Voz da Bossa - Cap 031
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Anderson
confronta Eleonora e Astolfo rebate:
Anderson – Vagabunda,
ordinária. Ficou com todo o dinheiro do meu pai e tem a pachorra de dizer que
sentiu a minha falta.
Astolfo – Não fale
assim com a minha mulher rapaz!
Anderson – E você
cale a sua boca. Não passa de um banana influenciável. Como pode um banqueiro
ver a esposa aplicando um golpe num jovem como eu era na época? E ainda foi
omisso e conivente com todo esse circo.
Eleonora – Amor me
deixa conversar com este nobre rapaz. Temos algo pendente para resolver.
Astolfo – Qualquer
coisa é só me chamar.
Astolfo vai
até o quiosque e Eleonora responde Anderson:
Eleonora – Você
deveria se preocupar com o escândalo que a sua filha se envolveu com um homem
casado e não com algo que aconteceu a trinta e três anos atrás.
Anderson – Não
coloque a minha filha no meio dessa proza visse? Não desvie o rumo da conversa.
Eleonora – Estou
apenas falando a verdade. Da mesma forma que você me julga por ser amante do
seu pai enquanto sua mãe estava no leito de morte, sua filha se envolve com um
homem casado e com família.
Anderson – Existe
uma enorme diferença entre ela e você. Minha filha tem caráter, pode ser
rebelde, mas não se faz golpista como você.
Eleonora – Nossa que
grande diferença. Pais cego são os piores vide o seu que morreu e passou todo
para mim.
Anderson – Ele foi
manipulado por você e pode ter certeza que ei de recuperar o que é meu.
Eleonora – É o que
veremos, o seu pai passou tudo para mim na maior e absoluta legalidade,
portanto, as apólices dele são minhas por direito.
Anderson –
Você nunca teve direito a nada, sempre foi nossa empregada e nunca passou
disso.
Eleonora – Posso até
ser ex-cocheira, mas nada me faz ser uma pessoa tão ordinário como você e a
songa-monga da sua mãe
Anderson esbofeteia Eleonora e a agride com socos. Astolfo separa a briga e o cantor é preso em flagrante.
CENA 002.
APARTAMENTO VOYER. SALA. INTERIOR. DIA/TARDE
Após o
enterro, Ereoades tenta impedir Tomás de viajar.
Ereoades – Você não
pode viajar nesse estado, a sua mãe acabou de ser sepultada.
Tomás – Se eu
ficar aqui terei lembranças dela o tempo todo. Tenho que ir a Petrópolis para
espairecer um pouco.
Ereoades – Quer que
eu te leve pra lá com a segurança dos militares.
Tomás – Não
precisa, eu sei ir muito bem sozinho.
Ereoades – Rapaz, tu
está desafiando a própria vida [...].
Tomás – Prefiro
arriscar minha própria vida do que ficar sem a minha mãe por perto. Ela é quem
me dava apoio político, foi ela que me fez me tornar esse homem importante que
sou hoje.
Ereoades – Eu entendo
a sua dor, mas não justifica você se isolar por lá desse jeito.
Tomás – Justifica
sim! Já não tenho mais família mesmo, então pouco me importar está aqui no Rio.
Ereoades – Você tem
seus filhos e sua ex-mulher.
Tomás – Não quero
me aproximar desse povinho, tão menos de um filho efeminado e das moscas mortas
da Ana e Lilian. Tenho nojo. Com licença que preciso descer com as malas.
Ereoades
ajuda Tomás com as malas. Ao chegar à calçada, uma pessoa mascarada atira cinco
vezes no peito do político e sai correndo. Os militares o seguem. No chão Tomás
diz:
Tomás – O meu
legado na terra termina por aqui. Pegue as pastas com projetos no meu
escritório.
Ereoades – Não fale
isso nem brincando e reaja.
Tomás tenta
reagir, mas acaba falecendo. Desesperado, Ereaodes pede ajuda aos moradores. Do
outro lado da calçada, Valentina pergunta a Rodolfo.
Valentina – O que será
que houve em frente do Apartamento Voyer?
Rodolfo – Parece que
surgiu uma pessoa atirando num homem.
Valentina – Jesus
misericordioso. Esse Rio de Janeiro é um perigo, antes eu ficasse lá na Europa.
Rodolfo – O Rio de
Janeiro não é tão violento e não se esqueça de que os militares são uns
brutamontes.
