Riscos de Vida - #SegundoEpisódio
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Dentro do
carro, Nicolas conversa com Solana sobre seu estado de saúde.
Nicolas – Mãe há
quanto tempo a senhora não faz um checape?
Solana – Ah meu
filho faz um dois anos.
Nicolas – Que isso
mãe, você não pode se descuidar dessa maneira. Sabe que se depender do meu pai,
a senhora ficaria mofando em casa. Nunca vi um homem velho daquele ter medo de
injeção.
Solana – O seu
pai e eu estamos trabalhando muito e temos pouco tenho tempo para cuidar do seu
irmão, e quando tenho, é para ensinar o dever de casa e pondo ele para dormir.
Sabe como o Breno é né? Viciado em vídeo game.
Nicolas – E a
Miriam? Ela não pode cuidar do Breno não?
Solana – Ela
trabalha comigo e me ajuda a comprar os insumos para o sítio.
Nicolas – Que bom
que a Miriam esteja trabalhando, só assim para ocupar um pouco a mente dela.
Solana – E vocês?
Quando chegaram a algum entendimento?
Nicolas – Quando
ela se tornar uma mulher madura.
Nicolas
chega ao Hospital San Marino e Solana pergunta:
Solana – O que eu
estou fazendo aqui?
Nicolas – Irei
encaminhar um checape completo para senhora. Você precisa fazer exames e
urgentemente.
Solana – Meu
filho não precisa [...].
Nicolas – Precisa
sim, eu não quero ver a senhora doente em hipótese alguma.
Nicolas abre
a porta e Solana se retira do carro. O enfermeiro e sua mãe entram no hospital
e é recepcionada por Érica:
Nicolas –
Essa é a recepcionista Érica, marque o médico, é o que te peço mãe.
Solana – Mas meu
filho [...].
Nicolas – Sem mais
e marque o médico.
Nicolas se
retira e Érica pergunta:
Érica – Bom dia,
o que a senhora deseja?
Solana e Érica conversam em off e a câmera se afasta.
CENA 002.
HOSPITAL SAN MARINO. SALA DOS ENFERMEIROS. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Amanda
assina as atas de atendimento e Nicolas entra na sala dos enfermeiros e
pergunta:
Nicolas – O que faz
tão cedo aqui amor?
Amanda – Fui
convocada para atender dezessete crianças na ala pediátrica.
Nicolas – Ué, mas
você não estava em treinamento para ser uma cirurgiã?
Amanda – Quer que
eu seja sincera?
Nicolas – Sim,
claro. Sou todo a ouvidos.
Amanda – Eu pedi
para Leandro me retirar da ata de cirurgias.
Nicolas – Porque
você fez isso Amanda? Esse não era o teu sonho?
Amanda – Era o meu
sonho até ver a carga de trabalho da Regiane. A coitada saiu daqui agora às
seis da manhã e acabada. Não tem vida própria e fica direto de plantão.
Nicolas – Mas amor
não deixe o medo atrapalhar os seus sonhos. Agora nos quarenta e cinco minutos
do segundo tempo vai se dedicar a pediatria.
Amanda – Nicolas
entenda, eu sou formada nessa área. Meu sonho sempre foi cuidar das crianças.
Agora mais do que nunca, essas crianças precisam dos meus cuidados.
Nicolas – Se você
acha viável mudar os seus planos, estou aqui para te apoiar.
Amanda – É por
isso que te amo você sempre me apoia em tudo e está do meu lado.
Amanda e
Nicolas se beijam e Leandro interrompe o momento:
Leandro – Opa,
aqui não é lugar e nem horário pra isso.
Amanda – Desculpe!
Amor estou de saída, com licença.
Leandro vê
Amanda sair e debocha de Nicolas:
Leandro – E o
senhor? Tem algo a dizer?
Nicolas – Tenho
nada a dize, tenha um bom dia.
Nicolas dá um tapinha no ombro de Leandro e deixa a sala dos enfermeiros.
CENA 003.
CASA DE SÁUDE PROMED. CORREDOR. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Sulamita
conversa com Soraia sobre os protocolos da Promed e a enfermeira questiona:
Sulamita – Aqui os
protocolos são bem sólidos quanto do San Marino [...].
Soraia – Mas
porque essa solidez nos protocolos médicos? Não acha meio exagerado?
Praticamente são concorrentes ao hospital.
Sulamita – Criamos
essa solidez porque aqui é uma casa de saúde do convênio criado por Vitória. A
Promed pertence a ela, assim como outros escritórios que pertence ao portfólio
dela.
Soraia – Nossa, eu
conhecia a Vitória apenas como uma grande cardiologista. Não sabia que era tão
poderosa assim.
Sulamita – Minha
filha guardou muito dinheiro em todo esse tempo. Investiu e teve o retorno além
do esperado. A Promed é uma extensão do Hospital San Marino, por isso que não
tem concorrência.
Soraia – Ah
entendi. Bom aqui é muito bem equiparado perto do hospital.
