Vida - Cap 084

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  Logotipo da web novela (Foto: Divulgação) Produção Original MF Criada e escrita por Patrícia Santos Capítulo 084 Luís aceita o dinheiro de Hugo e manda Salgueiro descobrir onde Olavo está escondido. Marcos desabafa com Monalisa. Vanessa sofre pelo fim de seu namoro com Jeremias. Suzana e Max passeiam juntos e vão para a ONG. Salgueiro descobre onde Olavo está escondido e conta para Luís. Tatiane brinca com Ramon e promete para o filho que eles vão conseguir sair da casa de Luís. Diogo questiona Dayse pela raiva que ela sente de Eduarda. Sandro transa com algumas prostitutas. Maria discute com Antônio por ele ter chamado apenas Daniel para trabalhar na empresa. Daniel conversa com Joana sobre a proposta que recebeu de Antônio. Luís avisa Hugo sobre o esconderijo de Olavo. Marcos convida Monalisa ir até a casa dele e ela aceita. Terezinha deixa um celular para Olavo ligar para ela quando precisar. Lázaro aconselha Jeremias a voltar com Vanessa. Mônica tenta convencer Nayara a denunciar

Riscos de Vida - #PrimeiroEpisódio #Estréia

 

Logotipo da web série (Foto: Divulgação)

Produção Original Star TV

Escrita e criada por Leonardo Lima.

Episódio 001

CENA 001. PONTE HERCÍLIO CRUZ. AMBULÂNCIA. INTERIOR. DIA/TARDE

INTRODUÇÃO: O motorista liga a sirene da ambulância e os carros abre espaço na Ponte Hercílio Cruz. Na parte traseira, Rebeca tenta controlar a crise convulsiva do paciente e responde a Soraia.

Rebeca – Soraia me ajude com esse rapaz! Ele está com a pressão caindo devido essa crise convulsiva.

Soraia – O que você aplicou na veia desse rapaz?

Rebeca – Tive que colocar morfina, eu achava que ele estava tendo outra coisa.

Soraia – Ficou doida? Não pode dar qualquer remédio para o paciente?

Rebeca – Eu não sabia onde estava o Gadernal de quarenta miligramas [...].

Soraia procura em seu nécessaire o diazepam e aplica a injeção no acesso do paciente com o remédio e diz:

Soraia – Agora é esperar que o remédio faça efeito e que paciente não venha a óbito.

Rebeca abaixa a cabeça sem direito de resposta. Ao chegar no Hospital San Marino, Soraia abre a porta da traseira da ambulância junto com a equipe médica e Rebeca deixa o prontuário do paciente na recepção. A maca com o paciente é levado para a sala amarela. Entrando na sala dos médicos residentes, Amanda comenta:

Amanda – O hospital está um Deus no acuda.

Susana – Porque está dizendo isso? Nem parece que conhece a nossa rotina.

Amanda – Mas hoje está fora do normal. A Soraia acabou de levar um paciente para a sala amarela. Pelo visto, o estado é instável.

Susana – Então o negócio está bem feito para ir a sala amarela.

Nicolas entra na sala e responde a colega:

Nicolas – O rapaz teve uma crise convulsiva, não é nada demais para a gente se preocupar.

Amanda – Susana pode dar uma licencinha? Preciso conversar com o Nicolas.

Susana – Ok, mas não se matem!

Susana deixa a sala e Amanda rebate Nicolas:

Amanda – Como pode ser tão frio assim? Chegar aqui e dizer que o paciente tem convulsão e afirma que não é nada demais?

Nicolas – Querida Amanda, quando a pessoa tem crise epilética ou convulsiva, seja como for, precisa agendar uma consulta para saber se tomará remédio de uso continuo e pelo visto, esse paciente nunca procurou um acompanhamento médico.

Amanda – E como você sabe que ele não tem acompanhamento médico? Sabe da vida dele?

Nicolas – Pesquisei o número da ficha do paciente no sistema operacional do hospital e a mãe dele conversou comigo e disse que ele nunca foi ao médico e não tomava o Fenobarbital regularmente. A gente fez uma campanha recente no hospital, mas parece que esse povo pouco se importa.

