Voz da Bossa - Cap 007
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Epitácio
conversa com Letícia sobre o estado de saúde de Eufrásia
Epitácio – O estado
de saúde da Eufrásia continua grave.
Letícia – Não tem
um prazo de melhora?
Epitácio – Infelizmente
não, a nossa medicina é muito simplista para o caso de edema pulmonar. Nesse
caso, nem cirurgia iria salva-lá.
Irmã
Margarida entra no quarto e diz:
Irmã
Margarida – Doutor Epitácio, aqui está o dinheiro pela consulta.
Epitácio – Muito
obrigada irmã Margarida, qualquer coisa é só me chamar. Com licença.
Irmã
Margarida dispensa Letícia:
Irmã
Margarida – Letícia, eu irei ficar sobre os cuidados da madre. Ela não
pode fazer muito esforço e precisa descansar.
Letícia – Eu
estarei no quarto aqui ao lado. Toque o sino se precisar de alguma ajuda.
Irmã
Margarida – Pode deixar e reze pela nossa madre.
Letícia – Sim
senhora!
Irmã
Margarida prepara a sopa para madre superiora que reage:
Eufrásia – Cadê a
menina Letícia?
Irmã
Margarida – Ela está com a família comemorando o aniversário dela.
Eufrásia – Queria
que ela estivesse aqui.
Irmã
Margarida – A senhora precisa descansar e tomar uma sopinha.
Eufrásia e Margarida conversam no quarto.
CENA 002.CLUBE
DE MÚSICA GAROTA DE IPANEMA. INTERIOR. NOITE
Anderson encerra o repertório de Bossa nova e agradece a plateia
Anderson – Obrigado
pela presença de todos e curtam essa noite maravilhosa de carnaval no Clube
Garota de Ipanema.
Todos
aplaudem Anderson e o cantor deixa o palco. No lado de fora, Maria Luísa
conversa com ele:
Maria Luísa – Eu amei o
show e o repertório da bossa nova.
Anderson – Muito
obrigado Malu! Ah, amanhã apareço aqui para acertar umas coisas contigo.
Maria Luísa – Você não
tem o que acertar aqui. Eu já paguei as contas do Clube e consegui legalizar os
documentos com a justiça.
Anderson – Perfeito,
mas preciso trazer novos cantores para Garota de Ipanema. O Adriano está para
cuidar disso, visse?
Maria Luísa – O Adriano
não me falou nada, apenas que iria conversar comigo.
Anderson – Então, é
sobre esse assunto. Amanhã detalho tudo com você.
Maria Luísa – Ok meu
amor, durma com Deus.
Anderson – Te desejo
o mesmo!
Maria Luísa beija
Anderson e o cantor entra no carro. Na rua, Anderson se depara com Jonatan e o
chama:
Anderson – Filho, o
que faz uma hora dessas na rua?
Jonatan – Fui a um
evento com os amigos.
Anderson – Então prefere
sair com os amigos do que ir ao show do pai? Entra ai no carro.
Jonatan
entra no carro e se justifica:
Jonatan – Me
desculpe ai, eu estava precisa por a mente no lugar.
Anderson – Te entendo
filho, ser vereador não é fácil.
Jonatan – Ainda tive
que confrontar Ereoades [...].
Anderson – Filho é
melhor ficar na sua, vida política não é fácil e se confrontar, é capaz de te
matarem, visse?
Jonatan – Ereoades é
um frouxo, mal consegue matar uma barata.
Anderson – Não os
subestime.
Jonatan – Mudando de
assunto, como anda as coisas em casa?
Anderson – Estão
indo de mal a pior. Sua mãe passando a mão na cabeça dos erros de Clara.
Jonatan – O que
Clara aprontou dessa vez?
Anderson – Matou
aula e foi a praia com as amigas.
Jonatan – Mamãe
precisa por limites na Clara.
Anderson – Eu falei
isso a ele, mas me escuta?
Jonatan e
Anderson continuam conversando sobre a Clara. O carro é conduzido para Nossa
Senhora de Copacabana.
CENA 003.
MANSÃO MAGALHÃES ARANTES. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE
Marília
espera por Anderson na mansão e Clara pergunta:
Clara – Porque
está sozinha aqui na sala? Nesse escuro?
