ALMA GUIA - QUARTO CAPÍTULO
CENA 01 - RECANTO / HOTEL / TARDE
Meratriz segura firme a chave de ouro com suas mãos de garras enquanto olha ao redor, e em seguida entra, para reservar a melhor suíte do hotel.
Hospedada dentro da suíte, Meratriz desfila com seu vestido de pena preto e vai até a sacada para ver como é a cidade Recanto de verdade.
Adolfo - A senhora anda tão misteriosa e esquisita ultimamente; está acontecendo alguma coisa que eu deveria saber?
A mulher das garras vai até uma mala de viagem da cor vermelha que está em cima da cama, e abre para pegar um livro enorme, cujo contém mapas de tesouros antigos perdidos.
Meratriz - Pelo mapa, o tesouro de Âmbar está a poucos metros daqui, precisamos descobrir antes do anoitecer.
Adolfo - Posso saber como pretende fazer isso? Porque não pode sair por aí sozinha em busca do tesouro mais valioso do mundo; muitos irão desconfiar e querer saber. (ajeita o óculos de grau) - Ainda mais segurando esse livro super pesado, vai cansar a senhora!
Meratriz - É claro que você levará o livro estrupício! (joga o livro bem no peito do criado) - Quanto aos curiosos... deixa comigo!
No Campo Das Uvas, Meratriz desce do carro junto com o criado e observa cada trabalhador na vinícola.
Meratriz - Tem certeza que o local do tesouro de Âmbar está por aqui? (olha desconfiada)
Adolfo - No livro está meio apagado, confuso de entender... mas tudo indica que a maior riqueza esteja por aqui, em algum lugar!
Meratriz - Porque nas pinturas antigas mostrava estar numa sala enorme e não, enterrado numa vinícola.
Adolfo - Vai ver que a sala está embaixo da terra, como um porão, igual na Catedral Aparecida do Norte!
Meratriz - Para de falar besteira, seu...
Renato (aparece) - Posso saber quem são vocês, e o que estão fazendo aqui na minha vinícola?!
Meratriz fica sem jeito, e com alguns passinhos... ela fecha o livro na mão do criado, e esbanja sorrisos para não perder a classe.
CENA 02 - CASA DE VIDRO / RECANTO / TARDE
Sem poder escutar ou fazer que os outros escutem, Aline bate no espelho logo que reconhece sua filha, e Melissa senti um calafrio, fazendo aumentar ainda mais a curiosidade do que há por trás do espelho.
Kimberly - Amiga! (cutuca) - O James está chegando!
James - Olá meninas! (deixa a mochila no chão e começa a exercitar) - Estão preparadas para dançar na famosa casa de vidro?!
Melissa - Claro, será perfeito quando ganharmos os melhores papéis na peça Voando Nas Estrelas; e o beijo no ar então, será tão perfeito... (expressa sonhar pelo tal momento e logo volta à realidade) - Quer dizer, vai ser perfeito a dança! (olha sem jeito)
James - Com certeza!
Catarina (chega ofegante) - Desculpa atrapalhar vocês, mas o professor já chegou?
James - Até o momento não, fica tranquila!
Catarina - Ainda bem, se não seria mais uma bronca. (expressa alívio)
Kimberly - Posso saber quem chamou a ralé para nossa conversa?
Catarina - Ninguém, apenas vim perguntar...
Melissa - Querida, a gente não te quer aqui! Está difícil de entender?
James - Calma meninas, estão sendo severas demais com a Catarina, ela apenas fez uma pergunta.
Catarina - Fico grata James, mas vou para o meu canto! (sai cabisbaixa)
James - Sinceramente não consigo entender a implicância de vocês com a Catarina, chega a ser infantil.
Melissa - Desculpa James, é que as palavras saíram sem querer, e...
James - Deixa isso pra lá! É melhor nos concentrarmos na dança, antes que o Clowis apareça! (começa ensaiar)
Kimberly - É impressão minha, ou James defendeu a ralé?!
Melissa - Pensei a mesma coisa amiga, estou a flor dos nervos.
