Logotipo da web novela (Foto: Divulgação)
Uma coluna desenvolvida por Jonatan Santana.
Olá pessoal! Esse é mais uma edição da coluna Baú de Novelas. Hoje vou falar de Canavial de Paixões, que foi exibida no SBT.
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Canavial de Paixões é uma telenovela brasileira produzida pelo Sistema Brasileiro de Televisão e exibida entre 13 de outubro de 2003 e 22 de março de 2004, totalizando 116 capítulos. Escrita por Henrique Zambelli e Simone Boer, a direção da trama coube a Jacques Lagôa e Claudio Callao, sob a direção geral de Henrique Martins, a direção de núcleo de Daniel Scherer a direção geral de teledramaturgia de David Grinberg. Inspirada na obra Cañaveral de Pasiones, é a sexta produção da emissora baseada em um texto mexicano desde a assinatura de um contrato em abril de 2001 com a empresa Televisa, o qual dava ao SBT direitos para adaptar suas obras em produções brasileiras. A classificação indicativa da trama é de livre para todos os públicos.
Bianca Castanho interpreta a personagem principal, Clara Feberman Santos, numa trama que narra os conflitos das famílias Santos e Giácomo, esta última dona do Grupo Usineiro Giácomo, o maior do povoado fictício de São Bento dos Canaviais. Seu par romântico, Paulo Giácomo, é interpretado por Gustavo Haddad. Thierry Figueira, Ana Cecília Costa, Jandir Ferrari, Wanda Stefânia, Patrícia Mayo, Jonas Mello, Victor Fasano, Cláudia Ohana, Oscar Magrini, Helena Fernandes e Débora Duarte desempenham os demais papéis principais da história. Os temas abordados na novela incluem romance proibido, tal inspirado pela obra Romeu e Julieta de William Shakespeare.
O tema de abertura da telenovela, "Incêndio no Canavial", é interpretado por Moacyr Franco e pela dupla Sérgio e Júnior. A canção foi incluída em uma trilha sonora lançada paralelamente à trama pela Universal Music e que contou com canções de Elis Regina, Sérgio Reis e Rouge, dentre outros. O título Canavial de Paixões, considerado "brega" por Marina Monzillo da revista IstoÉ Gente, é uma tradução do título da obra mexicana e foi definido pela história se passar em um canavial e seu enredo se basear em conflitos românticos. A obra de Zambelli e Boer oscilou uma média de 12 pontos na medição do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística e foi bem-recebida pela imprensa, que considerou que a emissora estava se aperfeiçoando na teledramaturgia, mas a fraca produção foi criticada.
ANTECEDENTES
Em 1996, Humberto Zurita e Christian Bach escreveram Cañaveral de Pasiones, adaptando dois textos radiofônicos da escritora Caridad Bravo Adams: Una Sombra Entre Los Dos e Al Pie del Altar. O romance produzido pela Televisa e protagonizado por Daniela Castro e Juan Soler foi exibido pelo Canal de las Estrellas entre 6 de maio e 6 de setembro de 1996, totalizando 92 capítulos.
O enredo focava na história do casal Julia e Pablo, que cresceram juntos em um povoado no estado mexicano de Veracruz. Quando a mãe dela, Margarita, e o pai dele, Amador, morrem em um acidente, levanta-se a suspeita de que eles fugiram juntos. O rancor das duas famílias acaba separando o casal ainda na infância e difamando Margarita e depois a própria filha.
Arrependida, a mãe dele, Josefina, proíbe-o de ver a amiga e o manda para a capital, Xalapa. Doze anos depois, ele volta à cidade natal como noivo da arrogante Gina, e ao reencontrar Julia se dá conta que a ama. No Brasil, o romance foi exibido pela CNT, com estreia em 28 de julho de 1997. Em 2001, o SBT assinou um contrato com a Televisa que dava direitos de adaptar folhetins mexicanos em refilmagens brasileiras. Desde então, foram produzidas Pícara Sonhadora, Amor e Ódio, Marisol, Pequena Travessa e Jamais Te Esquecerei.