Amanda – Embora você tenha corrido atrás de informações, não seja acido, tenha amor às vidas. O seu juramento vale mais que o seu sadismo. Com licença!

Amanda se retira da sala e Nicolas diz sozinho:

Nicolas – É, foi promovida ontem agora paga de patroa. [Risos]

Nicolas tira o celular do bolso, se joga no sofá e entra no aplicativo de mensagens instantâneas e conversa com amigos da balada.

CENA 002. HOSPITAL SAN MARINO. SALA DE REUNIÃO. INTERIOR. DIA/TARDE

Com todos os acionistas presentes, Anália inicia a reunião presidencial:

Anália – Bom dia acionistas! Essa reunião foi marcada para debatermos o assunto quanto à presidência do Hospital San Marino. Num voto unânime entre os colaboradores, Vitória foi escolhida para assumir este cargo.

Rodolfo – Dona Vitória posso te fazer uma pergunta?

Vitória – Pode sim, prossiga!

Rodolfo – Você realmente está interessada de assumir o San Marino? Como todos sabem, o hospital tem faltado insumos e temos dificuldades de acertar um acordo vantajoso com algum plano de saúde [...].

Anália interrompe e diz:

Anália – Doutor Rodolfo, essa pauta iremos debater depois.

Rodolfo – Depois? Até quando iremos deixar de pautarmos esse assunto? Estou no hospital há doze anos, já passamos por uma terrível crise e o que nos falta é um amparo do município de Santa Catarina e dos consórcios.

Os acionistas concordam com Rodolfo e Vitória rebate:

Vitória – Doutor Rodolfo, sim eu tenho interesse em assumir a presidência do Hospital San Marino. Fui criada pela família Vidal que detém cinquenta por cento das ações deste lugar no mercado. E sobre a falta de insumos, tenho um planejamento eficaz e menos custoso. Se o doutor e todos não sabem, sou dona da Promed, um dos planos de saúde que tem mais de sete milhões de beneficiários. Sendo eu a presidente do hospital, irei fazer o possível para manter a ordem.

Todos os acionistas aplaudem o discurso de Vitória e Rodolfo sussurra:

Rodolfo – Quero só ver se vai manter a ordem.

Do outro lado, Anália encerra a reunião:

Anália – A reunião está encerrada. Parabéns Vitória pela conquista!

Vitória – Eu que tenho agradecer a senhora pela oportunidade.

Sulamita entra na sala de reuniões e comemora:

Sulamita – Parabéns filha! Fico muito feliz por ter conquistado o posto de presidente.

Vitória – Obrigada mãe, se não fosse você e a senhora Anália, eu não estaria aqui.

Vitória, Sulamita e Anália deixam a sala de reuniões e conversam no corredor.

CENA 003. HOSPITAL SAN MARINO. REFEITÓRIO. INTERIOR. DIA/TARDE

Gutemberg deixa a lanchonete e comenta sobre a promoção de Vitória com Regiane:

Gutemberg – Está sabendo da novidade Regiane?

Regiane – Não acredito que deixou a chapa para fazer fofocas [...].

Gutemberg – Mas essa fofoca é boa!

Regiane – Diga-me qual é a fofoca do momento?

Gutemberg – Dona Vitória Bezerra é a nova presidente do Hospital San Marino.

Regiane se engasga com o suco e Gutemberg pergunta:

Gutemberg – O que houve para ficar nervosa?

Regiane – Essa dona Vitória, segundo dizem, é um cão em pessoa.

Gutemberg – Estranho que ela sempre foi tranquila com todos daqui.

Regiane – Ah meu filho, tudo é flores quando a pessoa quer votos, quando assume o cargo é outra história. Agora com a saída de Anália, o hospital sofrerá com ondas de demissões.

Gutemberg – Mas o hospital não está em crise, a Dona Anália deixou a presidência com todas as contas pagas.

Regiane – Nem parece que você trabalha aqui há anos Guto. Já tivemos um entre e sai de presidente do hospital e vive entrando em colapso financeiro, não sei o que eles fazem.

Gutemberg – Acredito eu que dessa vez, tudo vai ser diferente.

Regiane – Assim eu espero!

