Voz da Bossa - #SegundoCapítulo
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PERSONAGENS
DESTE EPISÓDIO
Anderson
Omar Astolfo Nelson Selma
Maria Luísa Olegário Eleonora Godofredo Clair
Marília
Assis Lorena Paschoal
Mirian Valentina Claudio Adriano
CENA 001.BOTEQUIM
DO MORAIS. QUARTO DOS FUNDOS. INTERIOR. NOITE
Anderson se
depara num lugar estranho e diz:
Anderson – Onde
estou? E que lugar é esse?
Nelson – Você está
no quarto dos fundos do meu botequim, visse?
Anderson – E quem é
o senhor?
Nelson – Sou
Nelson Morais, o responsável por te ajudar. Qual é o seu nome? E de onde veio?
Anderson – Sou
Anderson Arantes e moro em Almirante dos Anjos, cidade interior de Pernambuco.
Nelson – É aqui
pertinho! Bom, qualquer ajuda é só me chamar.
Anderson – Eu
preciso de uma ajuda do senhor e urgente.
Nelson – Diga!
Anderson – Preciso
voltar para Almirante dos Anjos, tenho negócios para assumir.
Nelson – Essa hora
pegar a estrada é muito ruim. Amanhã de manhã, eu te chamo. Irei para aquelas
bandas comprar novas bebidas, visse?
Anderson – Entendo e
muito obrigado pela sua ajuda e por me socorrer.
Nelson – Não
precisa agradecer rapaz, estou aqui para isso. Com licença.
Nelson retorna para o botequim e Anderson fica esperançoso para retornar ao Almirante dos Anjos.
CENA 002.
RÁDIO MORADA. ESCRITÓRIO. INTERIOR. NOITE
Omar fica
preocupado em seu escritório e desabafa com Olegário
Omar – Não dá
para acreditar que perdemos Viriato para a tuberculose.
Olegário – Mas porque
a Valentina nunca comentou com a gente sobre isso?
Omar – Ela quis
protege-lo para não provocar os falatórios da cidade. O povo daqui trata a
doença como se fosse uma praga mortal, visse?
Olegário – Pelo menos
ela comentando a gente, teríamos noção de como estava o capitão.
Omar – O capitão
estava muito mal, os pulmões comprometidos e sem salvação. A saúde da nossa
cidade e do país ainda é precária e não temos um tratamento específico para a
turbeculose.
Olegário – Entendi, é
uma pena o falecimento do nosso querido capitão. E ainda tem o Anderson, ele
deu alguma notícia?
Omar – Não chegou
nenhum telegrama da capital. Estou começando a me preocupar.
Olegário
pega o jornal na porta do escritório e diz:
Olegário – O trem
Jaçanã explodiu e dizimou todos os passageiros presentes.
Omar – Puta que
pariu, o Anderson estava justamente nesse trem.
Olegário – E como
sabe disso?
Omar – Eu o levei
para a estação e esse era o único trem que estava indo para a capital de
Pernambuco.
Olegário – Misericórdia!
Será que o Anderson tem algum parente vivo?
Omar – Acho que
só o pai dele, porém, mora muito distante daqui da cidade.
Olegário – É melhor
procura-lo amanhã para dar a notícia da morte do filho
Omar – Coitado do
pai do Anderson.
Omar fica
triste com a notícia da morte do Anderson.
CENA 003.
CASA DOS GUIMARÃES. SALA. INTERIOR. NOITE
Na mesa,
Claudio pergunta o porquê Lorena não janta:
Claudio – Amor
porque você não janta? Até agora não comeu nada.
Lorena – Estou sem
fome e com nenhuma vontade de comer.
Claudio – Está
fazendo greve de fome porque expulsei a sua filha daqui?
Lorena – O que me
preocupa é onde ela vai ficar e a família desse rapaz que você matou
inutilmente.
Claudio –
Inutilmente? A família desse rapaz me deixou sem um tostão no bolso. Apostei
todo meu dinheiro na banca do jogo do bicho e esses infelizes me passaram a
perna, visse?
