Autor: Lucas Bonifácio.
Capítulo 001.
Ano de 2004.
6:10 DA MANHÃ - RIO DE JANEIRO - NO (fictício) BAIRRO DE JESUS AMADO - NA CASA DE ANTÔNIO.
Antônio é um jovem de 16 anos, de pele branca, olhos e cabelo negro, liso e arrupiado. Ele, seu pai Almir e seu irmão mais novo Marcelo de 15 anos, irão viajar para Salvador. Olívia, a mãe dele está com resfriado e não poderá ir com eles, ela está com seus filhos na sala, Almir se aproxima com uma mala.
Almir: Vocês estão prontos filhos?
António: Eu "tô"!
Marcelo: Eu também pai!
Antônio se aproxima de Olívia.
Antônio: Mãe, por favor se cuida.
Olívia: "Oooh" meu filho, eu vou me cuidar! Isso é um resfriado à toa, logo, logo vou estar bem. Não se preocupe.
Ela abraça seu filho. O celular de Almir toca, ele atende é sua mãe Vera.
Almir: Fala mãe!
Vera: Filho eu estou esperando. Vocês já estão vindo?
Almir: Ainda nem saímos de casa mamãe. Vamos agora!
Vera: Aí filho, vem logo que eu "tô" morrendo de saudade de vocês. Olha, eu "tô" preparando aquela feijoada que você adora.
Almir: Haha, tá bom mamãe a gente já vai, tchau!
Vera: Tchau meu filho, fica com Deus!
Almir: Fica com Deus também mãe, te amo!
Eles finalizam a ligação.
Almir: Bom meninos, vamos nessa que a avó de vocês já está ansiosa esperando a gente.
Olívia: Ai meus filhos, vem cá, me dão um abraço!
Antônio e Marcelo abraçam Olívia.
Olívia: Almir cadê o meu beijo de despedida?
Almir: Oh meu amor. Tô com medo de pegar gripe hahaha.
Olivia: Anda! Vem! Não vai me deixar sem me dá um beijo!
Almir: Claro que não!
Ele sorri e beija sua esposa. Os 4 dão um abraço coletivo.
Olivia: Eu vou sentir muita saudade dos meus machinhos.
Almir: A gente também meu amor!
Marcelo: Mas daqui uma semana estamos de volta mãe, e nesse tempo que estivermos em Salvador eu prometo te ligar todos os dias.
Olivia: Eu espero, porque eu quero mesmo a atenção de vocês. Se eu não estivesse com resfriado eu iria nessa viagem, mas infelizmente eu...Ah, ah, tchim!
Ela espirra em um pequeno lenço que está segurando.
Almir: Ah meu amor, eu fico até preocupado de viajar e te deixar aqui, nesse estado.
Olívia: Não se preocupe, eu já estou bem melhor! Eu só não sei se vou ficar quando tomar aqueles remédios horríveis.
Almir: Não dá trabalho meu amor, é preciso tomar, são eles que vão te aliviar desse resfriado.
Olívia faz uma cara de insatisfeita. Almir olha as horas em seu relógio de braço.
Almir: É, vamos meus filhos que nosso vôo tâ para partir, falta quarenta minutos para as 7. Tchau meu anjo, se cuida!
Dá um beijo na testa da esposa.
Olívia: Vou me cuidar, tchau!
Marcelo: Tchau mãe!
Olivia: Tchau filho!
Antônio: Tchau mãe!
Olívia: Tchau meu filho. Vão com Deus!
Almir sai com seus filhos.
Olívia: Ah, ah, ah, tchim!
Olívia espirra.
Olívia: O gripe que não sara meu Deus.
Ela limpa o nariz com o lenço.
SALVADOR - BAHIA.
NO (FICTÍCIO) BAIRRO DE DINORÁ - NA CASA DE MÃE NIRA - NA COZINHA.
