Voz da Bossa - Cap 018
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CENA 001.MANSÃO
DOS MAGALHÃES ARANTES. SALÃO. INTERIOR. NOITE
Após retornar de São Paulo: Anderson canta ao lado de Luciano, Belizário,
Romualdo e Belizário e Carlos a música Chega de Saudade. Andando pelo salão,
Marília cumprimenta Selma.
Marília – Estou
muito feliz com a parceria de sucessos do Adriano com Anderson.
Selma – E que
essa parceria dure para sempre.
Marília – Que Deus
te ouça... Ah, vai querer algum drink especial?
Selma – Não,
obrigada! Fui muito bem servida.
Marília – Que bom,
sinta-se a vontade.
Marília
recepciona os convidados e Jonatan conversa com Alma Dana.
Jonatan – Pelo
visto essa festa vai ser longa.
Alma Dana – É só uma
festa de retorno para mantermos a tradição.
Jonatan – Daqui a
pouco vou me recolher, amanhã terei que ir a Câmara Municipal.
Alma Dana – Aproveite
a festa um pouco menino.
Jonatan faz
presença a Alma Dana e Godofredo conversa com Letícia no canto.
Godofredo – Soube que
Angeluce está te ajudando a se tornar cantora.
Letícia – Ah meu
avô, você sabe que essa não é a minha vontade, mas vamos ver no que vai dar.
Godofredo – Tem que
pensar positivo minha neta. Oxalá estará te protegendo nessa caminhada.
Letícia – Saravá
avô.
Godofredo
abençoa Letícia. No palco Anderson brinda:
Anderson – Estou
muito feliz de ter realizado meu sonho cantando bossa nova numa emissora de TV.
Agora, voltando para o Rio, estou feliz de estar perto das pessoas que eu amo e
essa noite será lembrada para sempre. Viva a bossa nova!
Todos
brindam e Adriano vai para o segundo andar da mansão bêbado. Sozinho, Clara
seduz o empresário:
Adriano – O que você
quer comigo senhorita Clara?
Clara – Quero essa
noite ser inesquecível.
Clara beija
Adriano e os dois entram no quarto. A jovem tira a roupa do empresário, tira
suas vestes e se relaciona com ele. Ao passar no corredor, Jonatan vê pela
fresta da porta, Clara transando com Adriano e diz:
Jonatan – É uma
vagabunda mesmo. Terminar com Murilo para ficar com um rapaz que tem idade para
ser o pai dela.
Jonatan tira foto e deixa o local silenciosamente.
CENA 002.
APARTAMENTO CASTILLO. ELEVADOR. INTERIOR NOITE.
No elevador,
Tomás destrata Angeluce.
Tomás – Como os
tempos mudaram... Antigamente, pessoas como você não estaria usando um elevador
social, somente de empregados.
Angeluce – Está se
dirigindo a minha pessoa?
Tomás – É claro
que sim, tem mais alguém aqui dentro do elevador?
Angeluce – Pra mim
você é uma pessoa inexistente, tacanha e podre.
Tomás – Já se
olhou no espelho? Eu tenho tudo o que uma pessoa como você jamais deveria ter.
Sua preta de merda.
Angeluce
esbofeteia Tomás e diz:
Angeluce – Nunca mais
se refira a mim em tom pejorativo. A minha cor vale mais que a sua falta de
caráter. Você é o pior tipo de homem que existe no mundo.
Tomás agarra
Angeluce e ameaça:
Tomás – A próxima
que você me esbofetear, te mutilarei toda e jogarei seus restos mortais na Baia
de Guanabara.
Angeluce – Eu não
tenho medo de vocês e tão menos das suas ameaças.
Tomás – Pois
deveria ter medo de mim, você não sabe do que sou capaz de fazer com uma mulher
tão ordinária como você.
Angeluce – Você é um
lixo e se fazer algo comigo, farei um escândalo.