Sulamita – Compramos
esses equipamentos recentemente antes da Vitória assumir a presidência do San
Marino.
Soraia – Ah! Que
bom. Então, quando eu começo o meu turno?
Sulamita – Daqui a
duas horas. Vou pedir para atualizarem a escala no sistema, com licença.
Sulamita
sobe para o escritório e Soraia recebe chamada de vídeo de Leandro.
Soraia – Fala
Leandro, como anda as coisas por ai?
Leandro – Andam
normais e pelo visto, você está tensa ai no Promed.
Soraia – Os
protocolos daqui são muito estranho, rigorosos demais.
Leandro – Ah mais
ai é uma casa de saúde do convênio particular, muito óbvio os protocolos serem
rígidos.
Soraia – Sei não viu? Esse lugar tem uma vibe
bem estranha. Vou desligar antes que Sulamita me veja conversando contigo.
Leandro – Bom
trabalho!
Soraia – Igualmente.
Soraia encerra a chamada de vídeo e continua caminhando no corredor. A enfermeira olha pela fresta da porta, pacientes em tratamento alternativo do câncer e se espanta.
CENA 004.
HOSPITAL SAN MARINO. PÁTIO. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Vitória
sobe ao palanque e reúne todos os funcionários no pátio e inicia o discurso.
Vitória – Bom dia
funcionários do Hospital San Marino.
Funcionários
–
Bom dia senhora Vitória [Em coro].
Vitória –
Infelizmente estou aqui para anunciar cortes no quadro de funcionários e
algumas mudanças para adaptarmos a nossa realidade atual [...].
No banco,
Renato cochicha com Rebeca:
Renato – Eita
porra é hoje que as cabeças vão rolar.
Rebeca – A cabeça
já está rolando há muito tempo. Se a dona Vitória me dispensar, eu nem fico
surpresa.
Renato – Não fale
isso nem brincando! O San Marino não poder perder uma belíssima socorrista.
Rebeca – Deveria
falar isso para sua amiga Soraia que me afastou e fui protocolada na direção
por erro médico.
Renato – Tenha
calma, tudo vai dar certo.
Renato
segura a mão de Rebeca e Vitória continua o discurso:
Vitória – Estamos atravessando a pior crise dos últimos vinte
sete anos. Eu, Vitória Bezerra, contratei uma equipe especializada de
contabilidade e apuramos uma dívida de nove bilhões [...].
Perto da
porta, Nicolas se espanta e Amanda responde:
Nicolas – Caralho!
Como deixaram essa dívida crescer?
Amanda – Não tenho
a menor ideia, mas estou espantada.
Nicolas – Tem dedo
do outro ai nessa dívida.
Amanda – Não
começa hein? Chega de encrenca.
Nicolas
volta a prestar atenção na reunião e Amanda se aproxima Susana. No palanque,
Vitória anuncia cortes:
Vitória – Embora
dívida tenha surgido durante a minha transição para presidente e não temos
receita o suficiente para pagar os funcionários, a partir da próxima segunda,
metade dos enfermeiros serão dispensados. Não se preocupem, pois a maioria já
está sendo recolocados no mercado.
Os
enfermeiros começam a reclamar e Vitória continua:
Vitória – Além da
diminuição de enfermeiros, a nossa lanchonete sofrerá cortes. De quinze
cozinheiras, seis estarão à disposição e serão dividas por turnos, assim como
as garçonetes e chapeiras. A área da limpeza será terceirizada por uma empresa
especializada. As faxineiras que trabalhavam aqui serão desligadas nesta
segunda-feira. E o mapa do hospital será atualizado em breve. Esse serão os
cortes e tenham um bom dia.
Os enfermeiros deixam o pátio revoltados e Vitória olha com tristeza toda a situação.
CENA 005.
HOSPITAL SAN MARINO. CORREDOR. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Susana
comenta com Leandro sobre a reunião de funcionários:
Susana – Isso só
pode ser um pesadelo e faça um pezinho de meia para quando for desligado daqui.
Leandro – Susana
você precisa ter calma e tenho certeza que esse papo de recolocar no mercado é
furada. Sabemos perfeitamente que esses enfermeiros serão contratados pela
Promed.
Susana – E porque
você acha isso?
Leandro – Pense
bem, a Promed é bem equiparada, não fazem gastos altíssimos e tem uma excelente
reputação na área da saúde. A dona Vitória vai recolocar no mercado para ela e
dona Sulamita contrata-los pra lá.
Susana – Sei não
viu? É muito arriscado ela fazer isso e não arriscaria o cargo de presidente
com tão pouco.
Leandro – Você
ainda não se ligou? A Promed e San Marino pertencem ao mesmo grupo, por isso
não tem concorrência. Tanto é que o plano de saúde também tem uma clínica
particular e conta com dona Vitória como proprietária. Porque você acha que ela
credenciou a Promed aqui?
Susana – Nossa
quanta coincidência e marketing. Não esperava que o San Marino e a Promed fosse
difundidas.
Leandro – Não são
difundidas, tanto é que a dívida daqui não interfere em nada a Promed.