Lorena se
altera e confronta Claudio:
Lorena – Você é o
grande culpado de ter gastado nossas economias apostando na banca do jogo do
bicho. Eles não têm culpa da sua burrice. Eles são ricos, possuem bens, pensam
no futuro e não gastam com bobagens. Já você gasta o pouco dinheiro que temos
com bebidas caras, sabendo que não temos condições para arcar com luxos.
Claudio – Abaixa o
seu tom para falar comigo!
Lorena – Não vou
baixar minha guarda. Eu lavo roupas, cozinho, trabalho em lares para o nosso
sustento, enquanto você fica ai atoa, matando animais e vendendo-os
ilegalmente.
Claudio – É melhor
você tomar cuidado com o que você fala [...].
Lorena – Está me
ameaçando Claudio? Aqui quem tem que tomar cuidado com o que fala é você. Aqui
nesta casa, você é um encostado. Vou dormir, amanhã tenho que acordar cedo para
ir a capital trabalhar. Tenha uma boa noite.
Lorena entra
no quarto e Claudio demostra raiva à afronta da esposa.
CENA 004.AEROPORTO
DE ARCOVERDE. AVIÃO. INTERIOR. NOITE
Após aplicar
o golpe em Otávio, Eleonora comemora e Astolfo pergunta:
Astolfo – Qual será
o nosso destino? Iremos morar em qual cidade do Rio de Janeiro?
Eleonora – Iremos
morar em Niterói, capital do Rio de Janeiro. Minha tia deixou uma mansão lá pra
mim.
Astolfo – Mas ela
não ia vender essa mansão?
Eleonora – Eu pedi para
ela não fazer isso. Ela veio aqui em Pernambuco para fazer uma visita mensal ao
meu pai, e a última vez que a vi, conversamos sobre a venda da mansão.
Astolfo – Ela não
tinha uma filha com um general?
Eleonora – Minha tia
não pode ter filhos, ela enganou o general e fez a nossa sobrinha se passar por
filha dela.
Astolfo – Nossa, a
sua tia é bem louca hein?
Eleonora – Que Deus a
tenha e que nos abençoe para se apossarmos do nosso novo lar.
Astolfo
estampa um sorriso no rosto e Eleonora faz planos com o marido dentro do avião.
CENA 005.HOTEL
MARDOCE. QUARTO. INTERIOR. DIA/MANHÃ
No dia seguinte, Selma recebe Adriano recebem Godofredo.
Selma recebe
capitão Godofredo e Adriano pergunta:
Adriano – Bom dia
capitão! Veio trazer notícias da minha mãe?
Godofredo – Sim e
tenho uma notícia muito boa.
Selma – Se assente
capitão.
Capitão se
assenta na mesa do café da manhã e responde:
Godofredo – Alma Dana
está com a saúde estável. Ela tomou um chá forte com Valeriana depois do aborto
espontâneo. Ela está mergulhada na depressão e a pressão oscilou.
Selma – E porque
vieram para Pernambuco?
Godofredo – Ela precisa
respirar novos ares. Estava muito presa dentro de casa e espero que ela saia
desse quadro depressivo logo.
Adriano – Se quiser
alguma ajuda, pode contar conosco.
Godofredo – Não
precisa Adriano, você tem uma família para cuidar agora [...]
Selma – E também
um novo membro, um menino.
Godofredo – Esse meu
filho é motivo de orgulho.
Godofredo
abraça Adriano e Selma.
CENA 006.
MANSÃO PERALTA. QUARTO. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Marília
acorda e nota a ausência de Guilherme:
Marília – Guilherme?
Guilherme, cadê você?
Mirian entra
no quarto com o café da manhã e diz:
Mirian – O senhor
Guilherme saiu mais cedo e cheio de malas.
Marília – Você sabe
para onde ele foi?
Mirian – Dona
Marília, eu não faço a menor ideia. Aqui está seu café da manhã, com licença.
Marília deixa
a bandeja com o café da manhã na cama, abre o guarda roupa e não encontra as
roupas de Guilherme. Nervosa, a jovem se depara com sua caixa de joias vazia e
grita:
Marília – Não
[GRITA]
Mirian
retorna ao quarto e pergunta:
Mirian – O que
houve senhora?