Ao elevador
abrir a porta, Angeluce é agredida por Tomás no corredor e Murilo defende a
empresária:
Murilo – Tu largues
ela, seu miserável.
Tomás – Cala boca
seu português de quinta categoria. Quem é você para falar algo?
Laura se
mete a confusão e diz:
Laura – Meu irmão é um homem honrado, não um infeliz como você.
Tomás – A vagabunda de Copacabana, português corno manso e a
pretinha de merda metida a empresária. Esse apartamento já foi bem frequentado,
agora, é um antro de gente desclassificadas.
Angeluce – Então o
que faz aqui se somos desclassificados?
Laura – Esse homem
nunca mais deveria pisar aqui. O apartamento Castillo deveria proibir a entrada
desse monstro.
Angeluce, Laura e Murilo se manifestam e os vizinhos expulsam Tomás do local.
CENA 003. APARTAMENTO
CASTILLO. PRÉDIO 1. SALA. INTERIOR. NOITE
Lilian
guarda as coisas do jantar e Ana diz:
Ana – Escutou um
alvoroço no corredor? Era o Tomás provocando confusão.
Lilian – O que esse
infeliz veio fazer aqui?
Ana – Eu suponho
que veio lhe cobrar alguma coisa, enfim, guardei as louças e o Oscar entrou no
quarto calado, sem dizer um pio.
Lilian – O que será
que houve com ele?
Ana – Olha, eu
não sei, mas é melhor conversar com ele. Agora vou dormir, amanhã tenho que
acordar cedo.
Lilian – Boa noite
filha, durma com Deus.
Ana entra no
quarto e Lilian entra no quarto de Oscar e pergunta:
Lilian – O que
houve meu filho? Está tão calado.
Oscar – Eu estou
um pouco cansado e pensando numa coisa aqui.
Lilian – Está
pensando no Renato? Você se apaixonou por este rapaz?
Oscar – Mãe, eu
sei que você é completamente contra este namoro, mas o Renato se tornou uma
pessoa tão especial na minha vida. Consegui me libertar de um preconceito que
eu tinha de mim através dele. Agora, eu sou outra pessoa, mais responsável e
maduro como você sempre sonhou.
Lilian – Filho,
sabe o porquê sou contra este namoro?
Oscar – Diga, abra
o seu coração.
Lilian – Eu sou
contra esse namoro porque vivemos numa sociedade que não aceita relacionamento
com pessoas do mesmo sexo. E está escrito na bíblia que o homem não pode se
deitar com outro como se fosse uma fêmea, é contra a natureza divina e os
nossos princípios. Agora se você quiser namorar com ele, não posso fazer muita
coisa por você a não ser a te aconselhar. Oscar, você é uma pessoa de bom
coração, frágil e que transmite amor por onde passa. Não deixe que as pessoas
te rebaixem ou te faça de gato e sapato. Minha preocupação sempre foi você.
Oscar – Não
esperava esse longo sermão, como também não esperava que você é contra o meu
namoro com o Renato porque vai contra os princípios, mas o que é princípios
para um povo tão ignorante? Dentre essas pessoas da sociedade, você foi a única
a me entender mãe. No coração e na mente, ninguém manda. E pode ficar tranquila
que farei o possível para não lhe dar nenhum trabalho.
Lilian – Fico muito
feliz em ouvir isso. Vem me dar um abraço!
Oscar abraça
Lilian e ela diz:
Lilian – Sempre
estarei do seu lado, filho!
Emocionada, Lilian deixa o quarto e Oscar se deita em sua cama.
CENA 004.
CLUBE GAROTAS DE IPANEMA. SALÃO. INTERIOR. NOITE
Maria Luísa
comemora com Clair, o sucesso do show de Caetano Veloso no Clube de Música:
Maria Luísa – Finalmente
saímos da crise financeira. Agora é poupar gastos, visse?
