas!
/Suspense
ÁUREA — (nervosa) Fabrício, cadê o nosso filho? LUCAS!
Sem respostas, Áurea corre desesperada pelo jardim, ela encontra o par de sapatos dele no portão, indicando que ele estivesse na rua.
Áurea sai desesperada, Fabrício vai atrás.
ÁUREA — (grita) Filho?! Lucas!
Iago, Diego, Bruno e Morgana chegam na mansão ao lado.
MORGANA — Olha só, até os milionários surtam.
BRUNO — Agora não é hora de piadinha, Morgana. (Tom baixo) Nós temos um crime nas costas.
Os jovens entram na mansão ao lado.
Fabrício sai e abraça Áurea.
FABRÍCIO — Ei, calma. Não é hora de gritar.
ÁUREA — Tá vendo? Por isso eu queria morar em um condomínio, morar em bairro de rico não garante segurança.
FABRÍCIO — Vem comigo.
Fabrício entra com Áurea. Eles vão até a sala da segurança e olham as imagens das câmeras. É possível ver Lucas retirar os sapatos e sair descalço pelas ruas.
ÁUREA — Olha aí, nosso filho tá na rua.
FABRÍCIO — Vamos até a delegacia.
CENA 03/DELEGACIA/INTERIOR/NOITE
ÁUREA — (gritando) Como assim o delegado não está? Que bosta de delegado é esse? Eu sou milionária, minha filha, eu posso comprar essa delegacia.
O delegado Moreira entra.
MOREIRA — Você é milionária da porta pra fora, aqui você não passa de uma louca perturbada gritando igual uma desqualificada.
ÁUREA — Vai deixar ele me ofender assim?
FABRÍCIO — Senhor Delegado, o nosso filho, ele saiu para a rua e não voltou até agora.
MOREIRA — Já procuraram pelas redondezas? Amigos, bares?
ÁUREA — Ele só tem quatorze anos, seu imbecil!
MOREIRA — Na idade dele eu só não era pai, de resto...
ÁUREA — Está insinuando o quê?
MOREIRA — Olha só, acabaram de assassinar um cara na Barra Funda, eu preciso investigar esse caso, eu não posso sair procurando seu filho se ainda não tem nem vinte e quatro horas que ele sumiu.
Áurea gruda no pescoço de Moreira.
ÁUREA — Olha aqui seu delegado, para de brincar de CSI e vai atrás do meu filho! Eu tenho dinheiro suficiente para contratar todos os tipos de seguranças e detetives para encontrar meu filho! Eu acho bom...
MOREIRA — (interrompe brutalmente) EU QUE ACHO BOM você tirar essas suas patas de galinha de cima de mim, sua descontrolada! Eu já falei que não posso fazer nada até que de vinte e quatro horas, pegue seu dinheiro e compre uma farmácia de calmante, volte para casa, tome todos e durma!
Moreira se recompõe. Áurea começa a chorar.
FABRÍCIO — Desculpe, senhor.
ÁUREA — Desculpe? Tá vendo, por isso nosso filho sumiu, você é um bundão, tem medo de tudo, até desse delegadozinho! Você precisa ser autoritário.
FABRÍCIO — Não se deve ser autoritário com uma autoridade, Áurea! Vamos para casa e trate de se acalmar!
MOREIRA — E agradeça por eu não deixá-la passar a noite em uma das minhas melhores celas, sua sem educação.
Áurea e Fabrício saem.
MOREIRA — Junte toda a equipe, nós temos um homem assassinado e um jovem que correu. Façam de tudo, olhem todas as câmeras pelo trajeto dele, amanhã eu quero pegá-lo.
CENA 04/CASA DE DENIS/INTERIOR/DIA
Nicolas se levanta e caminha pela casa. Denis e Susana estão sentados sobre a mesa do café.
NICOLAS — Ué, não foram trabalhar ainda?
DENIS — O filho do patrão desapareceu ontem. Ele pediu para que nós fossemos mais tarde.
SUSANA — (chorando) E pensar que eu cuido do Lucas, me parte do coração.
NICOLAS — (se aproxima da mãe) Não fica assim, ele vai aparecer. É coisa de criança.
DENIS — (olhando o celular) O carro chegou, vamos? Filho, aguente as pontas aí.
Denis e Susana saem.
NICOLAS — Filho... Eu nem sou filho desse cara.
Nicolas caminha até o quarto que dorme com Rafael e Lorenzo. Ele olha para Rafael dormindo sem camiseta, observa seu peitoral e seu rosto dormindo. Batem na porta.
Nicolas caminha até a porta e abre.
NICOLAS — Pois não.
MOREIRA — Tem algum responsável?
NICOLAS — O responsável sou eu.
Moreira encara Nicolas.