Marília – Aquele
verme roubou minhas joias que recebi da coroa portuguesa e fugiu.
Mirian –
Misericórdia! Quer que eu chame a polícia?
Marília – Quero que
convoque até os militares, mas pode ter certeza que vou caçar esse filho da
puta até no inferno.
Mirian – Pode
deixar senhora, irei ligar para a delegacia da cidade.
Mirian se
retira do quarto e Marília quebra os pertences e rasga as fotos com o ex-amado.
CENA 007.
CLUBE DE MÚSICA ARAPONGA. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Maria Luísa
se encanta com o salão do clube de música e Madame Clair a assusta:
Maria Luísa – Que susto
senhora.
Madame Clair
–
Precisa de alguma ajuda menina?
Maria Luísa – Sim, eu
preciso de um emprego e um lugar para ficar.
Madame Clair – Qual é o
seu nome e a sua idade?
Maria Luísa – Meu nome
é Maria Luísa Guimarães, tenho vinte e cinco anos. Eu fui expulsa de casa
porque estava me relacionando com o filho do dono do jogo do bicho da cidade.
Madame Clair – Que
perigo menina, você poderia ter morrido e colocado a sua família em risco.
Maria Luísa – Ele era
apaixonado por mim e eu por ele, visse?
Madame Clair – Eu lhe
compreendo, amores da juventude. Bom, preciso muito de uma pessoa responsável
pelo salão e pagarei sete mil cruzeiros, aceitaria essa proposta?
Maria Luísa – É claro
que aceito senhora. Qual é o seu nome?
Madame Clair – Sou
Clarice Mendonça, mas pode me chamar de Madame Clair. Sinta-se a vontade Malu.
Maria Luísa – Muito
obrigada Madame Clair.
Madame Clair
agradece Maria Luísa e deixa o local.
CENA 008.APARTAMENTO
ROSÁRIO. SALA. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Omar
agradece Licurgo pela encomenda:
Omar – Obrigado
pela encomenda.
Licurgo – De nada
senhor! Qualquer coisa é só me chamar.
Omar – Pode
deixar.
Licurgo
deixa a porta e Anderson invade o apartamento.
Omar – Caralho, pensei que tu tinha morrido.
Anderson – Então
pensou errado, visse?
Omar – Como conseguiu fugir daquela explosão?
Anderson – Depois te
explico, agora eu preciso ir lá na fazenda.
Omar – Mas você
não tinha sido expulso de lá?
Anderson – Cala a
boca e vamos lá logo. Anda.
Omar pega a
chave do carro e desce as escadas com Anderson.
CENA 009.
ESTAÇÃO DE TREM. VAGÃO. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Assis se
despede de Valentina.
Assis – Chegou a
hora de ir embora!
Valentina – Obrigado
por tudo Chatô. Te mandarei correspondências da Europa.
Assis – Não precisa agradecer, eu cuidarei do
seu palacete e descanse bem.
Valentina
abraça Assis e o empresário deixa o trem. Na estação, ele diz sozinho:
Assis – Você faz
parte da família Chateaubriand, Valentina.
Assis deixa
o local emocionado.
CENA 010.
FAZENDA DOS ARANTES MAGALHÃES. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Anderson se
depara com leiloeiros e desce do carro junto com Omar
Anderson – Ei senhor,
quem é você?
Paschoal – Sou
Paschoal Micchelini, o leiloeiro.
Anderson – A fazenda
não está à venda e não menos será leiloado.
Paschoal – Bom, a
senhora Eleonora me mandou uma correspondência dizendo que Otávio veio a
falecer. Além disso, ela deixou essas dívidas desse lote para você.
Anderson – Não estou
acreditando nisso.
Anderson
invade a fazenda transtornado, vai ao quarto do pai e retorna a sala quebrando
tudo, destruindo vasos e se joga no chão chorando copiosamente. Recuperando da
situação, o jovem grita sozinho:
Anderson – Sua
vagabunda, você vai me pagar pelo mal que está fazendo.
Anderson continua no chão e com um olhar de ódio.
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