Regiane volta a lanchar e Gustavo repreende Gutemberg:

Gustavo – O que faz aqui ao invés de trabalhar? Está cheio de clientes no balcão.

Gutemberg – Estava aqui conversando com a Regiane. Vou retornar o trabalho. Até mais.

Gutemberg segue até o balcão e Gustavo diz:

Gustavo – Regiane, a doutora Soraia precisa da sua ajuda. Um rapaz teve convulsão e precisa de um acompanhamento.

Regiane – A Rebeca deveria estar responsável pelo paciente. Fui escalada para uma cirurgia para daqui a duas horas, não dá tempo.

Gustavo – Eu te cubro, fique tranquila. Vai lá cuidar do rapaz!

Regiane deixa o refeitório e Gustavo segue a cirurgiã.

CENA 004. HOSPITAL SAN MARINO. SALA DA PRESIDÊNCIA. INTERIOR. DIA/TARDE

Na sala da presidência, Sulamita questiona a nova rotina de Vitória como presidente do hospital:

Sulamita – Minha filha estou muito preocupada com a sua rotina daqui para frente.

Vitória – Porque essa preocupação? Você sempre quis que eu fosse promovida a presidência do hospital.

Sulamita – Agora tenho outra visão quanto a isso. Você é casada e aproveitará pouquíssimo tempo com o seu marido.

Vitória – Ah por isso que está preocupada? Mãe, o Carlos segue ocupado cuidando dos angolanos no hospital de campanha. Já doou um real para o povo carente de lá?

Sulamita – Faço isso toda semana. Falando no Carlos, ele voltará quando ao Brasil?

Vitória – Dentro de alguns dias. Irei o aguardar no meu apartamento.

Sulamita – Que ótimo! Filha irei me retirar para não te atrapalhar com os trabalhos. Vou a Promed para ver como anda as coisas por lá.

Vitória – Vai lá mãe!

Sulamita beija a testa de Vitória e deixa a sala. A nova presidente do hospital recebe uma chamada de vídeo de Carlos e atende:

Vitória – Meu amor, tu não morre tão cedo, minha mãe acabou de falar de você.

Carlos – Ora, falasse bem ou mal?

Vitória – Ela está preocupada com o nosso casamento. Assumi a presidência hoje e a rotina promete ser puxada.

Carlos – Entendo! Dentro de alguns dias estarei ai no Brasil, estou finalizando os trabalhos no hospital de campanha.

Vitória – Que maravilha e como anda as coisas ai?

Carlos – Bem tranquilo! Amor terei que desligar, depois nos falamos.

Vitória – Se cuida hein? Tchau!

Carlos retorna ao hospital de campanha e Vitória fica pensativa na sala da presidência.

CENA 005. HOSPITAL SAN MARINO. ÁREA EXTERNA. DIA/TARDE

Nicolas se aproxima de Rodolfo e ironiza derrota do cirurgião à presidência do Hospital San Marino.

Nicolas – Ser ou não ser, eis a questão! Adorei essa frase de William Shakespeare no TCC de medicina que tu fez e na campanha a presidência. É aquilo né? Nadou para morrer na praia.

Rodolfo – O que tu quer porra? Não enche o meu saco que estou sem paciência hoje.

Nicolas – Olha só que curioso, o maior cirurgião de Santa Catarina renomado no mundo está xingando, nervoso e ainda por cima, fumando faltando duas horas para uma cirurgia. Que belo exemplo. Esse ódio todo é porque a Vitória foi escolhida para ser a presidente? 

Rodolfo – Velho o que tu tem haver com isso? Porque não volta a trabalhar?

Nicolas – Eu não tenho nada a ver com isso, aliás, estou passeando porque em horário de almoço. E você se prepare, a nova presidente vai cortar suas regalias brevemente.

Rodolfo enfrenta Nicolas e responde:

Rodolfo – Você acha mesmo que aquela negrinha não vai cortar o seu barato? A partir de agora, os médicos residentes trabalharão dobrado e farão plantões se for preciso.