MOREIRA — Sou delegado Moreira, um dos moradores dessa residência foi visto ao lado do corpo de um homem assassinado ontem na Barra Funda.
NICOLAS — E como você tem certeza?
MOREIRA — Porque nós somos a polícia. A desvantagem de morar no centro de São Paulo é que você está sendo vigiado o tempo todo. É como um reality show. As câmeras de segurança das casas e dos prédios entregaram a rota do assassino.
NICOLAS — Assassino? E temos prova?
MOREIRA — Quem está tentando defender, garoto? Eu te conheço.
NICOLAS — E é por isso que vai esquecer o que aconteceu. Já passei a noite na delegacia, Moreira, você eu sabemos que ambos não prestam.
MOREIRA — Só que eu não sou drogado igual você, que rouba pra comprar cocaína.
NICOLAS — E eu não sou corrupto que pega dinheiro público.
MOREIRA — Chega! Olha, tem mais gente sabendo do crime. A família tá em cima. Eu não posso simplesmente chegar e não dizer nada.
NICOLAS — Diz que não encontrou o assassino. Olha, o cara é filho do meu padrasto, ele chegou ontem. Eu não fui com a cara dele, mas nem eu sei o que o levou a fazer merda, dá uma forcinha ai, Moreira.
MOREIRA — Sabe de uma coisa, eu tô precisando de um dinheiro extra. Faz seu meio-irmão pagar e eu fico em silêncio.
NICOLAS — O quê? Como assim?
MOREIRA — Vocês tem até o natal, certo? Até breve.
Moreira sai. Lorenzo surge na sala.
LORENZO — Por que não me entregou?
NICOLAS — Se ouviu tudo, por que não veio limpar sua barra?
LORENZO — Sabe o que aconteceu, eu...
NICOLAS — (interrompe) Eu sei bem o que aconteceu. Eu estava lá, Lorenzo.
LORENZO — Por que não disse nada à ele?
NICOLAS — Você não conhece o Moreira, ele não iria acreditar, cara. Olha, eu não sei, mas você precisa dar um jeito de pagar o delegado, e eu também. Meu silêncio vale ouro.
LORENZO — Você também? Por quê? Sabe o que aconteceu, sabe que não matei ninguém.
NICOLAS — Quer ir pra Fundação Casa?
LORENZO — Não... Eles iriam puxar minha ficha e ia dar merda. Tá, tá.. Eu só preciso de um tempo.
Lorenzo pega o cigarro em cima da mesa e sai. Rafael surge na cozinha.
RAFAEL — Do que estavam falando?
NICOLAS — Nada.
RAFAEL — Vocês estão se dando bem?
NICOLAS — A única coisa que não tá dando é esse clima entre você e eu.
RAFAEL — Eu avisei que nós iríamos parar com isso.
Nicolas se aproxima de Rafael e acaricia o peitoral dele.
NICOLAS — Eu não resisto em te ver dormindo sem camisa, com essa bermuda e sem cueca.
RAFAEL — Como sabe que estou sem cueca.
NICOLAS — Quando você anda da pra ver seu pau balançando na bermuda.
Nicolas se aproxima e acaricia o pênis de Rafael por cima da bermuda.
NICOLAS — Sabe que eu já vi seu pai pelado, vocês tem o mesmo tamanho, e eu não tô falando em altura. Se fossem pai e filho de sangue, poderia dizer que era genética.
RAFAEL — (se esquiva) Para! Com o Lorenzo lá fora, não! Para com isso.
Rafael se vira para o quarto.
NICOLAS — Aonde vai?
RAFAEL — Por uma cueca e esconder o meu “pauzão”.
Rafael sai.
CENA 05/RUA/EXTERIOR/DIA
Lorenzo está fumando um cigarro encostado no muro da casa. Bruno se aproxima.
LORENZO — Você de novo, é muita cara de pau você aparecer aqui.
BRUNO — Foi mal por ontem. A gente tinha fumado um.
LORENZO — Vocês mataram um cara!
BRUNO — Nós não, o Iago fez isso. E ele já está arrependido.
LORENZO — A Polícia foi me procurar, eu quase fui preso.
BRUNO — Você disse alguma coisa?
LORENZO — Eu estou preso agora?
BRUNO — Por que não te levaram?
LORENZO — Porque eu vou ter que pagar o delegado corrupto. Sabe como? Não, porque nem eu sei!
Bruno apaga o cigarro que estava fumando, rodeia Lorenzo e encosta do lado dele.
BRUNO — Posso te levar em um lugar, mas ninguém pode saber.
LORENZO — Vamos matar outro cara?
BRUNO — Um dia, tem muita gente ali que eu não suporto. Falando sério, é coisa limpa, e dá muito dinheiro. Vem comigo.
