Voz da Bossa - Cap 015
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Murilo pede
explicações a Clara:
Murilo – Não
acredito que estás a fazer isso comigo... Gastei todas as minhas economias para
este matrimônio acontecer.
Clara – Então você
gastou suas economias atoa. Sempre deixei claro que nunca te amei como sua
esposa e sim como amiga.
Murilo – Mas sempre
te demostrei o meu amor, como pode terminar tudo desta maneira?
Clara – Você queria viver a infelicidade num
casamento de fachada? Pois eu não quero isso pra mim. Não vou fingir que o amo
para te agradar e tão menos aos meus familiares. Todo mundo sabe que esse
casamento é arranjado porque meu pai sonha em me ver casada aos dezoito anos. É
uma realização pessoal dele e você ainda pensa ou quer se casar comigo?
Murilo – Ora pois,
o que eu sinto por você não forçado e nutri esse amor por tanto tempo.
Clara – Então
procure uma pessoa que te ame e essa pessoa não sou eu.
Murilo pega
Clara pelo braço e diz:
Murilo – Torço
muito para que você se arrependa do que você está fazendo comigo.
Clara – Então
torça para não ser um homem morto se continuar segurando o meu braço. Agora,
suma daqui, não quero te ver nunca mais, me esqueça. E saia pela porta dos
fundos para o seu vexame ser menor.
Clara deixa
o quarto e Murilo sai em seguida e acompanhado por Mirian.
Mirian – Senhor
Murilo, você está bem?
Murilo – Estou
despedaço, mas tudo isso vai passar.
Mirian
acompanha Murilo até a saída dos fundos. E Clara entra no carro da família que
segue viagem para São Paulo. Sozinho e na estrada, Murilo chora e o tempo
fecha. O português fica no meio da chuva e diz:
Murilo – Tu me pagaste Clara. Ah se vai!
CENA 002.
APARTAMENTO BOCAIÚVA CONCEIÇÃO. SALA. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Letícia
aceita a proposta de ser cantora e diz a Angeluce.
Letícia – Pensando
na sua proposta ontem, sim tia, eu aceito ser cantora.
Angeluce – Eu fico
muito feliz por você Letícia.
Letícia – Mas serei
cantora com uma condição [...].
Angeluce – Que
condição?
Letícia – Quero ser
cantora exclusiva da Bramar, gravadora do meu pai com Anderson, a nova voz da
bossa nova.
Angeluce – Ai eu
teria que conversar com seu pai que é um homem mega ocupado.
Letícia – Deixe-o
comigo. Irei conversa com ele quando voltar de São Paulo.
Selma ouve a
conversa e diz
Selma – O que você
tem para conversar com o seu pai?
Letícia – Algo
importante que pode mudar a nossas vidas, né tia?
Angeluce – Exatamente
e eu estou apoiando nossa menina.
Selma – Rum, não
quero dores de cabeça. Já basta o Davi que me enlouquece.
Davi – O que tem
eu mãe?
Selma – Não se
faça de desentendido Davi, enfim, vamos para o carro que nos espera.
Letícia e Angeluce conversam sobre música e Selma carrega as malas junto com Davi.
CENA 003.
HOTEL COPACABANA PALACE. QUARTO. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Valentina
visita Assis que segue adoentado:
Valentina – Como anda
o seu estado de saúde Chatô?
Assis – Eu estou
com trombose e o estágio está avançado. Agora terei que gastar minhas economias
com tratamentos e minha ida para São Paulo.
Valentina – Você não
pode fazer esforço senão o quadro piora.
Assis – Terei que
viajar para tratar disso. Estou me sentindo muito cansado.
Valentina – Eu te
compreendo querido, não é fácil combater uma doença dessa estirpe.
Assis – E você?
Como anda as coisas?
Valentina – Estou bem,
casada, com uma boutique de roupas que abrir graças ao meu marido.
Assis – Mas as
mulheres não podem assumir negócios.