Nicolas – Eu não temo de fazer plantões, até porque, me formei em medicina para isso mesmo, trabalhar e salvar vidas. Agora você só está no hospital porque sua mãe quis. Toda ala médica sabe que o cirurgião máster comprou diploma e não tem nenhum cacife nem pra segurar um bisturi. 

Rodolfo – Você está me chamando de incapaz, moleque?

Nicolas – Eu não preciso te responder isso, basta escutar o que os outros dizem de você que saberá. Ah e antes de se referir à nova presidente, cuidado com as palavras, racismo é crime e se pegarem você no pulo, irão te prender pelo ato condenável e por exercer a função sem nenhuma qualificação no ramo. Com licença.

Nicolas entra no hospital e Rodolfo é abordado por Susana.

Susana – Doutor Rodolfo, a cirurgia está marcado para as seis horas.

Rodolfo – Já preparam o centro cirúrgico?

Susana – Está pronto e fizemos a higienização.

Rodolfo – Perfeito! Espera-me lá dentro, irei te passar as instruções.

Susana – Sim senhor!

Rodolfo joga o maço de cigarro no lixo e entra no hospital.

CENA 006. HOSPITAL SAN MARINO. SALA AMARELA. INTERIOR. DIA/TARDE

Regiane chega à sala amarela e pergunta a Soraia o estado de saúde do paciente:

Regiane – Como está o estado de saúde do paciente?

Soraia – Ele está estável. Logo assim que chegamos tivemos que fazer uma bateria de exames e constatamos entupimento em uma das artérias do coração.

Regiane – Gustavo me disse que o paciente teve convulsão [...].

Soraia – Sim, ele teve convulsão e consegui controlar.

Regiane – E a Rebeca? Não era para estar aqui contigo?

Soraia – Eu a afastei da função, infelizmente.

Regiane – Porque fez isso? Ela é uma ótima enfermeira.

Soraia – Ela é uma ótima enfermeira e uma péssima socorrista, acredita que deu morfina para o paciente em vez do Diazepam?

Regiane – Misericórdia! Mas conseguiu limpar o organismo do paciente?

Soraia – Consegui, agora ele será submetido a cirurgia e você foi escalada.

Regiane – Ah então ele era o paciente? Qual é o nome dele

Soraia – Teodoro Benevenuto Braga, ele tem sessenta e cinco anos. 

Regiane – Ótimo, vou ali dar uma olhada no Teodoro, pode ficar tranquila.

Soraia – Obrigada, irei autorizar a cirurgia e estarei de volta daqui a pouquinho.

Soraia deixa a sala amarela e Regiane se aproxima de Teodoro que acorda.

Teodoro – Onde estou? O que faço aqui?

Regiane – O senhor teve uma crise convulsiva e está sob orientação médica.

Teodoro – Eu não senti nada, estou bem doutora.

Regiane – O senhor Teodoro não teve alta. Ficará aqui até o estado de saúde se estabilizar cem por cento.

Teodoro – Preciso ir para minha casa doutora.

Regiane – Só irá para casa com autorização médica.

Teodoro conversa com Regiane e os médicos observam.

CENA 007. HOSPITAL SAN MARINO. SALA DOS ENFERMEIROS. INTERIOR. DIA/TARDE

Leandro cobra satisfações à Nicolas e o enfermeiro residente estranha o comportamento do colega de trabalho.

Leandro – Onde você estava? Doutora Soraia estava te procurando.

Nicolas – Eu estava dando uma voltinha e o que Doutora Soraia quer comigo?

Leandro – Ela te escalou para a cirurgia do paciente que teve convulsão. Segundo ela, detectaram uma fissura na artéria do coração.

Nicolas – Mas a Rebeca não tinha sido escalada?

Leandro – Doutora Rebeca foi afastada do cargo. Ela trocou os remédios e deu morfina em vez do Diazepam para o paciente.

Nicolas – Essa doutora Rebeca é desatenta para remédios e ágil quando vê um macho de jaleco. [Ironiza].

Leandro – Nicolas não seja irônico, a situação é séria.

Nicolas – Só quis descontrair. Hein, me encontrei com Rodolfo e ele está muito puto por não ter assumido a presidência do hospital.

Leandro – O que tu fez quando o viu?

Nicolas – Tirei sarro da cara dele e joguei umas verdades na cara.