Luiza é uma linda jovem de 15 anos de pele morena clara, olhos castanho, cabelo negro e ondulado que bate até a cintura. Ela está sentada na cadeira olhando a foto de sua mãe que faleceu em seu album de fotos que está sobre a mesa. Mãe Nira uma mãe de santo que cuida de Luiza desde bebe, chega com algumas compras.
Mãe Nira: Oi filha!
Luiza: Oi mãe Nira, onde a senhora estava?
Mãe Nira: Fui fazer algumas compras, as coisas estavam acabando.
Responde a mãe de santo guardando as compras em um ármario.
Luiza: Ah sim!
Luiza volta a olhar o album de fotos. Mãe Nira termina de guardar seus pertences.
Mãe Nira: Oque você está fazendo?
Pergunta se aproximando.
Luiza: Estou olhando o album de fotos de finada maínha.
A mãe de santo também observa as fotos.
Mãe Nira: Nossa, sua mãe era tão bonita né minha filha?!
Luiza: Oh se era! (Diz a jovem com um sorriso no rosto, que em poucos segundos se trasforma em um semblante triste) - Sabe mãe Nira, todos os dias eu me culpo por ter sido a principal causa de morte de maínha.
Mãe Nira: Que isso minha filha, não fale assim.
Luiza começa a chorar.
Luiza: Se eu não tivesse nascido, maínha não tinha morrido. Eu vir só pra tirar ela desse mundo.
Mãe Nira: Não Luiza, você não pode se culpar desse jeito. Você era um bebê inocente, como todos que vem ao mundo.
Luiza chora mais ainda.
Luiza: As vezes eu acho que eu sou uma praga sabe?! Uma praga que só trás destruição. A senhora mesmo disse que quando maínha se engravidou de mim, painho abandonou ela, e quando eu nascir maínha morreu. Eu fui a infelicidade dela.
Mãe Nira: Uma coisa não tem nada haver com a outra Luiza, você não tem culpa de nada. Sua mãe ficou muito feliz quando se descobriu grávida de você, e seu pai abandonou ela por covardia, porque ele não amava ela de verdade como dizia. E ela morreu durante o seu parto porque esse era o destino dela, a vida quis assim...Não se culpe, que isso só vai te fazer mal!
Mãe Nira abraça a jovem, que continua a chorar.
Luiza: Eu só queria a presença dela mãe Nira, que estivesse viva.
Mãe Nira: Eu sei, eu também queria! Sua mãe era mais que uma amiga pra mim, eramos praticamente irmãs. Ela tinha tanta confiança em mim que até me pediu pra criar você antes de morrer, e olha que moça linda ela pariu.
Mãe Nira acaricia o rosto de Luiza que dá um pequeno sorriso entre lágrimas.
Mãe Nira: Ela não está mais aqui entre nós e eu sei que eu nunca vou substituir o lugar dela, mas por todo esse tempo que te vir evoluir, e por você ser filha de uma que foi minha melhor amiga, eu panhei um amor muito grande por você, e eu não quero te ver assim. Eu não sou sua verdadeira mãe, mas eu te amo da mesma forma que uma boa mãe ama um filho.
A mãe de santo chora de emoção.
Luiza: Oh maínha!
Luiza abraça mãe Nira.
Luiza: Eu também amo muito a senhora, a senhora pra mim é minha segunda mãe. E sou muito grata por tudo que a senhora fez e faz por mim.
Mãe Nira: Não é nada! Eu vejo em você sua mãe, e me orgulho em te ter na minha vida! (Elas ficam alguns segundos abraçadas) - Bom, agora vamos organizar o terreiro porque agorinha as pessoas vem se benzer.
Diz a senhora limpando suas lágrimas.
Luiza: Vamos!
Luiza se levanta da cadeira e elas saem abraçadas.
NO CÉU - EM UM AVIÃO.
Almir, Antônio e Marcelo estão a caminho de Salvador. O pai está sonolento.