Marília – Estou
esperando o seu pai chegar para conversamos.
Clara – Ah, pensei
que fosse algo relevante. Bom, vou dormir.
Marília
engrossa a voz, pega Clara pelo braço e diz:
Marília – Você não
vai para lugar nenhum mocinha.
Clara – Que isso
mãe, você está me machucando.
Marília – É pra
machucar! Por sua causa tive uma briga feia com o seu pai, por sua causa quase
que dispenso meus empregados por conta de suas aventuras na praia e rodeada de
machos.
Marília joga
Clara no sofá e continua:
Marília – Eu não
estou suportando toda essa situação. Até quando eu irei fechar os olhos para os
seus erros? Até quando eu farei o papel de mãe cega e otária? Clara Peralta
Magalhães, enquanto estiver morando debaixo desse teto, você fará o que eu e o
seu pai mandar.
Clara se
revolta e diz:
Clara – Ninguém
aqui vai privar a minha liberdade, ninguém irá me fazer de bonequinha de corda.
Tenho dezessete anos e sei o que faço da minha vida e eu estou sabendo
aproveitar. Enquanto você fica ai sofrendo por macho ou relembra do namorico da
juventude que lhe aplicou um golpe de mestre.
Marília agride Clara com um forte tapa na cara e
rebate a filha:
Marília – Nunca mais
repita isso! Você me deve respeito e ao seu pai e eu não te criei para ter
imagem de vagabunda por ai. Eu fui criada como uma princesa e respeitada com
uma grande dama e quero passar isso para você.
Clara – Não
preciso dessa educação.
Marília – Cala a sua
boca. Calada, não quero ouvir a sua voz. A partir de agora, o Murilo irá te
buscar no colégio e virá direto para casa.
Clara – Eu não
gosto dele, não o suporto. A minha vida é manipulada por vocês e me forçam a me
relacionar com um rapaz chato e idiota.
Marília – Você não
tem querer. E é aquele velho ditado, manda quem pode e obedece quem tem juízo.
Agora você pode subir para o quarto dormir. Amanhã você tem aula e se sonhar
que fugiu para a praia, irei te dar uma surra na frente de todos para você
passar vergonha.
Clara enfrenta Marília com um olhar e sobe para o quarto. Anderson e Jonatan chegam na mansão e guardam o carro na garagem.
CENA 004.
APARAMENTO CASTILLO. PRÉDIO 1. SALA. INTERIOR. NOITE
Lilian chega
ao apartamento e leva um susto com Ana:
Lilian – Que susto
Ana! O que faz acordada uma hora dessas?
Ana – Eu estou
preparando o material para a aula de amanhã. E a senhora, por onde andava uma
hora dessas?
Lilian – Eu estava
conversando com o dono da Embrario.
Ana – Conseguiu
o trabalho como telefonista?
Lilian faz
mistério e confirma:
Lilian – Sim, eu
consegui o emprego como telefonista.
Ana – Que
maravilha mãe! Meus parabéns por mais esta conquista.
Lilian – Obrigada
minha filha, irei começar os trabalhos na segunda-feira. Primeiro farei alguns
teste para oficializar minha contratação.
Ana – O que
vale a pena é que a senhora vai realizar seus sonhos com esse emprego.
Lilian – Mudando
de assunto, cadê o Oscar?
Ana – Ele saiu
todo fantasiado para o bloquinho de carnaval e disse que não terá hora para voltar.
Lilian olha para o relógio e se desespera:
Lilian – São quase
onze horas, ele não pode madrugar na rua.
Ana – Ih mãe,
isso não é comigo. O Oscar é maior de idade e tem quase quarenta anos na cara,
ele já está na hora de tomar juízo.
Lilian – E
arranjar um emprego também, eu não vou ficar sustentando os luxos dele. Bom
irei descansar e me acorde quando ele passar por essa porta.
Ana – Está bem
mãe. Boa noite e durma com Deus.
Lilian entra no quarto e Ana retoma os trabalhos na escrivaninha da sala.
CENA 005. BLOCO
DE CARNAVAL LADEIRINHA. SANTA TERESA. EXTERIOR. NOITE
Após beijar
um rapaz desconhecido, Oscar esbarra em Renato:
Oscar – Me
desculpe moço!