Leandro – Rapaz não se meta com Rodolfo. Esse ai gosta que fuder com a vida dos outros. Quase que perdi o emprego aqui por causa dele.

Nicolas – Comigo ele não cresce, mas se fizer algo contra mim, eu o denuncio para o Sindicato dos Enfermeiros. Só eu sei que ele comprou diploma para seguir carreira como cirurgião e ganhou prêmios desmerecidamente. 

Leandro – É melhor deixa-lo quieto!

Nicolas – A doutora Soraia o escalou para essa cirurgia?

Leandro – Escalou e estará à frente da cirurgia, por quê?

Nicolas – Nada não, só queria saber mesmo.

Leandro – Olha o que tu aprontar. Vou preparar a escala e já volto.

Leandro deixa a sala dos enfermeiros e Nicolas manda mensagem pedindo o afastamento de Rodolfo.

CENA 008. HOSPITAL SAN MARINO. RECEPÇÃO. INTERIOR. DIA/TARDE

Danielle chega à recepção nervosa e Érica atende:

Érica – Boa tarde, o que a senhora deseja?

Danielle – Eu preciso ver o meu pai!

Érica – Qual é o nome do paciente?

Danielle – Teodoro Benevenuto Braga, ele tem sessenta e cinco anos. Aqui estão os dados.

Érica acha o nome de Teodoro no sistema e diz:

Érica – Ele não pode ser atendido agora, foi submetido a uma cirurgia.

Danielle – Cirurgia? O que houve com meu pai e o que fizeram com ele?

Érica – Aqui nos sistema o senhor Teodoro fará uma cirurgia dentro de cinco minutos. A causa não foi informada por segurança do hospital.

Danielle – Essa saúde brasileira é uma merda. Como pode não saber o motivo da cirurgia do meu pai?

Érica – Estou seguindo protocolos das diretrizes do hospital. Essa informação você terá apenas com a doutora responsável pela realização da cirurgia do seu pai.

Danielle – Quem está à frente da cirurgia?

Érica – Doutora Soraia Fontana Valente.

Danielle – Muito obrigada pela informação.

Érica atende outro paciente e Danielle vê os enfermeiros levando Teodoro para o centro cirúrgico e pergunta à Nicolas.

Danielle – O que houve com meu pai, doutor?

Nicolas – Ele teve uma fissura na artéria do coração, mas ele ficará bem.

Danielle se desespera e os enfermeiros entram no centro cirúrgico com Teodoro. Soraia anestesia o senhor e Nicolas higieniza o bisturi. Ao tentar entrar no centro cirúrgico, Rodolfo é barrado por Leandro.

Rodolfo – Ei estou na escala da cirurgia.

Leandro olha para a escala no tablet e diz:  

Leandro – Você não foi escalado para a cirurgia. Com licença!

Leandro entra no centro cirúrgico e Rodolfo fica incrédulo. Anestesiado, Nicolas e Soraia iniciam a cirurgia. A câmera se afasta com os enfermeiros operando o senhor de idade. 

CENA 009. HOSPITAL SAN MARINO. JARDIM. EXTERIOR. DIA/TARDE

Rodolfo flagra Rebeca sozinha e chorando e o cirurgião se preocupa com a colega de trabalho:

Rodolfo – O que houve Rebeca? E porque está chorando?

Rebeca – Eu fui afastada do meu cargo de enfermeira. Acidentalmente dei morfina para um paciente que estava tendo crise convulsiva.

Rodolfo – Oh Beca, tu deu mole hein? Como dar um remédio pesado para um paciente epilético?

Rebeca – Ele não é epilético e pelo histórico, o paciente já teve outras crises convulsivas e dessa vez, foi radical, não se me medicava regularmente.

Rodolfo – Conseguiu aplicar o Gadernal nele?

Rebeca – A doutora Soraia aplicou nele e me tirou da lista do plantão de hoje.

Rodolfo – Filha da puta! Essa mulher foi promovida para fuder com a gente. Agora a pouco fui barrado de operar esse paciente ai.

Rebeca – Como assim? Você é um dos principais cirurgiões desse hospital.