Kimberly - Pelo jeito que anda as coisas, vai acabar perdendo o James e o papel principal da peça Voando Nas Estrelas.
Melissa - Será? (encara Catarina)
Kimberly - Está na cara! Se eu fosse você, acabaria com a felicidade dessa ralé o quanto antes.
Melissa - E posso saber como?
Kimberly - É muito simples, começa por tirar o que ela mais gosta de fazer; dançar! (expressa satisfação em propagar o caos)
Clowis (professor) - Boa tarde! Parece que os ensaios aqui andam péssimos, só ouço conversas. (pega o disco na estante e coloca no vinil) - Deveria mudar a arte da dança para uma ONG de fofocas!
Melissa - Concordo, e acrescentaria um novo relógio de pontualidade, porque é cada aluna chegando atrasada como sempre...
Clowis - Ainda continua chegando atrasada Catarina?! Desse jeito vou ser obrigado a te dispensar das aulas de dança; e seria lamentável perder alguém que saiba dançar, ainda mais com um lindo caminho promissor pela frente.
Catarina - Prometo que não vai acontecer mais, de verdade!
Clowis - Não estou aqui perdendo meu tempo para ficar ouvindo desculpas, quero ver vocês dançarem! (coloca música instrumental) - Atenção James e Catarina, para o meio do salão, e aos demais apenas observem.
Enquanto James e Catarina dançam, Melissa e Kimberly olham com ódio mortal.
Clowis - Quero ver mais sintonia, mais conexão entre vocês dois, mais paixão, mostrem que sabem conquistar cada olhar curioso, sejam vangloriosos!
Cada passo e movimento certo, faz que os olhos de Clowis brilhem, pois tudo indica ser o casal perfeito para sua peça Voando Nas Estrelas.
CENA 03 - PALACETE DA PREFEITURA / RECANTO / TARDE
Um pouco mais tarde, a primeira dama entra no gabinete de seu marido para ajudá-lo, com a gravata.
Raul - Como estou?
Judith - Está ótimo meu amor!
Raul - Espero que não façam tantas perguntas, preciso demonstrar que nossa cidade está em perfeitas condições.
Judith - Ninguém sabe e nem precisa saber do dinheiro perdido, apenas apareça tranquilo nessa entrevista como das outras, e fale como é bom investir em Recanto.
Kimberly (aparece) - Desculpa atrapalhar o melhor casal, mas necessito conversar muito com vocês; preciso que assinem um termo de responsabilidade para eu dançar na peça Voando Nas Estrelas.
Raul - Neste momento não posso assinar nada, estou atrasadíssimo para uma entrevista.
Kimberly - E você Madrinha?
Judith - Está bem, me espera na mesa de jantar e pede pra Caetana deixar o meu café da tarde pronto, sem atraso.
Kimberly (demonstra felicidade) - Pode deixar!
Fora da prefeitura, Raul se despede de Judith (sua esposa) dando um beijo na boca... e em seguida entra no carro, deixando a primeira dama aflita por novas notícias.
SALA DE JANTAR...
Judith - Vamos logo com isso, porque não tenho o tempo todo! (coloca o óculos)
A primeira dama pega o termo de dança e assina, deixando sua sobrinha toda contente.
Kimberly - A senhora não vai me dar os parabéns?!
Judith - Por estar numa dança?
Kimberly - Não é uma simples dança Madrinha, é o meu futuro! E Clowis vai selecionar a protagonista, a melhor, para se tornar conhecida mundialmente, e claro que será eu! (joga o cabelo loiro oxigenado de lado) - Pois das outras meninas, aquelas fracassadas... sou a única que sabe dançar de verdade.
Judith - Pois muito bem, na hora que você estiver no papel de protagonista e se tornar conhecida mundialmente, te dou os parabéns!
Kimberly - Okay, mas não mereço nenhum incentivo da sua parte? Uma demonstração de apoio?
Judith - Apenas faça o seu melhor; não sou de apoiar gente fracassada!