CENA 06/MANSÃO DE ÁUREA/INTERIOR/DIA
Áurea está ao telefone, caminhando de um lado para o outro.
ÁUREA — (ao telefone) Não, filha. Você não precisa voltar, eu tenho muito dinheiro, nós vamos encontrar seu irmão. Fica aí em Paris, não se preocupe. Eu te amo.
Áurea desliga. Fabrício entra.
FABRÍCIO — Quem era?
ÁUREA — A Barbara, ela quer voltar para o Brasil. Eu já tirei essa ideia da cabeça dela.
FABRÍCIO — Eu falei com o Moreira, ele disse que não pode fazer nada até que de vinte e quatro horas do desaparecimento. Mas, eu contratei um detetive particular.
Murilo entra.
MURILO — Olá, olá.
ÁUREA — Você? (Ri) Ele vai procurar nosso filho?
FABRÍCIO — Sim, algum problema?
ÁUREA — Todos. Esse garoto? Amor, esse menino não tem nem vinte anos de idade.
MURILO — Eu tenho vinte e cinco. Sou filho do Moreira. Ele tem o trabalho dele na Polícia, mas eu sou detetive e investigador particular. Eu te garanto, se eu não encontrar seu filho, eu abandono minha carreira.
CENA 07/PARIS/APARTAMENTO DE BARBARA/QUARTO/INTERIOR/DIA
Barbara está deitada, mexendo falando no celular.
BARBARA — (ao celular) Você não perde por esperar, João. Minha mãe não quer que eu vá, mas eu vou, sim, nem que eu apareça de surpresa. E você vai me ajudar em tudo quando eu chegar aí.
CENA 08/MANSÃO DE FRED/INTERIOR/DIA
Trilha: Massive Attack – Angel
Bruno e Lorenzo cruzam o portão. Lorenzo vê a enorme mansão e a enorme piscina. Ele observa toda a decoração milionária em volta da piscina e alguns jovens nadando e fumando Maconha na beira. Eles entram na mansão. Lorenzo vê todo o luxo.
CENA 09/CASA DE DENIS/INTERIOR/DIA
Ainda com a mesma música intercalada, Nicolas para na porta do banheiro e vê o chuveiro ligado. Ele entra discretamente e tranca a porta. Através do “box de vidro” ele vê Rafael pelado, é possível ver a bunda dele. Nicolas enfia a mão por dentro da bermuda, provavelmente está se masturbando. Rafael abre o box.
RAFAEL — O que você está fazendo aqui?
Nicolas abaixa as calças.
NICOLAS — Eu sei que você estava com saudades.
Nicolas entra pelado no box, ele e Rafael ficam embaixo do chuveiro. Através do vidro, com a imagem embaçada por causa do vapor da quentura do chuveiro, é possível ver Nicolas abaixando e fazendo sexo oral em Rafael.
CENA 10/MANSÃO DE FRED/INTERIOR/DIA
Instrumental Suspense
Bruno e Lorenzo estão dentro de uma sala. Há uma mesa de vidro, um sofá, praticamente um escritório. Na sacada, uma enorme porta de vidro, com uma proteção também de vidro com vista para a piscina. Fred entra.
FRED — Olá.
BRUNO — Fred, eu chamei o Lorenzo, vocês têm muito para conversar.
FRED — Disse alguma coisa à ele?
BRUNO — Nada.
FRED — Perfeito, Bruno. Pode ir.
Bruno sai.
LORENZO — Eu vim porque o Bruno disse que tinha trabalho. Mas não disse o que era.
FRED — Lorenzo, garoto do interior. Sorocaba, isso?
LORENZO — Como sabe sobre mim?
FRED — O Lorenzo me mostrou seu Instagram ontem, eu pedi para ele ir te procurar.
LORENZO — Você é a conta que começou a me seguir ontem. O que quer comigo?
FRED — Por incrível que pareça o Bruno não imaginava que você estava precisando de dinheiro quando foi te procurar, mas ele já ia te chamar para trabalhar comigo.
LORENZO — E qual é o tipo de trabalho?
Fred cruza a sala, acende um charuto e caminha até a sacada. Lorenzo vai atrás.
FRED — Eu tenho um site erótico privado. Ele rende muito, muito dinheiro.
LORENZO — E o que eu tenho com isso? Onde eu entro nisso.
FRED — Você entra em muita coisa. E pelo volume, vai entrar muito.
LORENZO — Volume? Não estou entendendo.
FRED — (revira os olhos) Garoto do interior, ingênuo. Se não fosse gostoso, eu te mandaria para rua. Eu quero que você faça dois filmes para o meu site e eu dou o dinheiro que você precisa.
Lorenzo encara Fred.
Fim do Episódio
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