Rodolfo tira do seu bolso um maço de cigarro acende e diz:

Rodolfo – Pra você ver Rebeca, mas creio eu que tem dedo do Nicolas no meio disso.

Rebeca – Mas o Nicolas é incapaz de fazer isso. Ele não tem poder nenhum aqui dentro.

Rodolfo – Aquele ali é pilantra, não vale nada e me detesta.

Rebeca – Nossa não sabia que vocês tem uma rixa.

Rodolfo – Isso é uma longa história! Quer um cigarro?

Rebeca – Não obrigada. Acabei de chamar um Uber e agora terei que ir pra casa. Tenha uma boa tarde.

Rebeca se levanta do banco e Rodolfo fuma sozinho e no meio do jardim.

CENA 010. HOSPITAL SAN MARINO. SALA DOS ENFERMEIROS. INTERIOR. NOITE.

Algumas horas depois: Nicolas e Soraia comemoram a cirurgia de Teodoro.

Soraia – Conseguimos operar o Teodoro com sucesso. E ai Nicolas, como se sentiu em sua primeira cirurgia?

Nicolas – Senti uma adrenalina e olha que tenho pavor de sangue. Como é incrível o corpo do ser humano. 

Soraia – Aliás, tem algo muito mal explicado, porque diabos você pediu o afastamento do Rodolfo da cirurgia?

Nicolas – Ih é uma história muito longa. Ultimamente ele tem desrespeitado os protocolos hospitalares, por isso que pedi o afastamento dele.

Soraia – Espero que esse afastamento não tenha nada a ver por implicância sua com ele.

Nicolas – Nem parece que me conhece, sei separar o profissional e o pessoal.

Soraia – Ótimo e lembrando, você está apenas trabalhando por período de experiência, uma esparrela é olho da rua na certa.

Nicolas – Estou fazendo o possível para ser contratado para o corpo de médicos e reconheço o meu trabalho e dos meus colegas. Já o Rodolfo, não se pode dizer o mesmo.

Soraia – Esqueça o Rodolfo, não vale a pena vocês ficarem brigando em ambiente de trabalho.

Nicolas – Eu estou super de boas. Terei mais algum trabalho hoje?

Soraia – Não, você está dispensado.

Nicolas – Obrigada Soraia, tenha uma boa noite!

Soraia – Boa noite querido!

Nicolas deixa a sala e Rodolfo ouve a conversa e diz:

Rodolfo – Miserável você está me devendo essa.

Rodolfo anda pelo corredor assoviando.

CENA 011. HOSPITAL SAN MARINO. CORREDOR. INTERIOR. NOITE

Soraia aborda Leandro e entrega a escala de trabalho.

Soraia – Leandro aqui está à escala da madrugada. O Rodolfo está suspenso dos trabalhos.

Leandro – Porque Rodolfo foi suspenso do trabalho? O que houve?

Soraia – Ele está descumprindo os protocolos do hospital. Tem chegado atrasado, não tem batido ponto. Essas coisas que nunca foram contabilizados.

Leandro – Ah, mas isso ele fazia sempre aqui e nunca interveio.

Soraia – Agora com a nova gestão, as coisas estão mais rígidas.

Leandro – Essa Vitória pelo visto, vai tirar a paz de muita gente por aqui.

Soraia – E conseguiu tirar a paz do Rodolfo. Falando nisso, você o viu por aqui?

Leandro – Ele passou agora a pouco no corredor dois. Ele estava com uma cara nada agradável.

Soraia – Imagino! Ah amanhã eu estarei aqui, fui transferida para o Anexo Hospitalar da Promed. Lá eles estão treinando cirurgiões para o hospital de campanha na África.

Leandro – Que legal, gostaria de fazer parte desse projeto.

Soraia – Infelizmente você não pode, mas quem sabe não role outra oportunidade.

Leandro – Tomara, enfim, quem ficará no seu lugar?

Soraia – Você ficará no meu lugar e a Regiane irá te cobrir pela madrugada.

Leandro – Beleza vou repassar essa escala para os demais.

Soraia e Leandro se cumprimentam e o enfermeiro esbarra em Regiane.

Leandro – E ai Regiane, se liga hoje você fará plantão.

