Logotipo da web série (Foto: Divulgação)
O DESTINO DE ALGUNS
Episódio: 05
Escrita por Júlio Cesar M. Vieira.
Supervisão, Colaboração e Adaptação: Morais Filho.
°°°°°°°°°°°°°°°°°_°
Narrador-Personagem: Gabriel.
____________
Os meus olhos se cruzaram instantaneamente com os de Alice. O que estava acontecendo? Por que Alice estava com aquele funcionário? Ela mentiu para a gente esse tempo todo?
A cara dela emitia uma expressão de espanto e surpresa. Acho que ela não esperava nos ver ali, do mesmo modo que nós também não esperávamos de vê-la ali...
O funcionário, rapidamente, pegou a pistola de seu bolso e apontou para eu e Caio falando para nós ficarmos parados. Ele pediu para Alice chamar a segurança depressa, enquanto impedia que nós escapassemos.
Antes mesmo de Alice fazer qualquer coisa Victor, que estava escondido no carrinho de carga, saiu de lá e correu até o funcionário, que estava na porta apontando a arma para gente, e deu uma facada em suas costas, fazendo com que ele disparasse um tiro involuntariamente em meu braço.
O funcionário caiu no chão, desmaiando, enquanto eu fui segurado por Caio para não cair por conta do impacto da bala.
Victor se surpreendeu também ao ver Alice e a perguntou o que ela estava fazendo aqui. Ela se recusou a falar e nesse instante Victor chegou com a faca próximo da garganta dela e ameaçou matar Alice, se ela não explicasse direitinho o porquê de ela estar vestida de paciente.
- Temos que ir embora. Deixa ela, Victor! Vamos, que com certeza, alguém deve ter escutado o barulho de tiro. -- Falei, alertando ele.
Ele se afastou lentamente de Alice e cuspiu nela com desgosto, dizendo:
- Eu tenho nojo de você!
Logo após abandonar a decisão de matá-la, andamos em direção a lixeira, ignorando a Alice, enquanto mais funcionários foram chegando dos dois lados dos corredores. Abrimos a lixeira e quando estávamos prestes a entrar, Alice se aproximou apontando a pistola, que havia pego do funcionário que Victor esfaqueou, para a gente.
Olhei para ela e disse:
- Você não precisa fazer isso!
- Vocês não entendem? Se eu não fizer isso, eu vou morrer! Eu tive que fingir que era um de vocês para consegui meu órgão. Essa era a única escolha que eu tinha, já que eu não tenho dinheiro para pagar por um em hospital convencional. -- Disse ela se tremendo.
- Então, realmente você fez isso por sua própria vontade... Esses caras não te obrigaram a nada! E eu pensando que talvez você estivesse sendo obrigada a fazer essas coisas porque eles poderiam estar ameaçando você. -- Concluiu Caio furioso.
- Desculpe, mas eu preciso de um novo estômago urgente! -- Respondeu ela chorando.
Os funcionários estavam cada vez mais pertos, acompanhados do doutor que gritava de longe para Alice atirar na gente para nos impedir de escapar.
- Alice, foi tão fácil entregar a gente assim de bandeja para esses caras? Não pesou a sua consciência de entregar uma família de moradores de rua, direto para a morte? Uma família, que mesmo não conhecendo você, te acolheu e te deu carinho. -- Falei inconformado.
- Vale mesmo a pena você nos matar para conseguir o seu órgão? -- Completou Caio.
Acho que ela notou que o que realmente estava fazendo era errado e foi abaixando a arma lentamente.
Agradeci a ela, apenas com o meu olhar, e eu e os meus irmãos nos preparamos para descer pela lixeira, até que de repente um tiro foi disparado e pegou na cabeça de Victor.
Olhei para Alice, mas vi que ela estava tão espantada quanto eu. Não tinha sido ela. Sua arma estava no chão...
Após o tiro disparado que acabou atingindo Victor, eu e Caio ficamos sem reação. Vi a cabeça do meu irmão caindo aos poucos e não consegui conter o choro, o desespero iria tomando conta, porém, não poderia esquecer que ainda tinha muito o que ser feito.
Os funcionários que estavam atirando loucamente para nos impedir de fugir. Alice pegou a pistola que havia colocado no chão e falou para nós irmos embora.
Ela se lamentou por tudo o que tinha feito a gente, e começou a atirar pra cima dos funcionários, nos ajudando, mesmo estando visivelmente em menor número.
Vários tiros pararam nela, fazendo com que ela morresse aos poucos, nos dando tempo de pular na lixeira e fugir daquela zona de guerra.
Eu e Caio descemos pela lixeira junto do corpo de Victor e paramos em uma caçamba cheio de pedaços de carne e tripas envolvendo a gente.
Tínhamos saído finalmente daquela "clínica" de extração de órgãos, ou era isso que estávamos achando até vermos uma enorme área verde envolvida por grandes grades com arame farpado em seu topo.
Ainda estávamos dentro da zona do doutor. Apenas escapamos de dentro da "clínica".
O nosso pesadelo tinha apenas começado!
CONTINUA...
Comentários
Postar um comentário