PRODUÇÃO
Ainda em 2002, com Marisol no ar, o SBT anunciou que produziria uma adaptação de Cañaveral de Pasiones. Ela substituiria a outra que estava no ar a partir de outubro daquele ano; no entanto, com Esperança da Rede Globo estreando em 17 de junho, e ambas tendo uma temática rural, "a novela do SBT iria parecer uma produção muito pobre em comparação com a da Globo, por isso foi adiada", de acordo com Daniel Castro. Portanto, a emissora lançou em seu lugar Pequena Travessa e depois exibiu Jamais Te Esquecerei. Em 2003, Keila Jimenez noticiou em sua coluna no jornal O Estado de S. Paulo que a rede e a empresa mexicana Televisa estavam próximas de renegociar o acordo firmado em 2001, já que este estava próximo de ser cancelado; "como a dívida foi assumida em 2001, em dólar, a alta do câmbio fez a conta do SBT subir além do esperado, levando Silvio Santos a ameaçar encerrar a parceria, caso não houvesse renegociação". Cada capítulo da trama teve um investimento de R$ 90 mil. As gravações começaram em agosto de 2003 e terminaram em novembro do mesmo ano.
Seleção de elenco e cenário
Os testes para o elenco começaram a ser feitos mesmo sem o contrato renovado, no dia 7 de julho de 2003. Na semana seguinte, o periódico O Globo ventilou possíveis nomes no elenco. Helena Fernandes, segundo o jornal, estaria negociando com a emissora para participar da trama, enquanto Suzana Alves, Priscila Borgonovi, Patrícia Coelho, Bruno de Luca, Edward Boggis, Igor Cotrim, Quitéria Chagas, Ricardo Macchi, e Ellen Roche fizeram testes nos estúdios do canal. Daniela Duarte foi convidada para fazer parte do elenco, e sua mãe acabou por entrar na seleção. No dia 28 de julho, saíram os resultados dos testes. Bianca Castanho foi confirmada como protagonista em agosto. O SBT também fechou com Victor Fasano, Oscar Magrini e Cláudia Ohana. Depois, Gustavo Haddad foi anunciado como protagonista ao lado de Castanho. Assim, concluiu-se que Canavial de Paixões teria 28 atores.
O canavial, a usina de açúcar e uma igreja os quais serviram de cenário localizavam-se em Iracemápolis, no interior de São Paulo. Victor Fasano, que gravou uma participação especial na trama, também usou sua imagem como embaixador e divulgador da novela. Para as gravações, foram reaproveitados cenários de Éramos Seis, Pequena Travessa, Pícara Sonhadora, Marisol, Amor e Ódio e Jamais Te Esquecerei. Os prédios que aparecem nas cenas eram apenas fachadas, e as cenas internas foram filmadas em dois estúdios que reproduziam o interior das casas, cada um com 850 m². De acordo com Elena Corrêa, do jornal O Globo, "num começo de tarde em que o dia parece já estar chegando ao fim porque nuvens pretas anunciam que uma chuva torrencial cairá em breve, a sensação é quase a de se estar caminhando por um cenário de filme de suspense. Um coreto abandonado, pincelado por folhas secas e galhos de árvores, ainda espera o momento de ganhar apenas alguns retoques para abrigar novos personagens em uma novela futura".
ENREDO
Canavial de Paixões se passa em um pequeno povoado católico chamado São Bento dos Canaviais. A economia da cidade é completamente baseada no plantio de cana-de-açúcar e na produção de açúcar, principalmente do Grupo Usineiro Giácomo. Este é um cenário onde ocorrem encontros, desencontros, intrigas e amores que o tempo não pode apagar. Casada com o poderoso usineiro Amador Giácomo, Teresa sempre suportou os casos extraconjugais do marido. No entanto, nunca permitiu que sua família se aproximasse da família Santos, com medo de que fosse reaceso um amor juvenil que houve entre seu marido e a esposa de Fausto Santos, Débora Feberman. Débora, porém, sempre amou seu esposo. Ainda crianças, Clara, Paulo, João de Deus e Mirela nutrem uma grande amizade, mesmo com as diferenças sociais entre eles. Mas a desconfiança e o preconceito dos adultos fará com que eles sofram até a idade adulta.
Teresa Giácomo impede que seu filho, Paulo, mantenha laços com Clara, filha de Débora, a qual Teresa acha ser amante do seu marido. Ela também não quer que seu filho se aproxime de João de Deus, por este ser um órfão criado pelo padre da paróquia, e nem com Mirela, menina órfã que vive humildemente com a avó curandeira. Paulo também sofre com a crise conjugal de seus pais. Ele procura a curandeira Remédios, que lhe dá um amuleto capaz de reaproximá-los. Sua tentativa fracassa quando sua mãe recusa o amuleto. Clara é quem fica com o talismã, selando misticamente o amor entre ela e Paulo. A mãe de Clara, Débora Feberman, morre em um trágico acidente de carro na tentativa de impedir sua irmã maquiavélica Raquel de fugir com Amador Giácomo. Após a morte da irmã, Raquel se casa com o cunhado, Fausto. Ela faz com que a paternidade da garota Clara seja motivo de desconfiança e faz Fausto rejeitar a filha.
