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CAPÍTULO 010
Escrito Por GLALBER E.
DUARTE
CENA 001. CASA DE ALAN. INTERIOR.
CORREDORES. RJ. NOITE.
(FUNDO: “Vem Comigo – Dedé”. Continuação
imediata do capítulo anterior. RODRIGO empurra PEDRO).
RODRIGO – Eu que pergunto. Não vai me
dizer que/
PEDRO – Eu sou o irmão do ALAN.
RODRIGO – Nunca pensei. Nunca. Você me
parou, me propondo aquilo, após tu ter entrado pra minha gangue... Sabia que
teria alguma coisa a mais do que ferrar com a vida de um simples viado.
PEDRO – Eu odeio-o.
RODRIGO – O próprio irmão? Que feio...
E mesmo assim quer acabar com a vida dele?
PEDRO – Sim! E vai ser hoje. Daqui há
pouco, todos vão conhecer quem é o verdadeiro ALAN, quem é meu irmãozinho por
trás de toda a encubação.
RODRIGO – Eu às vezes me questiono.
Quem será mais punido no inferno: Eu ou você?
PEDRO – Nós dois. Estamos juntos nessa
e vamos nos fuder. Porque, se eu cair, te puxo junto.
RODRIGO – Modesto, você, hein?
PEDRO – Eu apenas sou justo.
RODRIGO – Pena que não sou bobo, senão
já comeria na tua mão faz tempo... (t) Vamos parar de conversa fiada e falar
sobre o plano. Que quer que eu faça?
PEDRO – Simples. Seduza meu irmão. Se
ele mesmo for gay, claro que é, vai cair. Faça a linha de cachorro arrependido,
de tímido. Vá aos poucos e seduza. Transe com ele, se for possível.
RODRIGO – Você é doido?! Pedir pra
ferrar o ALAN, ok. Mas transar com ele, já é um pouco de mais, não?
PEDRO –Vai agora dar pra trás? Olha
que eu te delato, viu?
RODRIGO – Você não tem provas.
PEDRO – Meu depoimento não conta?
RODRIGO – Isso aí seria sua palavra
contra a minha e das pessoas que eu subornar. Enquanto você pensa que pode, eu
posso. Não me subestime que eu sou mais do que você.
PEDRO – Você nem imagina do que eu sou
capaz. Quer que eu conte tudo agora pro ALAN? Que você vá para a rua a essa
hora da noite, machucado, doído? Quer que eu conte?
(Neste momento, ALAN surge, abrindo a
porta do quarto).
ALAN – Contar o que, PEDRO?! Vocês se
conhecem? Da onde?
(CLOSE em ALAN).
CENA 002. PRAÇA. INTERIOR. RJ. NOITE.
(FUNDO: “HoldUp – Beyoncé”. RAMON se
levanta, motivando LUCIANA).
RAMON – E você vai ficar assim,
chorando pelos cantos? Bora. Vamos curtir a vida.
LUCAS – Que isso, RAMON. Esse é o
jeito que você fala com uma pessoa que tem uma doença terminal?
RAMON – Sim. Vou falar o que? “Ah,
lamento muito, reze à Deus e peça para Ele levar sua alma para o céu..” Me
poupe, se poupe, nos poupe, querido.
(LUCIANA sorri, não consegue conter).
RAMON – Não estou certo, menina?
LUCIANA – Sim, mas estou meio velha
pra ser chamada de menina?
RAMON – Velha? Com essa pele de
pêssego? (toca em cada local, ao falar) Olha esse rosto, liso, essa boca, de
veludo. Essas unhas... (puxa LUCIANA, levantando-a) Esse corpicho. Quem me dera
ter isso. Não estou invejando, longe de mim, mas você é perfeita.
LUCIANA – Você é um barato... Como se
chama?
RAMON – RAMON. E a sua graça?
LUCIANA – Me chamo LUCIANA.
LUCAS – Ninguém me perguntou, mas vou
responder, meu nome é LUCAS.
LUCIANA – Prazer.
LUCAS – É todo meu.
RAMON – Satisfação, porque prazer só
com homens.
(Os três riem. RAMON joga os cabelos
de LUCIANA).
RAMON – Venha, vamos nos divertir. A
vida é uma só, temos que nos alegrar. Ninguém sabe o dia de amanhã.
LUCIANA – Como assim?
LUCAS – Eu e o RAMON estamos indo à
balada. É LGBT, não sei se tem algum problema pra você.
LUCIANA – Nenhum.
RAMON – Então, querida, vem com a
gente.
LUCIANA – Desculpa, mas estou
desprevenida... Tô sem dinheiro algum.
RAMON – Se é um convite... Lógico que
pagarei pra você.
LUCIANA – Não sei... Fico sem jeito...
LUCAS – Ah, para. Vamos?
LUCIANA – Vamos!
(RAMON festeja, gritando
fervorosamente. Os três andam em direção à Boate 1140. CAM afasta, mostrando a
praça por completo e a rua).
CENA 003. CASA DE ÉRIKA. EXTERIOR.
FACHADA. RJ. NOITE.
(PABLO e ÉRIKA chegam ao local. FUNDO:
“Me Chama – Lobão”).
PABLO – Enfim chegamos.
ÉRIKA – Jura que não quer mesmo
entrar?
PABLO – Está tarde... Não quero
incomodar.
ÉRIKA – Incômodo algum. Minha irmã
deve estar em casa, nós moramos juntas. Só a gente. Perdi meus pais e ela é
quem me cria.
PABLO – Mana de ouro, viu?