Valentina – Um dia, a
legislação brasileira à de mudar. Não podemos ficar reféns de homens para tudo.
Assis – Eu
concordo contigo, mas o que estraga nosso país, é essa política picareta.
Valentina – E eu
concordo plenamente com você. Agora senhor Chatô, você precisa de cuidados
reforçados. Irei para o meu quarto e qualquer coisa é só me chamar.
Assis – Te
chamarei quando for preciso.
Valentina beija a testa de Assis e entra em seu quarto.
CENA 004.
APARTAMENTO CASTILLO. PRÉDIO 1. QUARTO. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Ferido,
Oscar desabafa com Ana:
Oscar – Meu pai
foi um monstro comigo e estragou o pouco momento de felicidade e amor que tive
com o Renato.
Ana – Eu sabia
que um dia isso iria acontecer.
Oscar – Como você
sabia? Alguém te contou?
Ana – Minha mãe
e eu percebemos sua proximidade com o Renato, e vou ser sincera, eu não vi com
bons olhos. Dois homens se relacionando é um tanto [...].
Oscar – Um tanto
o que Ana? Fala logo?
Ana – É
estranho, mas eu não posso fazer absolutamente nada por você. Eu sou contra
esse tipo de relacionamento, porém, não posso repreender o sentimento que sente
um pelo outro.
Oscar – Muito
obrigada irmã, você está sendo generosa comigo.
Ana – Eu estou
aqui para te ajudar no que for preciso e tenho um conselho para lhe dar.
Oscar – O que você
tem a dizer?
Ana – Não
expresse esse namoro publicamente. Nossa sociedade não iria aceitar e correria
o risco de você ser linchado pela ala conservadora. E não quero que o pior
aconteça contigo.
Oscar – Vou
tentar o máximo em não andar de mãos dadas com o Renato na rua.
Ana – Ótimo,
agora venha abraçar sua irmã.
Oscar abraça
Ana e desaba em choro. Na sala, Léa confronta Lilian.
Léa – Então quer
dizer que o meu neto, o Oscar é maricas? Que vergonha. Agora entendo o
desespero do Tomás na ligação que ele me fez.
Lilian – Vergonha?
Não tenho vergonha do meu filho ser o que ele é. Vergonha eu tenho é do seu
filho me abandonar com duas crianças e passando por necessidades. Eu tive que
lutar para viver porque esse miserável me trocou por uma vagabunda.
Léa – Se ele te
trocou por uma vagabunda é porque não é mulher o suficiente. Toda mulher de
família tem que se impor, ter vigor, ser rígida e ética e não mosca morta e
frígida como você.
Lilian se
aproxima de Léa e diz:
Lilian – Se eu
pudesse, eu enfiaria a mão na tua cara. Você é uma doutrinadora de merda, uma
velha tacanha, baixa e que se submete a qualquer tipo de opressão que venha dos
homens. Você é uma vergonha, é patética. Ser uma grande dama não é ter pose, é
ter classe, caráter e dinheiro no bolso e tudo isso lhe falta.
Léa – Eu espero
muito que meu filho retorne a esta casa para pôr ordem. Porque senão, você irá
ver a Léa patética que você acabou de se referir.
Lilian – Vai fazer
o que? Vai me matar? Vai me afogar na Baia de Guanabara? Eu sustento essa casa
e aqui ele não retorna, nem sob mandado judicial.
Léa – É o que
veremos, querida!
Léa deixa o
apartamento e Lilian diz
Lilian – Que velha
filha da puta! O que é dela está guardado.
Lilian pega
o cigarro e o isqueiro na mesa e fuma na sacada do prédio e pensativa.
CENA 005.
APARTAMENTO CASTILLO. CORREDOR. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Tomás dá de
cara com Renato e provoca:
Tomás – Olha só, a
mariquinha mora de frente para minha casa.
Renato – Sua casa?
Casa da dona Lilian né? Ela quem sustentou seus filhos enquanto esteve ausente.