Quinze anos depois, o casamento entre Raquel e Fausto se torna um fiasco. Clara tenta se reaproximar do pai, mas ainda é rejeitada. Mesmo com o passar dos anos, ele ainda desconfia do passado de Débora Feberman e da paternidade de sua filha. João de Deus é responsável pela sobrevivência do canavial de Fausto. A produção de cana é vendida para outra usina, já que o Grupo Usineiro Giácomo não aceita a união dos negócios com a família Santos. Clara tenta negociar com Teresa, mas suas tentativas são em vão. Agenor, braço direito de Teresa, é responsável pelo grupo familiar, que prospera cada vez mais. Inescrupuloso, ele manda e desmanda de acordo com seu humor e interesse de realizar seus planos. Ele substitui o patrão na usina e no coração de Teresa, uma mulher angustiada que não consegue esquecer a humilhação que viveu no passado. Paulo volta para São Bento já formado e reencontra Clara. O amor entre os dois floresce novamente. Teresa fará de tudo para separar os dois, e poderá contar com a ajuda de Regina, noiva de Paulo. Elas agirão em dupla para afastar o rapaz da moça.
EXIBIÇÃO
Embora a estreia da telenovela estivesse prevista para 15 de setembro de 2003, o primeiro capítulo de Canavial de Paixões foi exibido somente em 13 de outubro de 2003, na faixa das 20h30 pelo SBT, substituindo Jamais Te Esquecerei. O romance foi exibido de segunda a sábado. Inicialmente, a novela recebeu a classificação indicativa de imprópria para menores de 14 anos, o que impediria que fosse exibida antes das 21h, mas a emissora recorreu e o Ministério da Justiça reclassificou a obra como livre para todos os públicos.
Seu desfecho foi exibido em 22 de março de 2004, totalizando 116 capítulos, sendo substituída pela exibição inédita da mexicana A Outra. A primeira reprise da trama ocorreu entre 24 de outubro de 2005 e 17 de março de 2006 na faixa das 15 horas sob 105 capítulos, substituindo a exibição inédita da mexicana A Madrasta e sendo substituída pela primeira reprise da mexicana Rubi. Foi reexibida pela segunda vez entre 17 de agosto a 26 de novembro de 2010 em 87 capítulos, no lugar de Uma Rosa com Amor às 20h, sendo substituída pela faixa SBT Show. Sua terceira retransmissão ocorreu entre 20 de agosto de 2012 e 8 de janeiro de 2013, em 96 capítulos, sucedendo a reprise de Marisol e antecedendo a reprise de Jamais Te Esquecerei.
Moacyr Franco e a dupla Sérgio e Júnior interpretaram o tema de abertura, "Incêndio no Canavial". Produzida pela emissora, a vinheta de abertura apresenta imagens de um canavial e trabalhadores, e também exibe imagens do elenco principal. No fim, ela retrata cenas de um incêndio, fazendo jus à letra do tema.
AUDIÊNCIA E REPERCUSSÃO
Com o sucesso de Mulheres Apaixonadas (2003), trama da concorrente Rede Globo que vinha marcando médias de 50 pontos, Silvio Santos decidiu lançar a nova adaptação mexicana no dia de estreia da sucessora Celebridade. A meta imposta para a trama foi de 15 pontos. Sua estreia alcançou 11 pontos na Grande São Paulo, de acordo com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), responsável pela medição.
A obra de Gilberto Braga, concorrente no horário, obteve 50 pontos no mesmo dia, tirando proveito do sucesso da antecessora. Seus índices melhoraram ao decorrer da trama; após a mudança de fase para 15 anos depois, a obra obteve médias de 13 pontos e picos de 15, no confronto com o Jornal Nacional e Celebridade. Tais índices se mantiveram até o fim da trama, e seu recorde foi de 21 pontos, contra 30 da novela concorrente. Manteve uma média geral de 12 pontos.