Kimberly (engole seco) - Eu fracassada?
Judith - Por acaso já conseguiu o melhor papel e ficou conhecida?
Kimberly - Não, mas essas coisas não acontece assim do dia pra noite, leva tempo...
Judith - Está aí, tempo é dinheiro! (toma o café) - E com licença, porque já perdi muito do meu tempo aqui tendo conversas irrelevantes.
A primeira dama levanta da mesa e deixa Kimberly indignada.
CENA 04 - CATEDRAL APARECIDA DO NORTE / BRASIL / TARDE
Algumas freiras estão rezando perante a estátua sagrada (como fazem todas as tardes) e Andressa resolve sair de mansinho da sala para pegar um ar fresco.
Passeando nas palmeiras, ela resolve sentar na grama para pedir mais um vez um sinal divino, pois sua maior dúvida é se tornar freira para sempre.
Como sempre, no finalzinho da tarde, um lindo príncipe todo engomado (de trajes da cor branco e vermelho), cavalga num cavalo branco, e fica parado no portão da Catedral pra falar com sua amada.
William - A moça mais linda deste mundo me concede mais um passeio?
Andressa fica sem jeito, olhando para os lados, e levanta para ir até o portão.
William - Pode vir, não tem nenhuma freira por perto!
Andressa - Elas ainda estão na missa de agradecimento. (pega uma chave e abre o portão) - Precisamos ser rápidos, antes que acabem e notem minha ausência.
O príncipe William estende a mão e ajuda Andressa a subir no cavalo.
Um pouco distante da Catedral Aparecida do Norte, perante as montanhas, com um vasto enorme cheio de árvores e uma linda cachoeira; o príncipe William e Andressa cavalgam juntos até às margens do rio.
Eles descem do cavalo, e caminham por cima das pedras que estão fixas sobre a correnteza.
William - Só de pensar que nunca mais voltaremos aqui; vai mesmo fugir da Catedral?
Andressa - Sim, a Minerva está ficando velha e provavelmente vão designar o cargo dela a minha pessoa. (molha os pés na água) - E isso não pode acontecer, pois ficarei presa na Catedral para sempre.
William - E pretende fugir para onde?
Andressa - Sergipe, preciso ter alguma notícia da minha família.
William - Pois muito bem, hoje mesmo vou arrumar algumas coisas minhas e ficarei esperando pela nossa fulga.
Andressa - Está doido? Você é um príncipe! Não pode desaparecer assim do nada, vão te caçar até te encontrar! (ri discretamente)
William - Não importa, só de saber que vou estar ao seu lado todos os dias, vendo esse teu lindo sorriso, e...
O príncipe pega suavemente no rosto de Andressa e os dois se beijam perante a miragem da cachoeira.
CENA 05 - SERGIPE BRASIL / TARDEZINHA
Um senhor de idade entra numa agência de banco e caminha até os caixas eletrônicos.
Após sacar sua quantia desejada e ir embora, uma moça vai até o caixa utilizado pelo senhor e tira um pedaço de adesivo da biometria.
Rapidamente, ela usa um spray que está por baixo de sua jaqueta de couro preta e cola o adesivo no dedo indicador.
Com os seguranças ao redor, ela age naturalmente e começa mexer nas funções do caixa eletrônico. Assim que pede a biometria, o dedo indicador é pressionado e em questões de segundos, o acesso da conta é aberta.
Cristina - Vem para mamãe! (espera pelas notas saindo)
Tendo uma grande quantia em mãos, Cristina sai da agência e entra num carro preto brindado que está por sua espera.
Marcos - Conseguiu a quantia que faltava meu amor?
Cristina - Sim! (guarda as notas numa mochila) - Agora só continuar com o plano, que é soltar meus pais da cadeia e partir para essa cidade chamada Recanto.
Marcos - Está preparada?
Cristina - Desde do dia que essa gente começou a infernizar minha vida e da minha família. (pega uma arma no banco atrás e destrava) - Agora é a nossa vez de inferniza-lós!
(Congela em Cristina)
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