Valentina – Não me
lembre desse valioso detalhe.
Rodolfo – Pelo
visto a senhora está muito curiosa para saber quem foi morto.
Valentina – Vamos lá
ver quem é o dito cujo.
Rodolfo e
Valentina atravessam a rua e pedir licença às pessoas no derredor, a senhora
reconhece Tomás e se espanta:
Valentina – Não
acredito!
Rodolfo – Você o
conhece senhora Valentina.
Valentina fica paralisada e se lembra de que Tomás a abusou numa festa de Assis Chateaubriand. Após reconhecer o cadáver, deixa o local com o empregado.
CENA 003.
APARTAMENTO DOS BOCAÚVA CONCEIÇÃO. SALA. INTERIOR. DIA/TARDE
Davi abre a
porta do apartamento e se depara com Alma Dana:
Davi – Vó? O que
faz aqui uma hora dessas?
Alma Dana – Vim falar
com a sua mãe, ela está?
Davi – Ela está
na cozinha preparando o jantar.
Alma Dana – E você?
Vai pra onde?
Davi – Eu vou à
casa dos meus amigos, iremos ao cinema assistir Noviça Rebelde.
Alma Dana – Noviça
Rebelde é um excelente filme e recomendo.
Selma escuta
Alma Dana e diz:
Selma – Dona Alma,
o que faz por aqui?
Alma Dana – Vim
conversar contigo, algo de nossa importância.
Davi – Bom, estou
me retirando, tenham uma boa tarde.
Alma Dana
beija a testa de Davi e Selma o coloca no elevador e iniciam uma conversa na
sala.
Selma – O que você
quer falar?
Alma Dana – Sobre o
seu casamento com o Adriano.
Selma – Não quero
mais falar ou saber dele. Ele que viva feliz com aquela vagabunda para lá.
Alma Dana – Selma,
você está se ouvindo? Está agindo como uma pessoa fraca perante essa maldita
traição do Adriano contigo.
Selma – Não é ser
fraca, não quero ficar com fama de mulher traída por ai. Ele quis se aventurar
com a filha do seu patrão, agora que ele sofra as consequências de toda essa
situação que ele se colocou.
Alma Dana – Eu te
entendo e digo mais, quando eu fui traída pelo Godofredo, eu senti esse mesmo
ódio seu pelo Adriano agora. E sabe o que fiz para manter o nosso matrimônio?
Busquei todas as formas de ser uma mulher forte, ríspida e independente. O que
fez o casamento de vocês esfriarem foi o excesso de trabalho.
Selma – Eu
trabalho exaustivamente para manter essa casa de pé. Lavo, passo roupas,
cozinho e faço tudo para ter um lar mais harmonioso e uma vida melhor com meus
filhos. A traição do Adriano com a minha pessoa não foi excesso de trabalho,
foi a falta de caráter da parte dele.
Alma Dana – Eu o
condenei por isso e ele está sofrendo pelo ocorrido.
Selma – Que
pensasse antes de me trocar pela outra lá. Não adianta chorar sob o leite
derramado.
Alma Dana olha para Selma que fica assustada.
Selma – O que foi
Alma? Está se sentido bem?
Alma Dana – Estou me
sentindo bem! Queria eu ter essa força que você tem e essa determinação para a
minha vida. Entendo a sua dor e o seu sofrimento pelo fim do casamento, mas o
perdão nos tira um fardo pesado de nossas costas. Não estou defendendo o
Adriano, pelo contrário, eu quero o bem e a felicidade de vocês. O que agrada
aos orixás é um coração puro e limpo, e você tem isso, basta querer. Este é o
meu conselho.
Alma Dana
abraça Selma e deixa o apartamento. A dona de casa fica pensativa e começa a
chorar.
CENA 004.
HOSPITAL PÚBLICO DO RIO DE JANEIRO. QUARTO. INTERIOR. DIA/TARDE
Lilian
conversa com Oscar no quarto do hospital:
Oscar – Mãe, você
não deveria está trabalhando?
Lilian – Estou aqui
no hospital desde cedo para te acompanhar.
Oscar – O medico
já me diagnosticou? Eu estou bem?
Lilian fica
nervosa e diz:
Lilian – Você foi
diagnosticado com AIDS e é o portador dessa doença.
Oscar – Isso não
pode estar acontecendo comigo. Não é possível.
Lilian – Pois é e
soube também das suas aventuras fora de casa, é verdade?
