Voz da Bossa - #TerceiroCapítulo
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Anderson Claudio Omar
Solano Godofredo Astolfo
Marília Lorena Clair Adriano Alma Dana Nelson
Maria Luísa Golias Paschoal Selma Eleonora
CENA 001.
FAZENDA DOS ARANTES MAGALHÃES. SALA. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Ao entrar na
fazenda, Omar se assusta com o estado de Anderson e Paschoal tira satisfação.
Omar – Anderson,
o que aconteceu aqui? Está tudo destruído.
Paschoal – Quero
saber também o que aconteceu com a minha fazenda [...].
Anderson se
levanta e confronta o leiloeiro:
Anderson – Sua
fazenda foi a puta que te pariu. Essas terras são minhas, isso aqui é tudo meu
e ninguém me tira daqui, visse?
Paschoal – Realmente
as dívidas é toda sua, mas, se não quita-los, o governo toma essas terras.
Anderson
tira arma da gaveta da sala e ameaça Paschoal.
Anderson – Se você continuar aqui, eu não
respondo por mim.
Omar – Anderson
tenha calma, não faça nenhuma besteira.
Anderson – Então
tira esse filho da puta daqui.
Omar – Senhor
Paschoal, por favor, retorne em outro momento mais propicio. O Anderson se
encontra transtornado com essa situação.
Paschoal – Eu volto
num outro momento, mas quero o dinheiro das dívidas no meu bolso, visse? Com
licença.
Paschoal se
retira e Omar conversa com Anderson.
Omar – Rapaz, tu
precisa ter calma. Não é quebrando tudo que vai resolver sua situação.
Anderson – É
inadmissível que a aquela cocheira de merda, tenha me tirado tudo. Essa fazenda tem uma história muito linda
para chegar agora e meu pai entregar tudo para uma desconhecida.
Omar- A justiça
divina pode demorar, mas jamais vai falhar. O que ela fez contigo vai contra
ela, visse? Então, enxugue suas lagrimas e enfrente o problema de cabeça
erguida.
Anderson – Não sei o
que será de mim com o monte de dívidas. Não poderei assumir a Rádio Morada como
o Viriato queria, terei que focar em liquidar todas as pendências.
Omar – Eu te
entendo, estou aqui para isso.
Anderson chora e Omar consola o amigo.
CENA 002.
CLUBE DE MÚSICA ARAPONGA. SALÃO. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Madame Clair
se surpreende com a ornamentação de Maria Luísa.
Madame Clair
–
Que lindo, bastou eu sair para você deixar o ambiente com o perfil de um clube
de música.
Maria Luísa – Obrigada
madame, o que eu fiz não foi mais que a minha obrigação.
Madame Clair
–
Não se subestime, você é muito talentosa.
Maria Luísa – Obrigada
madame e nem sei como te agradecer.
Madame Clair
–
Não é preciso! Ah, tenho uma novidade para você.
Maria Luísa – Que
novidade?
Madame Clair
–
Encontrei um apartamento simples para você ficar. O aluguel é barato e será
fácil para o deslocamento para sua vinda ao trabalho.
Maria Luísa – Estou
muito feliz, você está sendo um anjo na minha vida.
Madame Clair
–
Eu gostei de você Malu, e quando gosto de uma pessoa, faço o possível para
vê-la bem.
Maria Luísa abraça Madame Clair emocionada.
CENA 003.
HOTEL MARDOCE. QUARTO. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Alma Dana
chega de surpresa e Adriano diz:
Adriano – Finalmente
a Dona Alma Dana aparece!
Alma Dana – Oh meu
filho, estava muito debilitada por conta da depressão.
Adriano – Mãe, você
precisa superar essa perda, eu estou aqui para te consolar nos momentos bons e
os mais difíceis.
Alma Dana – Essa
minha filha que estava esperando era tudo pra mim.
Adriano – Eu sei
disso, mas promete que vai se cuidar?
Alma Dana – Prometo
sim e farei o possível para sair dessa má fase.
Adriano – Fico muito
feliz por você! Quer um café ou um chá de erva cidreira?
Alma Dana – Não
precisa filho, eu acabei de comer uns petiscos no botequim aqui pertinho e são
gostosos.
Adriano – Você
precisa se alimentar bem hein?
Alma Dana – Pode
deixar, não se preocupe.
Adriano e Alma Dana conversam durante o café da manhã.
CENA 004.
CASA DOS GUIMARÃES. QUINTAL. EXTERIOR. DIA/TARDE
Sozinha, Lorena
é surpreendida com a invasão de Golias no quintal de sua casa.
Lorena – Que susto!
O que faz aqui senhor Golias?
Golias – Vim aqui
para acertar as contas com o seu marido pela morte do meu filho.
Lorena – Ele não se
encontra no momento.
Golias – Que pena,
mas vou encontra-lo e se não conseguir, você terá pagar a morte de Miranda com
a sua vida.
Lorena fica
frente a frente com Golias e diz:
Lorena – Eu não
tenho medo de você e tão menos do poder da sua família, visse? E tem mais, eu
não compactuo em nada sobre a morte do seu filho, eu mesma o repreendi. Se
quiser me matar, seja homem e honre com a sua palavra.
Golias – Repreensão
não trará a vida do meu filho de volta e tão menos o seu enfrentamento.
Lorena – Que bom,
agora se tiver que cobrar algo, procure-o, não tenho nada a ver com as dívidas
dele, visse?
Golias – Isso não
vai ficar assim!
Lorena – Tenha um
bom dia, senhor Golias, agora pode se retirar da minha casa.