Renato – Olha por
onde anda rapaz.
Oscar – Não estou
bem, estou com muita dor de cabeça.
Renato olha
para Oscar e responde:
Renato – Você está
num estado deplorável. Além de bêbado, está drogado e mal consegue ficar de pé.
Porque ficar assim rapaz?
Oscar – Estou
aproveitando a minha vidinha de merda.
Renato –
Aparentemente você é uma pessoa que tem uma vida boa.
Oscar – As
aparências enganam. Não posso expor que gosto de homens, porque é capaz de eu
ser morto pelos conservadores bonachões.
Renato – Mas não
precisa se drogar e é melhor você ir para casa.
Oscar – Que isso,
aproveita o bloquinho vai!
Renato pega
Oscar pelo braço e coloca dentro do seu carro. O rapaz interroga o filho de
Lilian dentro do veículo.
CENA 006.
EDUCANDÁRIO NOSSA SENHORA DE GUADALUPE. SALÃO. INTERIOR. NOITE
Letícia se
despende de Adriano, Selma, Davi, Godofredo e Alma Dana.
Letícia – Foi muito
bom vê-los aqui, completando meus dezoito anos.
Alma Dana – Estaremos
te esperando de braços abertos.
Letícia – Pai e vô,
vocês vão continuar aqui?
Adriano – Eu e o seu
avô voltaremos para casa, temos muitos negócios para resolver.
Letícia – Entendo
vocês. E vocês mãe e Davizinho?
Selma – Eu e o
Davi estaremos a sua espera num hotel aqui perto.
Davi – Espero que
seu certificado não demore a sair.
Letícia – Não vai
demorar a sair, fiquem tranquilos. Tenham uma boa noite.
Letícia é
abraçada pelos familiares e caminha no corredor rezando o terço para Nossa
Senhora de Guadalupe. Ao se cruzar ao altar da santa, a jovem reza pela madre
superiora.
Letícia – Minha
Nossa Senhora, intercedo pela vida da madre Eufrásia que segue enferma. Que o
seu manto sagrado se estenda para protegê-la de todo o mal. E que sua esperança
e fé sejam renovadas. Intercedo também em nome do pai, do filho, e do espírito
santo.
Letícia pega uma das velas posta a mesa, acende e deixa no altar com a foto de Eufrásia.
CENA 007.
MANSÃO DOS MAGALHÃES ARANTES. QUARTO. INTERIOR. NOITE
Jonatan
estranha Clara e ironiza:
Jonatan – Matando
aula né?
Clara – Me deixa
em paz e finja que não existo.
Jonatan se
senta perto de Clara e diz:
Jonatan – Você não
se cansa de se comportar feito uma vagabunda não? É feio, uma menina rodeada de
machos.
Clara – Isso não
é da sua conta. Em vez de se intrometer na minha vida, porque não cuida da sua
campanha política fracassada? Não é você que está investindo em algo que não
tem retorno, desesperado por votos?
Jonatan – Minha campanha
segue indo muito enquanto a suas particularidades, não podemos dizer o
mesmo.
Clara se
levanta e diz:
Clara – Sabe qual é a minha vontade? É de te jogar da janela
daqui.
Jonatan – Se fizer
isso, sua vida será marcada por um assassinato e você não vai querer isso. Com
licença e tenha uma boa noite. Vagabunda!
Jonatan
deixa o quarto e Clara joga um vaso em direção ao irmão e tem uma crise de
choro.
CENA 008. MANSÃO
DOS OLIVEIRA CHAGAS. QUARTO. INTERIOR. NOITE
Astolfo joga
uma carta sem remetente na cama e Eleonora se espanta:
Astolfo – Chegou uma
carta sem remetente.
Eleonora – Que
estranho essa carta. Amor, você vai à cozinha?
Astolfo – Vou sim,
por quê?
Eleonora – Traga um
copo de leite, por favor!
Astolfo – Pode
deixar.
Eleonora
fica sozinha no quarto e abre a carta. A madame fica pasma com o conteúdo.
Eleonora – Não
acredito!
A câmera
deixa lentamente o quarto e foca em Charles que diz:
Charles – Finalmente,
não imagina o prazer que é estar de volta.
Charles
sorri ao olhar para a mansão.
FIM DO CAPÍTULO 7
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