Oscar – Sim minha
mãe, eu me aventurei e namorei outros rapazes além do Renato. Antes de você
acusa-lo de algo, tive uma noite de orgia no carnaval, me excedi bebendo e o
conheci lá. Ele estava saindo do trabalho.
Lilian – Porque
isso meu filho? Você sempre teve tudo nessa vida.
Oscar – Tive tudo
menos uma coisa, o amor do meu pai e sua disponibilidade. Meu pai nos abandonou
quando mais precisamos e você não tinha tempo nem pra mim e nem para a Ana. E
para suprir esse vazio, eu saia com amigos e chegava só de manhã. Ficava tão
feliz e eles me aceitam do jeito que eu sou.
Lilian – Se você me
sentia atrações por rapazes, eu te entenderia.
Oscar – Você não
iria me entender jamais. Sempre foi voltada para a religião e iria me condenar
eternamente por isso. Eu estou aqui nesse leito por consequências dos meus atos
e estou pagando por isso.
Lilian – Não fale
dessa forma, o médico me disse que você tomará remédios e terá um tratamento
continuo até o fim da sua vida.
Oscar – Que bom,
agora espero sair daqui e preciso conversar com o Renato.
Lilian – Ele foi
trabalhar, mas passará aqui daqui a pouco.
Oscar – Ótimo,
preciso descansar, não estou me sentindo muito bem.
Lilian se
retira e chama um dos médicos. A telefonista estranha o movimento no hospital e
pergunta a um dos médicos:
Lilian – O que está
acontecendo aqui? Cheio de jornalistas lá fora.
Médico – Um
político acabou de ser assassinado há sete minutos.
Lilian – Quem é
esse político?
Médico – É um tal
de Tomás Monteiro. O corpo dele será levado para avaliação.
Lilian se sente mal e desmaia. Os médicos a socorrem.
CENA 005.
MANSÃO MAGALHÃES ARANTES. SALA DE ESTAR. INTERIOR. DIA/TARDE
Mirian
entrega o jornal para Marília e diz:
Mirian – Aqui está
o seu jornal senhora.
Marilia – Muito
obrigada! Hoje deve está pipocando de novidades.
Mirian – O Rio está
movimentado. Teve duas mortes em pouco tempo.
Marília – Cruz
credo! Penedo, lá em Alagoas pode ser um fim de mundo, mas prefiro o marasmo do
que essa violência adoidada aqui do Rio.
Mirian – Sinto
falta do nosso Penedo.
Marília – Não sinto
a menor falta, prefiro esquecer Alagoas e aquele lugar.
Mirian – Ih esqueci
a panela no fogo. Com licença
Mirian corre
para a cozinha e Marília abre o jornal. Jonatan chega em casa desesperado:
Jonatan – Mãe, o meu
pai foi preso!
Marília – Como é que
é? O que houve com ele?
Jonatan – Ele
agrediu uma mulher no calçadão e levaram para prestar depoimento.
Marília – Iremos
agora resolver isso.
Jonatan e Marília deixam a mansão e entram no carro.
CENA 006.
CADEIA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO. SALA DE VISITAS. INTERIOR. DIA/TARDE
Maria Luísa
recebe a visita de Clair:
Maria Luísa – Clair
quando eu irei sair deste lugar?
Clair – Não temos
previsões ainda e pelas investigações feitas, você ficará mais tempo presa.
Maria Luísa – Porque
continuarei presa se fiz isso por legítima defesa há mais de trinta e três
anos?
Clair – Porque
descobriram que você fraudou os documentos para abrir o Clube de Música,
sabendo que perante a lei, mulheres não podem ser donas de negócios sem a
assinatura do marido.
Maria Luísa – O Barão
que era dono deste espaço me concedeu os documentos.
Clair – Mas ele
tinha ligações com o jogo do bicho. A sua situação se complicou ainda mais na
justiça.
Maria Luísa – E o
Anderson? Ele sabe que estou aqui?
Clair – Anderson
está resolvendo problemas familiares e não passou mais no Clube de Música.
Maria Luísa – Não
acredito que ele me abandonou dessa maneira.
Clair – Do que
você está falando?
Maria Luísa – Eu estou
esperando um filho dele.
Clair – O que?
Está gravida de quantos meses?
Maria Luísa – Três
meses.
Clair fica
sem reação e Maria Luísa sofre na prisão.
Fim do capítulo 31
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