Tomás – Além de
boiola é fofoqueiro. Sua mãe não teve pulso firme com você né? Para ser de
jeito, te faltou umas porradas.
Renato – Se eu
gosto de homem, isso é problema meu. E se isso te incomoda, você irá ver mais
vezes eu beijando a boca do seu filho.
Tomás se
irrita, pega Renato pelo colarinho e diz:
Tomás – Se você se
aproximar do meu filho, você vai ver o que irei fazer com você [...].
Lidiane
interrompe e diz:
Lidiane – Vai fazer
o que com o meu filho?
Tomás – Agora
está explicado de onde veio a criação falha.
Lidiane – Filho, vá
trabalhar, irei bater um papo com este projeto de homem.
Renato se
desvencilha de Tomás e desce entra no elevador social. O pai de Ana e Oscar
ironiza Lidiane:
Tomás – Então quer
dizer que sou um projeto de homem? Logo eu que te dei prazer e fiz de você uma
mulher de verdade [...].
Lidiane – Meu
prazer na juventude, agora você me dá nojo!
Tomás – Eu sei que
você ainda é apaixonada por mim.
Lidiane – Me esqueça
Tomás, além de nojo, eu tenho vergonha do homem que você se tornou. Sem
escrúpulos, miserável, filho da puta [...].
Tomás
pressiona Lidiane na parede e diz:
Tomás – Você fica
tão bonita me xingando!
Lidiane – Me solta
ou senão eu grito aqui.
Tomás entra
na casa de Lidiane, imobiliza a advogada, rasgas suas roupas, abre o zíper da
calça e coloca as partes intimas para fora e executa um estupro. Gritando,
Lorena ouve no corredor, pega um vaso do corredor e acerta na cabeça de Tomás
que fica desacordado.
Lorena – Senhora,
você está bem?
Lidiane – Estou
dilacerada. Esse homem me violentou. [Chora].
Lorena abraça Lidiane e tira a advogada de casa e leva para seu apartamento.
CENA 006.
MANSÃO DOS OLIVEIRA CHAGAS. QUARTO. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Solano
procura Charles e conta as verdades:
Solano –
Senhorzinho, eu se fosse você, voltaria para o exterior.
Charles – Porque diz
isso Solano?
Solano – Seus pais
pode arquitetar um plano para lhe tirar de circulação.
Charles – Meu pai
não iria fazer nada comigo, ele me endeusa, já Dona Eleonora não iria se
queimar com a alta sociedade de Niterói. Ela nem é louca.
Solano – Então fica
atento com seu pai, pois ele não está para brincadeira.
Charles
deixa o quarto e do alto da escada ele diz para Solano:
Charles – Está vendo
aquele casalzinho lindo lá em baixo?
Solano – Sim,
claro, o que tem os patrões.
Charles – Eles
simbolizam a hipocrisia. Mas vou aprontar uma com eles.
Charles
desce a escada e diz:
Charles – Estou de
saída hein?
Astolfo – Vai pra
onde filho?
Charles – Vou ao
banco e já volto.
Eleonora
olha para Astolfo e diz:
Eleonora – Agora é
hora de agir contra ele.
Eleonora e
Astolfo entram no carro e seguem Charles.
CENA 007.APARTAMENTO
AMARAL PRADO. SALA. INTERIOR. DIA/MANHÃ
Murilo chega
possuído de ódio e quebra os pertences da sala. Assustada, Laura pergunta:
Laura – O que está
acontecendo aqui? E porque está nesse estado?
Murilo – A
vagabunda da Clara me largou, me deixaste na merda e sem minhas economias.
Laura – Oh meu
irmão, eu bem que te avisei que ela não é mulher para você.
Murilo – É sim e
irei de provar!
Laura – Murilo não
faça algo que possa se arrepender.
Murilo dá um
sorriso sarcástico para Laura e com o olhar cheio de ódio da Clara.
Fim do capítulo 15
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