Em sua reprise em 2010, a trama manteve uma média de 4 pontos. A reexibição em 2012 garantiu índices de até 3 pontos, perdendo para o Programa da Tarde e derrubando os índices da retransmissão de Marisol, estabelecendo-se em terceiro lugar.
Amélia Gonzalez do periódico O Globo considerou que o elenco é bom, mas o texto e o cenário não: "Débora Duarte (Tereza) tem agregado valor, assim como Victor Fasano (Amador), Claudia Ohana (Débora), Helena Fernandes (Raquel). Só que o texto não ajuda nada Canavial de Paixões. [...] Os personagens repetem a mesma coisa várias vezes, a câmera fica horas focando um olhar, um gesto. E nada acontece de verdade. Mas é preciso que se diga: não é só o texto que dá à trama [...] um jeito de novela démodé. O figurino também contribui, e muito. Certamente nem lá no México mulheres usariam salto agulha e vestidos finos (de gosto duvidoso) para irem a uma festa ao ar livre comemorar a boa safra de cana-de-açúcar do canavial".
O colunista Xico Sá da Folha de S.Paulo comparou-a com a trama concorrente, Celebridade: "Enquanto Gilberto Braga fazia um espalhafato no primeiro capítulo da novela Celebridade, [...] com direito ao pior sequestro da superprodução da TV brasileira, o SBT entrava com o seu bailinho na roça. Era Canavial de Paixões. Uma trama rural mexicana transposta para o mundo caipira de São Paulo". Segundo ele, "o teledrama de Silvio Santos completa o da Globo. Não por tratar do mesmo tema, a inveja, como quase todas as novelas do mundo.
Mas por mostrar como funciona na vida real a indústria da fama. O SBT reaproveita atores que o Projac já explorou e depois escanteou, como Victor Fasano, Claudia Ohana, Débora Duarte e Oscar Magrini, nem melhores nem piores do que muitos globais com estabilidade no emprego". Por fim, ele comentou os aspectos da história: "o enredo de Canavial não tem nada de mexicano. É Shakespeare mesmo. Um Romeu e Julieta agro-industrial, com os filhos de usineiros e canavieiros herdando uma pendenga familiar que trava o amor".
Uma analista do mesmo jornal, Bia Abramo, notou que a novela não tenta fazer referências ao "mundo de fora", "[não apresenta uma tentativa de] representar o Brasil que marca boa parte das novelas da Globo". "Pelo contrário: em Canavial de Paixões, por exemplo, a história se desenvolve sem muita referência ao mundo fora da novela. Não que devesse, na verdade. A teledramaturgia, para funcionar, prescinde da pretensão de ser um retrato do que quer que seja. Vejam aí o exemplo das sitcoms norte-americanas que têm, sim, um compromisso com verossimilhança, mas não com a tarefa de construir uma imagem da sociedade norte-americana".
Marina Monzillo da IstoÉ Gente disse que "o folhetim mostra que a emissora está se aperfeiçoando na arte da teledramaturgia". Em contrapartida ela diz também que "o nome da novela é brega, o tema de abertura, mais ainda, sem falar nos diálogos, que nunca se livram do tom mexicano, mas a teledramaturgia do SBT melhora a cada tentativa".
Monzillo concluiu que "Silvio Santos tem investido no filão, e suas tramas estão com um ar mais profissional, interpretações bem razoáveis e cuidado com a fotografia. Com um elenco recheado de ex-globais, o folhetim pode não possuir a riqueza de cenários e figurinos da concorrente, porém em alguns momentos consegue deixar o espectador com a impressão de estar vendo uma cena de uma novela das seis da Globo. Pode ser um começo, mas não a solução. O SBT tem tudo para criar sua própria linguagem em teledramaturgia, como fez a finada Manchete, com Pantanal, nos anos 90. Pode dar um bom caldo".
PRÊMIOS E INDICAÇÕES
A obra foi indicada em duas categorias no 6º Prêmio Contigo! de TV. O texto foi indicado na categoria de "Melhor novela ou minissérie", mas perdeu para Mulheres Apaixonadas. Por fim, Bianca Castanho e Gustavo Haddad foram indicados em "Melhor par romântico". O troféu Imprensa é uma premiação anual que avalia a televisão e a música conforme a escolha de dez formadores de opinião. Na entrega de 2004, Canavial de Paixões foi indicada à categoria de melhor novela, mas saiu de mãos vazias.
E esse foi mais um programa Baú de Novelas. Espero que tenham gostado. Fiquem a vontade para comentar. Volto semana que vem. Até lá!
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