Golias deixa
o quintal de Lorena e a dona da casa enfrenta o rival e volta a estender a
roupa no varal.
CENA 005.
PRAÇA DE ALMIRANTE DOS ANJOS. EXTERIOR. DIA/MANHÃ
Selma
conversa sobre o estado de saúde de Alma Dana com Capitão Godofredo.
Selma – Ainda acho
arriscado vocês terem deixado o Rio.
Godofredo – A Alma
Dana estava muito mal após o aborto espontâneo. Aqui, ela se distrai, respira
novos ares e retorna a ser a mulher forte que era antes.
Selma – A Dona
Alma tentou engravidar novamente?
Godofredo – Ela não
quis ter outro filho e adotamos o Adriano.
Selma – Eu achava
que o Adriano era filho legítimo de vocês.
Godofredo – O Adriano
foi abandonado no morro do Cantagalo com oito meses de vida, e colocaram um
bebê no nosso portão ao descobrirem que Alma tinha perdido a nossa filha.
Selma – Eu não
sabia dessa história do Adriano [...].
Godofredo – Nunca
dissemos isso a ele, porque sempre o tratamos como se fosse nosso. Ele não
merece sofrer ao saber dessa história.
Selma – Vocês são
um exemplo de pais para o Adriano e espero que isso reflita nele.
Godofredo – Adriano
teve uma educação digna, coisa que os brancos precisam ter um pouco mais nesse
mundo.
Selma – Em relação
essa história, guardarei pra mim.
Godofredo – Fico
feliz em fazer o meu filho bem. Bom vou comprar um algodão doce pra gente,
andar nessas ruas cansam. Com licença.
Selma admira a praça e Godofredo vai até a barraca de algodão doce.
CENA 006.
ESTRADA ALMIRANTE DOS ANJOS. EXTERIOR. DIA/MANHÃ
Claudio se
encontra com Nelson e os dois iniciam a proza:
Claudio – Senhor
Nelson, como anda as coisas?
Nelson – Andam bem,
visse? Você quer alguma coisa?
Claudio
oferece uma mala cheio de dinheiro:
Claudio – Aqui está
a maleta cheio de cruzeiros, mas antes quero te fazer uma pergunta, morreu
todos naquela explosão do trem?
Nelson – Sua
armadilha deu certo, mas teve um único sobrevivente, visse?
Claudio – Quem foi o
dito cujo que sobreviveu?
Nelson – Um tal de
Anderson Arantes, ele mora em Almirante dos Anjos.
Claudio – Miserável,
esse desgraçado continua vivo.
Nelson – Porque
quer matar o rapaz, homem?
Claudio – Esse tal
de Anderson, o pai dele, me deve uma fortuna, assim como a família Miranda.
Nelson – Cabra, tu
está arranjando problema para sua cabeça, visse? Você não pode gastar dinheiro
apostando e envolvendo pessoas dessa maneira.
Claudio – Não vou
descansar até conseguir o que eu quero, o poder desta cidade em minhas mãos.
Nelson – Desse
jeito, você vai acabar sendo morto, isso sim.
Claudio – Fica
quieto e não me roga praga.
Nelson
recebe a maleta de dinheiro, entra no carro e vai embora. Sozinho na estrada,
Claudio é visto por Golias e diz:
Golias – Agora
chegou sua hora de conhecer o diabo!
Escondido, Golias se aproxima e dispara várias vezes contra Claudio que ao tentar reagir, leva um tiro na cabeça. Golias cospe sob o corpo e deixa o local. Os urubus se aproximam do cadáver e se alimentam da carniça.
CENA 007.
MANSÃO DOS OLIVEIRA CHAGAS. SALA. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Após uma longa viagem, Eleonora e Astolfo chegam em Niterói e
são recebidos por Solano.
Solano – Sejam bem
vindos a antiga mansão de Dona Hilda Oliveira.
Eleonora – Obrigada
Solano! Ah está com a chave ai?
Solano abre
a bandeja com a chave da casa e a escritura e diz:
Solano – Essa
mansão é toda sua senhora. Com licença.
Solano se
retira da mansão e Eleonora comemora:
Eleonora – Agora
essa mansão é toda nossa!
Astolfo –
Finalmente teremos a vida que merecemos.
Eleonora – E já sei
como comemorar.
Astolfo – E como
iremos comemorar?
Eleonora – Me siga e
saberás.
Eleonora e Astolfo sobem para o quarto e a cocheira se insinua para o marido. Os dois ficam nus e se beijam na cama.
CENA 008.
FAZENDA DOS ARANTES MAGALHÃES. RIO. EXTERIOR. DIA/MANHÃ
No Rio, Omar
se despede Anderson:
Omar – Querido,
terei que retornar a rádio. Qualquer coisa é só mandar um telegrama.
Anderson – Pode
deixar Omar, se precisa te mando um telegrama ou ligo do telefone público.
Omar – Não faça
nenhuma besteira e não confronte mais nenhum leiloeiro que possa aparecer,
visse?
Anderson – Fica
tranquilo, pode ir trabalha na rádio. Ficarei admirando a vista desse terreno.
Omar – Ok então,
tenha um bom dia!
Omar deixa o
Rio e Anderson diz para si mesmo:
Anderson – Ainda irei
de dar a volta por cima, o Deus lhe dá, o diabo não tira. Serei um homem de
palavra e ei de fazer justiça com aquela mulher que me fez mal.
Anderson deixa
uma lágrima escorrer do seu olho e vê a imagem de Iemanjá no rio e diz:
Anderson – Que seu
manto sagrado me proteja.
Anderson faz oração a Iemanjá e promete fazer justiça contra Eleonora.
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