Clair – O show de
Caetano Veloso trouxe prestígio para o nosso clube. E tenho planos de expansão.
Maria Luísa – Dona
Clair, o que você quer dizer com isso?
Clair – Pretendo
levar nosso clube para Niterói, São Gonçalo e bairros adjacentes do Rio de
Janeiro.
Maria Luísa – Mas isso
vai dar muito trabalho pra gente [...].
Clair – Trabalho,
dinheiro e prestígio. Já dei entrada nas papeladas e vai dar tudo certo.
Maria Luísa
conversa com Clair e Lorena pede para Margarete ficar atenta.
Lorena – Fica de
olho na porta para não entrar nenhum intruso.
Margarete – Pode
deixar dona Lorena, aqui é um lugar bem seguro.
Lorena – Não
acredito na segurança que o Rio de Janeiro pode nos oferecer.
Margarete – Fique
tranquila patroa, nada vai nos acontecer.
Lorena – Que Deus
te ouça.
Margarete serve
bebida para os convidados e Lorena recepciona. Escondida, Malu pragueja:
Malu – Então é
aqui que essa ordinária da Margarete se esconde? Esse povinho que me aguarde.
Malu solta os
ratinhos preso da caixa e os bichos se espalham no clube de música, provocando
o espanto dos clientes. Uma hora depois, Maria Luísa recebe um mandato da
vigilância sanitária e diz:
Maria Luísa – Nosso
clube será fechado para averiguação da vigilância sanitária. Malditos ratos.
Clair – Eu vou
conversa com um dos responsáveis da vigilância sanitária para reverter essa
situação. Com licença.
Clair se aproxima dos guardas da vigilância sanitária. Sozinhas, Maria Luísa, Margarete e Lorena sentam no meio fio da calçada com semblante de tristeza.
CENA 005.
MANSÃO OLIVEIRA CHAGAS. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE
Eleonora e
Astolfo comentam o retorno de Anderson ao Rio de Janeiro durante o jantar:
Eleonora – Então quer
dizer que o energúmeno do Anderson retornou ao Rio.
Astolfo – Como você
sabe disso amor?
Eleonora – Escutei na
Rádio Tupi. Ele retornou ao Rio e fará parceria com Tom Jobim.
Astolfo – Fico muito
feliz por ele. O Anderson merece todo o sucesso do mundo.
Eleonora – Não
acredito que está torcendo pelo sucesso desse infeliz.
Astolfo – A sua rixa
é com ele e não comigo. Não misture as coisas.
Eleonora – Era só o
que me faltava.
Charles
chega a mesa de jantar e ironiza:
Charles – O casal
bonachão do golpe estava planejando algo?
Astolfo – Nos
respeite Charles, somos seus pais e merecemos respeito.
Charles – Então se
deem ao respeito. Vocês não tem vergonha? Primeiro aplicou um golpe no pai do
Anderson, agora é no filho? Vem cá, onde fica o bom senso de você?
Eleonora se
levanta e confronta:
Eleonora – Seu bom
senso deve ter ficado na casa do caralho. Aqui nessa mansão, você nos deve
respeito, enquanto tiver morando debaixo do nosso teto, irá fazer o que a gente
mandar.
Charles – Não irei
respeitar dois golpistas como vocês. Você não é ninguém para falar de respeito
dona Eleonora, porque pelo dinheiro, você se vende feito uma vagabunda.
Eleonora
esbofeteia Charles e diz:
Eleonora – Não te
coloquei no mundo para agir desta forma comigo. E por isso que sempre fui
contra de ter um filho. Se eu voltasse no tempo, eu teria te abortado e viveria
feliz da vida.
Charles – Já que é
assim, irei me retirar desta casa que nem sua é, era da sua tia que você fez
questão de manipular no leito de morte. Eu sustento essa casa ganhando os casos
na justiça, mas não tem problema, tenho dinheiro suficiente para viver sozinho.
