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O DESTINO DE ALGUNS
Episódio: 04
Escrita por Júlio Cesar M. Vieira.
Supervisão, Colaboração e Adaptação: Morais Filho.
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Narrador-Personagem: Gabriel.
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Richard, após tomar controle da situação e fazer com que os funcionários fossem embora, abriu a porta da Câmara de Refrigeração, nos retirando às pressas de lá.
- Temos que ser rápidos ou senão a coisa vai ficar feia pro meu lado. -- Disse ele com um carrinho de carga em suas mãos.
Não conseguíamos dar mais nenhum passo sequer. Eu não parava de me culpar pelo que tinha acontecido e acho que Victor também não. Como fomos tão burros de esquecer Caio lá fora?
- Eu não tenho o dia todo. Vamos logo! Parem de chorar e entrem aqui. Eu tive que falar que ele me atacou desprevenido e o resto de vocês fugiram pelos dutos, senão eles iriam desconfiar... Pelo menos a chance de vocês conseguirem sair daqui é maior agora, sem aquele... - Falou Richard.
- Ainda tem a chance de ele estar vivo? -- Perguntei o interrompendo.
- Você não está pensando mesmo em ir atrás dele, está? -- Richard pareceu não acreditar.
- Responda a pergunta! Ele ainda pode estar vivo? -- Perguntei ainda insistindo.
- Bom, depende... O doutor ainda deve estar preparando a sala para a cirurgia e tudo mais... Mas seja lá o que você estiver pensando, é arriscado demais.
- Você prometeu nos ajudar. Então nos ajude, por favor! -- Implorei.
- Não foi esse tipo de ajuda que sugeri. Eu disse que ajudaria vocês a passar pelos funcionários. E por que você ainda se importa? Vocês poderiam muito bem ir embora agora mesmo sem ele. -- Explicou Richard.
- É porque ele pertence a nossa família. E foi culpa nossa ele ter sido levado. Então se ainda há chance de salvarmos ele, estamos dispostos a ajudá-lo. -- Victor desabafou.
- Isso mesmo. Agora cumpra o nosso acordo e nos ajude, por favor! -- Insisti mais uma vez.
Ele respirou fundo e respondeu não concordando muito com o plano:
- Está bem, mas depois que salvá-lo vocês estarão por sua conta e risco. Agora subam de uma vez no carrinho!
Fizemos o que ele disse e subimos no carrinho. Em seguida Richard teve que jogar alguns pedaços de carne em cima da gente para enganar os funcionários, fazendo com que eles acreditassem que ele iria jogá-las no lixo, e cobriu o carrinho com um pano branco impedindo que eles nos vissem. O cheiro era absolutamente horrível e nos deu ânsia de vômito diversas vezes.
Depois disso, Richard pediu para que ficássemos em silêncio o tempo todo e não fazermos qualquer tipo de movimento brusco durante o trajeto até a sala do doutor. Toda vez que o vômito tentava sair da minha boca, eu engolia novamente. Tínhamos que aguentar esse cheiro até salvar Caio...
Ele começou a nos levar pelos corredores, enquanto Victor e eu tentávamos não fazer nenhum movimento sequer. Para isso também era necessário controlar nossa respiração, o que era quase impossível por causa do cheiro da carne podre.
- Estamos quase chegando. A lixeira fica em frente à sala do doutor. Eu vou dar um jeito de distraí-los e vocês aproveitem, pegue seu amigo na sala e pulam na lixeira. Caso consigam sair daqui, irão perceber que não estão mais na área de vocês. Apenas corram e não parem por nenhum motivo sequer. Toda zona lá fora pertence ao doutor. O único lugar seguro é...
Richard tentou nos dar o último aviso, mas um dos funcionários achou o gesto de Richard estranho e o parou:
- Falando sozinho com as carnes Richard? Deixa eu ver o que você estar escondendo aí...
Estava muito nervoso ao ponto de quase pular de medo. O funcionário chegou perto e estava prestes a olhar de baixo do pano branco, quando de repente Richard deu uma de maluco pra cima dele, retirando uma faca de seu avental de açougueiro dizendo com um olhar psicótico:
- Ninguém toca em meus bebês!
Isso foi suficiente para assustar o cara e afastá-lo dali quase que instantaneamente.
Quando ele foi embora, pude me acalmar novamente, mas não por muito tempo, pois tínhamos chego a sala do doutor. Ele parou de nos carregar e ficou em frente a porta, onde estavam dois seguranças de escolta para que ninguém atrapalhasse o doutor a fazer a sua cirurgia.
Richard rapidamente avisou aos guardas na porta que tinha nos encontrado, fazendo com que os dois entrassem na sala para avisar o doutor.
Após receber a notícia da nossa suposta aparição, ele saiu da sala rapidamente junto com os seguranças e Richard os guiando para longe dali.
Esperamos eles irem e olhei com cuidado para ver se não havia mais nenhum funcionário pelos corredores e para nossa sorte não tinha.
Pedi para Victor esperar no carrinho que eu iria buscar Caio e voltar para irmos embora. Agora era o momento de descobrirmos se ele ainda estava vivo ou não. Se tudo o que arriscamos foi em vão...
Entrei na sala e vi Caio amarrado na mesa de cirurgia, porém ainda vivo. Desacordado, mas ainda vivo!
Corri até ele e tentei desamarrá-lo com a minha faca.
Uma voz soou pelos holofotes de som da sala, no qual falava para a paciente número 205 se dirigir a sala 3B para realizar a cirurgia, que por coincidência era onde eu estava.
Victor começou a me apressar, dizendo que havia gente se aproximando e que não tínhamos muito tempo.
Consegui soltar Caio que começou acordar aos poucos e fez uma cara de surpresa quando me viu.
- O que você está fazendo aqui? -- Perguntou ele apavorado.
- Vim te salvar, seu idiota! Levanta, vamos sair daqui!
Ajudei ele a levantar e fomos andando em direção a porta, quando de repente um funcionário apareceu junto com a paciente usando o crachá de identificação 205.
Paramos de andar no mesmo instante e quase perdi o equilíbrio segurando Caio quando vimos que aquela garota usando o crachá era na verdade...
ALICE!
CONTINUA...
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