Susana – Entendi,
enfim, vou retornar aos trabalhos. Daqui a pouco o doutor Rodolfo aparece aqui
igual o dragão de São Jorge cuspindo fogo.
Leandro – Vai lá e
tenha um bom trabalho.
Susana –
Igualmente querido.
Susana
deixa a sala e Leandro recebe mensagem de Soraia:
Leandro – Mensagem
de Soraia? O que será?
Ao abrir a
mensagem, Leandro se depara com foto de tratamento alternativo de câncer na
Promed e diz sozinho:
Leandro – Isso não
pode ser possível.
Chocado, o enfermeiro troca mensagens com a colega de trabalho.
CENA 006.
MANSÃO VASCONCELOS VIDAL. SALA. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Ao entrar na mansão, Anália estranha ao vê Vitória cabisbaixa e
pergunta:
Anália – O que
houve Vitória? Está cabisbaixa e aparentemente triste.
Vitória – Sabe
quando sentimos aquele sentimento ruim? E deixamos o dominar? Então é isso que
eu sinto ao descobrir que o Hospital San Marino está com uma dívida de nove
bilhões.
Anália – Como é?
Nove bilhões? Conte-me isso Vitória, não é possível a dívida ser maior que a
receita líquida. Não existe isso, o hospital nunca teve uma dívida muito alta e
sempre equilibramos as contas.
Vitória – A dívida
foi apurada pela empresa de contabilidade, a mesma que eu contratei para fazer
os serviços para a Promed e acharam nove saques de nove bilhões das contas do
hospital.
Anália – Que
estranho isso, o Rodolfo era o VP de Finanças e não me disse nada sobre esses
saques irregulares.
Vitória – É bem
estranho, mas enfim, vou descansar um pouco e esfriar minha cabeça.
Anália – Vai lá,
qualquer coisa é só me chamar.
Vitória – Pode
deixar!
Anália
volta a ler o jornal na sala. Vitória sobe as escadas e caminha até o terraço
do quarto da cobertura e se depara com Rodolfo sozinho e o cirurgião ironiza:
Rodolfo – Olha
só... A maior cardiologista de Santa Catarina, aliás, do país voltou para a
casa cedo. Que foi? Sentiu o peso do fardo de ser presidente de um dos maiores
hospitais?
Vitória – Tenho
certeza que tem dedo seu nessa história.
Rodolfo – Já está
confabulando coisas? Jogando a culpa no meu colo? [Debocha].
Vitória – Não estou
inventando coisas, a sua mãe acabou de confirmar que você era VP de Finanças e
deveria ter no mínimo o conhecido das dívidas.
Rodolfo – Eu era VP
e não o responsável pelo departamento inteiro. E tem mais, para você que é
formada em administração, porque contratou uma empresa especializada em
finanças?
Vitória – Não te
interessa o porque contratei, o que importa é que seu descobri que você está
por trás dessa sabotagem contra a minha gestão, pode ter certeza que farei sua
carreirinha de cirurgião num piscar de olhos. Com licença.
Vitória se
retira do terraço e Rodolfo desdenha sozinho.
Rodolfo – Será que
vai acabar mesmo?
Rodolfo tira um gravador do seu bolso e diz:
Rodolfo – Essa
negrinha está se achando a poderosa? Está fudida nas minhas mãos.
Rodolfo ouve a gravação e ri sozinho.
CENA 007.
HOSPITAL SAN MARINO. ALA INFANTIL. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Amanda
conversa com Ricardo sobre a falta de investimento da ala infantil:
Amanda – O
hospital poderia voltar a investir nesse ala infantil. Já vi tantas crianças
morrerem por falta de insumos.
Ricardo – A nossa
situação está alarmante, então, investir nesse momento é arriscado.
Amanda – É uma pena
a Dona Vitória pegar o hospital nesta situação.
Ricardo – Essas
dívidas estão muito mal explicadas. Esse montante não pode superar o lucro
líquido isso é decretar falência.
Amanda – Não
entendo nada de finanças, estou por fora! A única coisa que eu quero é receber
meu salário.
Ricardo
recebe um chamado de doutora Mirtes e diz:
Ricardo –
Eu tenho que ir, a doutora Mirtes está me chamando.
Amanda
cumprimenta Ricardo e o neurocirurgião corre no corredor do hospital. Ao chegar
à porta do quarto, Ricardo entrega a pasta:
Ricardo – Aqui está
a pasta que você me pediu.
Mirtes – Muito
obrigada doutor. Com licença.
Ricardo
caminha no corredor e Mirtes entra no quarto. Solana pergunta:
Solana – Eu
estou bem doutora?
Mirtes abre
a pasta e responde:
Mirtes –
Dona Solana, não quis dar essa notícia ruim para a senhora, mas você foi
diagnosticada com leucemia. E em decorrência com os usos de remédios
irregulares, o seu organismo está fragilizado.
Solana fica
sem reação e uma lágrima cai do seu olho.
Fim do episódio 02
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