Charles
chama por Solano:
Charles – Solano,
prepare as minhas malas e as suas. Deixaremos essa mansão pela manhã, você
merece coisa melhor do que viver nesse antro de falsidade.
Solano – Sim
senhor Charles.
Solano sobe
as escadas e Astolfo reage:
Astolfo – O Solano
não vai para lugar nenhum [...].
Charles – Ele vai
embora junto comigo. Não perderemos mais tempo nessa casa. Agora, sem meu
dinheiro, vocês viveram os tempos mais amargos e ficaram na merda. Com licença.
Charles sobe para o quarto, Eleonora fica nervosa e Astolfo acalma a esposa.
CENA 006.
APARTAMENTO CASTILLO. PRÉDIO 3. SALA. INTERIOR. NOITE
Lidiane se
espanta com a notícia da possível intervenção militar:
Lidiane – Não
acredito que nossa democracia está ameaçada pelos militares.
Renato – E você
acredita nesse noticiário Repórter Esso? Eu acho tão abusivo nas notícias que
vem da TV Tupi.
Lidiane – Eu
acredito no Repórter Esso pela sua credibilidade. Eles nunca que iam mentir
sobre as fragilidades do governo de João Goulart e a revolta da elite e
militares.
Renato – Acredito
eu que tudo isso não passe de especulações.
Lidiane – Ah meu
filho, o nosso país não está num bom momento. A inflação acima do teto
esperado, o Jango não sabe mais o que fazer, os agricultores a espera de uma resposta.
Nossa situação é tenebrosa.
Renato – Engraçado
que não escutei isso na redação do O Globo, será que o doutor Roberto Marinho
está ocultando informações?
Lidiane – Não sei,
mas se eu fosse você, me demitiria desse jornal. Não é saudável compactuar quem
é contra o nosso povo.
Renato – Mas
ficarei sem emprego e sem ter como pagar as despesas da casa.
Lidiane – Deixa
comigo filho, eu assumo suas funções. Tenha uma boa noite.
Lidiane desliga a TV e Renato fica pensativo.
CENA 007. CÂMARA
MUNICIPAL. GABINETE. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Ereoades
comemora o inicio da intervenção e Ricardo se preocupa:
Ereoades – Finalmente
o país entrará nos eixos.
Ricardo – Você
acredita que os militares consigam diminuir a inflação do Brasil.
Ereoades – Claro que
são capazes, eles foram instruído para isso.
Ricardo – Como não
tenho nada a declarar, irei trabalhar. Com licença.
Ricardo
deixa o gabinete e Jonatan entra indignado.
Jonatan – Não
acredito que se opôs ao povo e está envolvido nesse golpe militar.
Ereoades – Você não
pode questionar minhas decisões, o seu trabalho é anotar documentos.
Jonatan – Tenho
nojo de você, muito nojo!
Ereoades
ironiza e diz:
Ereoades – Guarde
esse nojo para você. Agora irei visitar a minha irmã Eleonora. Cuide muito bem
da Câmara. Tenha um bom dia.
Ereoades deixa o gabinete e Jonatan se revolta.
CENA 008.
CENTRO DO RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA/MANHÃ
João Goulart
num comício público: Hoje como auto testemunho da nação, o governo reafirma os
seus propósitos inabaláveis de lutar pela reforma da sociedade brasileira, e ao
lado do povo, pelo progresso do Brasil.
João Goulart é aplaudido e os militares invadem o jardim do
Congresso Nacional. Enquanto no Rio, Renato cobre a intervenção militar:
Renato – Estamos em frente ao Palácio Guanabara onde se encontra
os militares, o vereador Jonatan. Eles estão definindo os rumos dos próximos
anos com a intervenção atual. Mais tarde, novas informações. Até já.
Ao desligar a câmera, Renato é atacado por um militar e o
jornalista fica sem reação.
Fim do capítulo 18
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