Marcelo: Pai! (Almir se desperta) - Onde fica mesmo Salvador?
Antônio: Deixa de ser tonto Marcelo, Salvador fica na Bahia. Parece que não estuda.
Marcelo: Eu não falei com você Antônio eu falei com o pai.
Almir: Ai meus filhos, também não precisam discutir por pouca coisa né, vocês já estão bem grandinhos pra isso. E você Marcelo já está grande o suficiente pra saber que Salvador fica na Bahia, não me envergonhe com tanta ingenuidade filho.
Marcelo: Eu tinha esquecido pai, pra mim ficava em Recife!
Antônio: Recife é capital de pernambuco seu bobo, hahaha.
Almir: Meu Deus! Presta mais atenção nas aulas de geografia hein Marcelo.
Marcelo fica com vergonha, enquanto Antônio rir zombando dele.
Passam - se algumas horas.
EM SALVADOR - NA CASA DE MÃE NIRA - NO TERREIRO.
Mãe Nira se despede de seu último cliente.
Mãe Nira: De nada, vai com Deus!
O cliente se retira, Luiza se aproxima da mãe de santo.
Luiza: Esse foi o último cliente mãe Nira. Caramba, hoje atendemos mais pessoas do que sexta feira passada.
Mãe Nira: Verdade filha! Estou me sentindo um pouco carregada. Mas ainda tenho que atender mais uma cliente.
Luiza: Oxi mãe Nira, quem?
Pergunta olhando para os lados.
Mãe Nira: Você! Vem, deixa eu jogar os búzios pra você.
Pega no braço da jovem.
Luiza: Não mainha, não precisa, a senhora tem que descansar...
Mãe Nira: Que nada menina, vem! Saber sobre seu futuro. Nunca joguei pra você.
A mãe de santo puxa Luiza até uma pequena mesa, Luiza se senta na cadeira ao redor da mesma. Mãe Nira acende algumas velas e coloca em cima da mesa, em seguida ela pega as pedras de búzios. Mãe Nira se senta na outra cadeira.
Mãe Nira: Vamos filha, faça sua pergunta!
Luiza: Ah, eu quero saber o que os búzios tem a dizer sobre minha vida amorosa.
Pergunta a jovem feliz, Mãe Nira sacode as pedras e em seguida as joga na mesa, e olha.
Mãe Nira: "Ahhh", tem a dizer muitas coisas!
Luiza: Ai mainha, como oque por exemplo?
Pergunta animada.
Mãe Nira: Eu vejo que logo, em um futuro breve, você vai conhecer um garoto e que esse garoto vai se apaixonar por você!
Luiza: Sério mãe Nira?
Mãe Nira: Sim, estou vendo aqui. Esse menino não é daqui. Mas está chegando no seu caminho, não vai demorar.
Diz olhando as pedras.
Luiza: Nossa, e ele é um rapaz bom?
Mãe Nira: Muito bonzinho! E ele vai se apaixonar mesmo por você, vai ser um amor que você vai ter que valorizar. E vejo aqui que a historia de vocês dois vai ser longa. É um caso de alma gêmea!
Luiza: Alma gêmea? Mas que lindo mainha! Acho que nunca fui amada de verdade por um garoto. Mas namorado não é tanto meu foco. E vida profissional mãe Nira?
Mãe Nira: Vamos ver!
Mãe Nira pega os búzios, os sacode entre as mãos, e joga as pedras na mesa as olhando.
Mãe Nira: Trabalhos você terá muitos! Mas lá na frente vejo um especial. Um trabalho que vai te trazer muito sucesso e admiração das pessoas.
Luiza: Nossa! E a senhora consegue ver que tipo de trabalho é?
Mãe Nira: Não, não me revelaram! Mas vai ser um trabalho lindo, que vai te fazer ser bastante conhecida pelas pessoas.
Luiza fica feliz com a revelação.
Eterno Verão.
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