Regiane – De novo? Já faz duas semanas que saio daqui às seis horas da manhã. Praticamente não tenho vida própria.

Leandro – Amanhã te cubro, pode ficar tranquila.

Regiane – Que ótimo, eu preciso de um descanso. Vou cuidar do senhor Teodoro. Boa noite!

Leandro – Boa noite doutora.

Regiane entra no CTI.

CENA 012. HOSPITAL SAN MARINO. CTI. INTERIOR. NOITE

Após a cirurgia, Teodoro acorda e se depara com Danielle e pergunta:

Teodoro – O que faz aqui filha? Você não deveria estar em Porto Alegre?

Danielle – O meu trabalho resolveu os trabalhos depois de uma crise viral por lá. E o senhor? Porque não tomava os remédios regularmente?

Teodoro – Ah minha filha, estou cansado de tomar esses remédios. Olha pra mim, estou bem.

Danielle – Não está bem não, o senhor acabou de sair de uma cirurgia no coração.

Teodoro – Cirurgia? No coração?

Danielle – O senhor não se lembra de que foi operado?

Teodoro – Não me lembro, agora que estou tomando ciência das coisas. O que houve com meu coração?

Regiane interrompe e responde Téo:

Regiane – Me desculpe a intromissão, mas o senhor teve uma fissura em uma das artérias do coração. Para o sangue bombear melhor, colocamos uma ponte de safena e conseguimos cicatrizar essa pequena fissura. Agora é se cuidar para não ter nenhuma complicação.

Danielle – Muito obrigada doutora por ter salvado a vida do meu pai.

Regiane – Não precisa agradecer senhorita Danielle, não faço mais que minha obrigação. Deixarei vocês dois a sós. Com licença.

Regiane se retira e Teodoro diz a Danielle:

Teodoro – Gostei dessa doutora, muito simpática.

Danielle – Pelo menos nesse hospital tem médicos simpáticos.

Teodoro – Estou doido para ter alta logo.

Danielle – Aquieta o facho homem, você acabou de ser operado.

Teodoro e Danielle conversam e Regiane cuida dos pacientes na UTI com ajuda dos auxiliares.

CENA 013. HOSPITAL SAN MARINO. SALA DOS ENFERMEIROS. INTERIOR. NOITE

Ricardo conversa com Gustavo sobre nova escala.

Ricardo – Soube que mudou toda a escala de plantão?

Gustavo – Soube sim e pelo visto ficarei preso a esse hospital.

Ricardo – Nem reclame, a Regiane está a duas semanas de plantão.

Gustavo – Faz duas semanas que não sei o que é beijar na boca, transar com Regiane. Esse troca-troca de presidente, diretor geral e clínico está cansativo.

Ricardo – Essas mudanças faz parte, o hospital está em crise, ai já viu.

Gustavo – Porra estou há cinco anos nesse hospital e não conseguiram sanar as dívidas?

Ricardo – É foda amigo! Cada gestor que passa, deixa mais dívidas. A Vitória assumiu a presidência hoje, vamos ver como ela liquidar todas essas pendências.

Gustavo – Pelo que soube ela tem uma empresa de assistência médica.

Ricardo – A Promed pode nos ajudar no necessário, mas duvido muito ela querer tirar uma parte da fortuna de lá para pagar as dívidas daqui.

Gustavo – Agora é esperar pra ver. Vai ficar no plantão hoje?

Ricardo – Infelizmente! Eu e a Regiane ficaremos por aqui e você? Vai pra casa?

Gustavo – Sim e infelizmente sem a Regiane. A Amanda está ai ainda?

Ricardo – Foi dispensada mais cedo, mas vou ver o que posso fazer para livrar a Regiane desse plantão.

Gustavo – Valeu brother! Agora vou embora, estou cansadão e preciso dessa noite para dormir.

Ricardo – Vai lá! Tenha uma boa noite.

Gustavo deixa a sala e caminha até a saída. Ao sair da sala amarela, Regiane vê o namorado e lamenta:

Regiane – Como queria eu passar mais tempo com você.

Regiane limpa as lágrimas e retorna a sala amarela.

CENA 14. FAZENDA BRADOVSKI. SALA. INTERIOR. NOITE.

