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O DESTINO DE ALGUNS
Escrita por Júlio Cesar M. Vieira
Colaboração, Supervisão e Adaptação: Morais Filho.
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Infelizmente, sou morador de rua e vivo debaixo de uma estação de trem, nas instalações, com mais um grupo de seis pessoas.
Quatro delas são adolescentes, iguais a mim que também foram abandonados: Victor, o garoto sonhador de 14 anos, cujo acreditava todo dia que um dia iria sair da rua.
Marcos, o mais velho entre nós de 16 anos, cujo fugiu de casa por conta dos abusos físicos dos pais.
Caio de 13 anos, no qual tem paralisia no lado esquerdo da perna, e foi rejeitado pelos pais.
E por último, a única menina do grupo, Alice, que até então não se sabia o motivo de ela parar ali, pois ela se recusava a nos contar. Acho que era porque ela tinha chegado a pouco tempo e era um pouco tímida...
Os adultos responsáveis por nós é um casal simpático que perdera tudo no incêndio na antiga casa deles. Casa, dinheiro e até um filho de oito anos de idade. Sem ter para onde ir, eles acabaram parando na rua... Os anos foram passando e o resto de nós fomos chegando pouco a pouco. Beth e Luís foram como pais para a gente e nos tornou uma família.
Mesmo passando por dificuldades, fazíamos de tudo para sobrevivermos. Trabalhando nas ruas... Cada um ajudava da maneira que podia... No final, todo o dinheiro arrecadado tinha que ser dado para Luís que compraria roupas, comida e remédios para tratar da doença de Caio.
Do que sobrasse ele dava o resto para a gente dividir e comprar o que quisesse. Já tínhamos conseguido comprar uma bola e um jogo de tabuleiro.
É... independente de tudo, acho que eu podia dizer que eu era feliz.
Mas então eu pensei: "se conseguíssemos mais dinheiro, poderíamos comprar mais coisas". Mas a pergunta era, como?
Me reuni com meus amigos e conversamos à respeito disso. Fiz a seguinte pergunta para eles:
-Galera, como poderíamos ganhar mais dinheiro? Andem, pensem!
O silêncio tomou conta do lugar, até que de repente alguém fala:
- Roubando, é claro!
Olhamos para Alice e fizemos uma cara estranha para a ideia que ela teve.
-Qual é? Vai falar que vocês nunca fizeram isso? - Falou Alice.
Todos balançaram a cabeça. Nesse instante ela começou a explicar e contar suas experiências com a arte de roubar. Aprendemos algumas coisas com ela e começamos a furtar pequenas lojas. Depois a roubar pessoas em menor número. Tínhamos conseguido diversas coisas: celular, relógio, cartões de créditos, dinheiro, roupas e outros acessórios. Nunca fomos pegos, graças a Alice.
Claro que tínhamos que contar uma pequena "mentirinha" para Beth e Luís, dizendo que estávamos nos esforçando mais que o necessário todos os dias para conseguir dinheiro e esconder os acessórios caros para eles não desconfiarem de nada.
A nossa vida tinha melhorado muito, desde a chegada de Alice. Devíamos muito a ela. Eu e os garotos estávamos muito felizes com os nossos resultados que almejávamos cada vez mais.
Alice então nos deu a ideia de roubar na praia, fazendo um arrastão. Era carnaval e isso era sinônimo de gringos e pessoas bêbadas com o bolso cheio.
Topamos na hora a ideia e fomos para praia iniciar mais um de nossos roubos que iria ser histórico.
Victor e Marcos entraram em uma multidão empurrando todo mundo, enquanto eu e Caio íamos pegando as coisas que caíam no chão.
Um tumulto se iniciou e as pessoas começaram a brigar entre elas, causando mais pânico ainda. A polícia rapidamente chegou e nisso começamos a correr.
Nos encontraríamos em casa. Corri muito e consegui chegar, porém havia me separado de Caio, mas achei que isso não seria um problema, já que ele sabia o caminho de casa.
Victor e Marcos chegaram logo em seguida com muitas coisas nas mãos. Eles perguntaram onde estava o Caio e eu apenas balancei a cabeça. Por um momento nos esquecemos da paralisia dele...
O tempo foi passando e começamos a ficar preocupados com ele. Não tínhamos outra opção, a não ser contar a Beth e Luís o que tinha acontecido.
Eles ficaram extremamente bravos, mas estavam dispostos a ir procurá-lo com a gente. Quando estávamos prestes a sair de dentro das instalações de trem, Caio apareceu com mais quatros homens usando máscaras o acompanhando. Ele estava todo ferido e seu rosto sangrando muito... Todos ficaram horrorizados com a cena.
Luís se aproximou deles e falou furioso:
- O que vocês fizeram com ele? Ele é apenas uma criança! - Falou Luís nervoso.
Um dos caras olhou para Luís e fez a seguinte pergunta:
- Vocês todos moram aqui? - Falou o homem estranho.
Beth respondeu que sim e perguntou se isso era algum problema. O homem apontou uma arma para nós e ordenou que nós fôssemos com eles.
Marcos tentou atacar o homem, mas este sem nenhuma pena, deu um tiro em seu peito, fazendo com que ele caísse duro no chão. Ficamos espantados ao ver aquela cena e sabíamos que se não seguíssemos as ordens daqueles caras mais gente iria morrer.
Eles nos levaram para fora e nos forçaram a entrar em uma caminhonete antiga. Eles também pegaram o corpo morto de Marcos e o colocou lá atrás junto com a gente. Quem eram essas pessoas? E o que fariam com a gente? E outra coisa, onde estava Alice? Em nenhum momento vimos ela... Onde será que ela estava?
Os homens ligaram a caminhonete que começou a nos levar para longe de nosso lar. Enquanto chorávamos e gritávamos loucamente por ajuda, um gás saiu pelas entradas de ar do veículo, fazendo com que desmaiássemos lentamente.
CONTINUA...
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