ÉRIKA – Você não conhece a peça...
PABLO – Deve controlar sua vida, né?
ÉRIKA – Sim... Infelizmente. Tô é
doida pra arranjar emprego e sair de casa.
PABLO – Não diz assim não. Planeje, antes
de qualquer coisa. Sempre aja de caso pensado. Matuta bem, antes de fazer.
Ainda mais nesse sentido. Sair de casa, morar sozinha, sustentar-se, a si mesma
e a casa é algo em que a pessoa deve, antes de tudo é criar responsabilidade.
ÉRIKA – Verdade, mas a necessidade é
tanta, que eu não tenho nem tempo para pensar.
PABLO – Se pararmos para pensar, nada
na vida é fácil. E, se não tivéssemos perrengues, não valeria a pena. Por causa
dessas porradas que levamos da vida, é que nos fortificamos. É o caso da massa.
Quanto mais porrada ela leva, ela cada vez mais cresce.
ÉRIKA – Filósofo, você, viu? Nunca
pensei.
PABLO – Sou vivido, apenas. Enfim, já
vou indo.
ÉRIKA – Jura que não quer ficar?
PABLO – Não dessa vez. Mas já fica uma
deixa para a próxima.
(PABLO se aproxima de ÉRIKA, os rostos
colados e a música em alta).
CENA 004. IGREJA. INTERIOR. RJ. NOITE.
(CORTA a música. TENSÃO. MARIANA se
aproxima de RAQUEL).
MARIANA – Que é isso, RAQUEL?! Não enxerga
o papelão que está fazendo?
(RAQUEL se afasta de MARIANA. Olha
para os lados, vários cortes, em várias pessoas, em vários planos. Ela se
debate, se contorce. Está possuída pelo capiroto).
RAQUEL (grita/possuída) – Quem fez o
papelão maior foi você! Culpar à Deus, um santo, pela morte da sua mãe, é
bonito, viu, sua hipócrita. Hipócrita!
(A última palavra ecoa pelo salão da
igreja. Todos os olhos se voltam à MARIANA).
CENA 005. CORREDORES DA CASA DE ALAN.
INTERIOR.
(ALAN está irado).
ALAN – Vocês podem me responder, faz o
favor?!
PEDRO – Que.../
RODRIGO – Justamente isso. Que a gente
já se conhece.
ALAN – Da onde, posso saber?
PEDRO – E te interessa? Aff, eu vou é
sair, beber. Porque ficar aqui com você, eu não consigo.
(PEDRO gesticula para RODRIGO, sobre o
combinado, sem que ALAN perceba e se retira. Nessa que ALAN não vira, ele se
voltara a RODRIGO).
ALAN – Da onde você o conhece?
RODRIGO – Da matrícula. PEDRO estava
lá, acabamos nos falando. Conhecendo-nos.
ALAN – Cuidado com ele.
RODRIGO – Não gosto dele. Falo por
falar mesmo. Conheço a peça.
ALAN – Vá lá se trocar. Eu fico aqui
fora.
RODRIGO – Sem problemas se você quiser
entrar. Somos homens, não?
ALAN – Prefiro ficar aqui fora. Coisa
de respeito.
(RODRIGO entra. ALAN fica pensativo).
CENA 006. HOSPITAL. INTERIOR. RJ.
NOITE.
(LUIZ está numa sala, desacordado,
deitado numa cama. CARLOS observa tudo, pelo exterior, atrás de um vidro. Um
médico sai da sala e o jovem o para).
CARLOS – Seu doutor. Queria saber do
meu irmão. Como ele está, qual é o estado dele?
CENA 007. FACHADA DA CASA DE ÉRIKA.
NOITE.
(FUNDO: “Me Chama” – Lobão. ÉRIKA,
tímida, vira o rosto. PABLO beija o local).
PABLO – Até amanhã.
ÉRIKA – Até. E obrigada.
(ÉRIKA entra na casa. PABLO sorri e
anda. CAM afasta. Mostra a casa).
CENA 008. IMAGENS.
(Mostram imagens panorâmicas da cidade
do Rio de Janeiro).
CENA 009. QUARTO DE ALAN. INTERIOR.
(ALAN entra no quarto e fecha a porta,
a música cessa com o bater. Ele observa RODRIGO, distraído, só de cueca. Fixa
seu olhar nele. FUNDO: “Navega Coração”. RODRIGO se vira a ele e os dois se
encaram. ALAN cai em si).
ALAN – É... Desculpa. Me distraí aqui.
(risos) Se quiser deitar, usa minha cama, é espaçosa. Eu durmo no chão.
RODRIGO – Que é isso, cara. Durma na
cama também. Não vou lhe atacar. (risos) Se não se importar, é claro... (risos)
Tô brincando. (t) Você é um cara respeitador e eu também. Somos machos, porra!
ALAN – Se você insiste...
(RODRIGO se lança na cama, de barriga
pra cima. Se contorce com a dor).
RODRIGO – Ai! Às vezes esqueço de que
levei uma porrada.
(ALAN ri. E observa o volume de
RODRIGO, meio avantajado).
RODRIGO – Vem! Deita aqui, ó.
(RODRIGO bate no local onde ALAN tem
que estar).
RODRIGO – Do meu lado!
(RODRIGO mordisca os lábios sutilmente
à ALAN. CLOSE no rosto do jovem de pé).
A SEGUIR CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS
- LUCIANA conversa com LUCAS.
- MAURO se preocupa com a demora de
LUCIANA.
- Alguém abre a porta do quarto de
ALAN.
FIM DO CAPÍTULO
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