Solana chega em casa com Breno e Miriam pergunta:

Miriam – Finalmente hein? Pensei que iriam morar na casa de Cidinha.

Solana – Estávamos conversando sobre as novas safras de cafés e a modernização da nossa cidade.

Miriam – E o Breno? Comportou-se?

Breno É claro! Já sou um rapazinho, não tem o porquê não me comportar.

Solana Muito bem filho! Agora vá para o banheiro que você precisa tomar banho pra dormir cheiroso.

Breno Pode deixar mãe!

Breno sobe as escadas e Solana sente falta de Renê:

Solana – Cadê o seu pai? Ele não era para estar aqui?

Miriam – Adivinha [...].

Solana se desespera e diz:

Solana – Não acredito que ele foi lá.

Miriam – E foi. Sabe lá Deus quando vai voltar pra cá.

Solana – Seu pai é muito teimoso. Se o Nicolas não veio nos visitar mais, é porque ele está trabalhando.

Miriam – Ah mãe, mas não justifica esse sumiço dele né?

Solana – Você não tem por dever definir o certo do errado. Vá dormir porque amanhã iremos acordar cedo para iniciar a colheita de arroz na outra cidade.

Miriam – Como diz aquele ditado, manda quem pode, obedece quem tem juízo. Boa noite.

Miriam segue caminha aos fundos onde encontra o seu quarto e Solana sobe as escadas. Chegando ao quarto, tira a manga do casaco e vê as manchas na pele.

Solana – Espero muito que essas manchas seja apenas reação alérgica aos remédios de ansiedade.

Solana olha para a foto da família unida no porta retrato e abraça.

CENA 015. APARTAMENTO SPARTACUS. CORREDOR. INTERIOR. NOITE

Amanda e Nicolas chegam ao apartamento de mãos dadas e a médica pergunta:

Amanda – Tem alguma programação para essa noite?

Nicolas – Nenhum amor, precisamos descansar. Estamos quatorze horas no hospital e com pouco tempo para relaxar.

Amanda – Nem me fala. Será que irão nos chamar amanhã?

Nicolas – Amanhã é dia de plantão, torça para que não sejamos convocados.

Amanda – Tomara! Amanhã preciso visitar minha mãe e nunca tenho tempo.

Nicolas – Se Deus quiser, você vai conseguir visita-la.

Amanda e Nicolas se beijam e se despedem um do outro. Ao entrar no apartamento e acender a luz, Nicolas toma um susto com Renê.

Nicolas – Pai? O que o senhor faz aqui?

Renê – Vim te visitar já que não se lembra da família.

Nicolas – Sempre me lembro de vocês! E pouco tempo que tenho é para acertar a agenda médica. Não posso para os trabalhos, sou um médico em período de experiência, qualquer vacilo, sou mandado embora.

Renê – Eu lhe entendo, mas tira um tempinho para a família. A sua mãe é mais a mesma depois que você veio morar no centro da cidade.

Nicolas – Como ela está? Como os meus irmãos estão?

Renê – Sua mãe está doente, volta e meia ela se sente mal. A sua irmã não ajuda em nada e o seu irmão sente a sua falta.

Nicolas – Você a levou para algum médico ou especialista?

Renê – Os médicos do campo são muito caros e não tem como paga-los.

Nicolas – E aquela pensão que mando para vocês? Não é suficiente?

Renê – O dinheiro que você nos manda deu para pagar todas as despesas da casa. Agora a sua mãe precisa de você mais do que nunca.

Nicolas – Vou fazer o possível para ir lá à casa de vocês.

Renê – Obrigado meu filho, não sei como te agradecer.

Renê vira as costas e Nicolas diz:

Nicolas – Vai pra onde?

Renê – Vou para um hotel mais barato, só vim aqui para te dar um ok.

Nicolas – Não vai para lugar nenhum. Esse apartamento tem quatro quartos, pode dormir em um deles. Não quero ver você pagando hotel caro.

Renê – Muito obrigado filho. Irei me acolher. Boa noite!

Renê vai para o quarto e Nicolas entra no banheiro e vai ao espelho com olhar de tristeza.

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