Novela de Brunoh Franco
Cena 001 • Beco - Noite
Sandra — O que está fazendo aqui, Laércio?
Laércio — Pensou que iria me enganar por muito tempo, sua vadia?!
Sandra — O que você quer?
Laércio — Você vai fazer tudo o que eu mandar, ou sua filha vai saber quem o pai dela era, e quem o matou!
Sandra — Sabe que eu não o matei! Eu pensei que tinha matado o Afonso, mas ele se passou por Osvaldo, todo este tempo ele estava vivo. Ele foi encontrado morto há alguns meses atrás, eu não tenho vínculo nenhum.
Laércio — Quem garante que sua filha vai acreditar, sua vagabunda? Faça o que estou mandando! Voltei em breve.
Laércio sai andando. Sandra chora.
Cena 002 • Casa de Regina • Dia
Regina termina de embalar as coisas. Maura entra.
Maura — Eu acho palhaçada essa ideia de irmos morar em São Paulo.
Ricardo — Eu estou adorando!
Regina — Eu quero estar mais próximo das coisas do Marcos.
Maura — Mas e a igreja? Quem vai cuidar?
Regina — A Irmã Natália vai se responsabilizar. Encontrei um casarão em um condomínio, é com ótimo acesso ao Anhangabaú, Avenida São João, onde fica a igreja do Marcos.
Maura olha feio.
Cena 003 • Galpão • Dia
Henrique está encostado em um palete com várias caixas. Ellen entra.
Ellen — Fala para mim que isso é mentira.
Henrique — É verdade. Estou deixando o tráfico.
Ellen — Não é tão fácil, Henrique. Tem muitas coisa que você está sabendo.
Henrique — Mas eu não conheço o chefão.
Ellen — É perigoso.
Henrique — Mande-o vir falar comigo. Eu não faço mais parte disso. Fui!
Henrique sai do galpão.
Henrique desce as escadas do beco e sai na avenida, um carro sai de onde estava estacionado e acelera na direção de Henrique e lhe atropela.
Cena 004 • Casa de Sérgio • Dia
Vinna — Vai deixar essa garota lhe intimidar?
Sérgio — Não tenho o que fazer. É isso, ou ela conta toda a verdade
Vinna — Alguém precisa parar essa Camila.
O celular de Sérgio toca. Ele atende.
Sérgio — Alô?... O quê? Não! Meu filho?
Cena 005 • Apartamento de Bianca • Dia
Instrumental Triste
Bianca está deitada no chão da cozinha. Há duas garrafas de vodka do seu lado. João Paulo entra.
Ele vê Bianca no chão.
João — Meu Deus, Bianca! O que houve?
João pega Bianca pelo braço e lhe leva até o chuveiro. Em câmera lenta mostra João cuidando de Bianca e lhe colocando na cama.
//Corte
Bianca está sentada na mesa, tomando uma sopa.
João — Não vai me contar o que lhe deixou assim?
Bianca — Eu estou tão decepcionada, João. Estou tão triste e com medo.
João — Medo do quê?
Bianca — Medo de perder o Henrique de vez. Medo de ficar famosa e não poder sair na rua. Medo dos meus pais se separarem. Parece que minha vida está indo para o ralo.
João — Você sabe que o Henrique gosta da Laís.
Bianca — Está nos olhos dele. Não sei se vou suportar tudo isso. Sabe, eu preciso ficar sozinha.
João — Você não vai mais compor?
Bianca — Acho que não estou pronta para pensar nisso agora. Eu só preciso ficar sozinha.
João — Me liga qualquer coisa.
João se levanta e sai. Bianca caminha até o quarto, pega um pino de cocaína, uma garrafa de whisky e caminha até a cozinha. Ela monta uma carreira no balcão e cheira, em seguida, senta no chão, abre a garrafa e vira no gargalo. Do seu lado há um caderno e uma caneta, e ela fez o que lhe deixava bem... Ela compôs.
"Encontrei você lá no bar e ouvi
Você usava camiseta de caveira com mangas arregaçadas
Você perguntou: O que você fez com ele hoje?
E me cheirou como se eu fosse Tanqueray
Porque você é meu parceiro, meu cara
Me passe sua Stella e saia daqui
Quando chego até a porta
Você acaba comigo como Roger Moore
Eu me enganei
Como sabia que iria
Eu te disse que eu era encrenca
Você sabe que eu não presto
Na cama com meu ex-namorado
Ele está no lugar certo, mas não consigo sentir prazer
Penso em você nos momentos finais
E aí meu alarme toca
Saio para encontrar você com batata e cerveja
Você diz: Quando formos casados
Porque você não é amargo
Ele não vai mais existir
Eu chorei por você no chão da cozinha
Eu me enganei
Como sabia que iria
Eu te disse que eu era encrenca
Você sabe que eu não presto
Doce união entre Jamaica e Espanha
Voltamos a ser como antes
Estou na banheira, você está sentado
E lambe os lábios enquanto lavo meus pés
Aí você percebe uma pequena queimadura no carpete
Sinto um frio na barriga e fico enjoada
Você dá de ombros, é a pior parte
Quem realmente deu a primeira facada?
Eu me enganei
Como sabia que iria
Eu te disse que eu era encrenca
Você sabe que eu não presto
Eu me enganei
Como sabia que iria
Eu te disse que eu era encrenca
Sim, você sabe que eu não presto"
Cena 006 • Hospital • Dia
Sérgio caminha de um lado para o outro. Vinna está tentando lhe acalmar. Laís entra.
Laís — Como ele está?
Sérgio — Mal. Tenho medo que ele não sobreviva.
Ellen entra.
Laís — Ellen, o que está fazendo aqui?
Ellen — Sérgio, preciso falar com você.
Sérgio — Diga.
Ellen — O Henrique estava trabalhando no tráfico de cocaína da comunidade de Heliópolis. Onde ele foi atropelado.
Sérgio — O quê?
Ellen — Ele decidiu sair, então eu acho que o chefe mandou alguém matá-lo.
Sérgio — Meu Deus. Não pode ser, meu Deus. O meu. filho.
Sérgio recebe uma mensagem.
Isso foi só um pouco do que sou capaz de fazer para conseguir o que quero. Se contar para alguém, ele morre. Falsifique a assinatura!
— Camila.
Sérgio olha apavorado para o celular.
Fim do Capítulo
Comentários
Postar um comentário