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Escrita por Glalber Duarte.
CAPÍTULO 052
CENA
001. DELEGACIA. INTERIOR. SALÃO. RJ. TARDE.
(RAMON
e VITÓRIA se assustam com o barulho do tiro).
RAMON
– Menina! O que será que houve?
VITÓRIA
– Foi lá fora.
RAMON
– Vamos ver!
(RAMON
e VITÓRIA saem do local).
CENA
002. HOSPITAL. INTERIOR. QUARTO.
(ALAN
fica calado).
SÉRGIO
– Bom, se não quiser responder, não irei te pressionar. Tenho algumas coisas a
fazer, depois a gente se fala.
(SÉRGIO
vira-se, mas para, ao ouvir ALAN).
ALAN
– Cara. Espere!
(SÉRGIO
para).
ALAN
– Eu fico sem jeito de contar, minha vida se tornou uma turbulência, a partir
do momento em que conheci um garoto.
(SÉRGIO
volta a se aproximar a ALAN).
SÉRGIO
– Quem é esse?
ALAN
– RODRIGO. Eu não sei se gosto dele, é algo confuso, que me toma por inteiro.
Tento deixar pra lá, mas ele sempre vem a tona, em meus pensamentos. É aquele
sentimento agressivo, ele me faz sofrer, mas ao mesmo tempo, me faz gostar dele
cada vez mais...
SÉRGIO
– E você viu nessa garota um meio de tentar esquecê-lo?
ALAN
– Não só esquecê-lo, mas dar orgulho a minha família. Ser gay é sofrer, sabe?
Sofrer com sua família conservadora, sofrer com a sociedade machista e
preconceituosa. Eu não pedi pra sofrer, eu não pedi pra ser assim, simplesmente
nasci.
SÉRGIO
– Porque você passa a não se importar com estas coisas e passe a viver, sem
medo de ser feliz, sem temer, aceitando-se a si mesmo, primeiramente, assim
como é?
ALAN
– Não sei se consigo passar essa barra.
(SÉRGIO
segura a mão de ALAN).
SÉRGIO
– Eu passarei contigo. Nos conhecemos agora, mas tenho essa obrigação em te
ajudar, pois passei por estas coisas as quais você passa, minha família me
expulsou de casa e eu me desdobrei, pois na época estava fazendo faculdade para
fisioterapeuta. Contei com a ajuda de uns amigos que me ajudaram e eu agora, me
sinto no dever de fazer isso com o próximo.
ALAN
– Nem sei o que dizer... Realmente, você é um cara muito legal.
CENA
003. CASA DE LOLÔ. INTERIOR. SALA.
(ÉRIKA
está confusa).
ÉRIKA
– O que você quer dizer com isso?
PABLO
– Já passou da hora da gente parar com esse chove não molha.
ÉRIKA
– Eu não tô conseguindo entender.
PABLO
– Eu quero algo mais sério contigo. Quero namorar você.
ÉRIKA
– Ah, só porque a LOLÔ foi embora né? Eu sei muito bem o final dessa história.
PABLO
– Agora sou eu que não entendo.
ÉRIKA
– Você namora comigo, finge me amar e quando ela voltar correrá para os braços
dela.
PABLO
– Eu nunca faria isso contigo.
ÉRIKA
– Eu te conheço muito bem, PABLO. Você não gosta de mim, não tente forçar isso.
PABLO
– E os momentos bons que passamos juntos até agora? Vai ignorar?
ÉRIKA
– Nunca, até porque somos bons amigos e somente isso.
PABLO
– Se dependesse de você, seriamos mais do que isso.
ÉRIKA
– Odeio que mintam pra mim.
PABLO
– Possa ser que você não acredite, mas eu gosto muito de você.
ÉRIKA
– Não sei, PABLO, eu não sei.
PABLO
– Me dê uma chance, uma apenas, em provar que não estou mentindo.
ÉRIKA
– Eu gosto tanto de você, tanto que não quero ver sua infelicidade, não quero
que você fique infeliz namorando comigo.
PABLO
– Se estou lhe pedindo isso é porque eu sei que você poderá me fazer feliz.
ÉRIKA
– Eu preciso pensar.
PABLO
– Esperarei o tempo que for preciso.
CENA
004. CASA DE MAURO. INTERIOR. SALA.
(MAURO
volta a sala, falando com o casal que está no sofá, de costas para a CÂM).
MAURO
– Depois de vinte anos você me diz que quer seu filho perto de você? E porque
não pensou antes de entrega-lo pra mim e pra LUCIANA, CAMILA?
(CAMILA
se levanta, mostrando o rosto a CÂM).
CAMILA
– Eu tenho todos os direitos. Sou mãe.
MAURO
– Desde quando uma mãe tem direito de algo, quando abandona seu próprio filho?
JOÃO
– MAURO, meu irmão, você sabe muito bem. Nós éramos pobres, não caíamos em pé,
vivíamos de golpes. A gente não tinha condições de criar uma criança.
MAURO
– Como se estivesse mudado alguma coisa até então.
CAMILA
– Estamos ricos, cunhado. Ricos.
MAURO
– Ganharam no jogo do bicho?
CAMILA
– Recebemos um dinheiro nosso de direito, por nossos trabalhos.
MAURO
– Cambalacho passou a ser considerado como trabalho?
JOÃO
– Trabalho é, só não é digno, né?
CAMILA
– Eu só sei que eu quero meu filho, quero dizê-lo que sou mãe dele. Ele sabe?
MAURO
– Nem desconfia. Tem um irmão, até. Os dois se odeiam.
CAMILA
– Coitado do meu filho...
CENA
005. DELEGACIA. EXTERIOR.
(FUNDO:
“Movimento de Inverno”. MARIANA grita, assustada. VITÓRIA leva as mãos à boca.
RAMON corre para ajudar quem levou o tiro. ALEXANDRE. Ele está caído ao chão,
sendo amparado por LUCAS).
LUCAS
– Calma, meu amigo. Já chamamos o médico. Você vai sair dessa. Não vou te deixar
ir.
ALEXANDRE
(balbucia) – Não se tem mais o que salvar, LUCAS. Eu sinto que estou morrendo.
LUCAS
– Não diga isso, ALEXANDRE, nem brincando. Você ainda irá viver muito.
Lembra-se daquela nossa conversa?
(ALEXANDRE
chora, nostálgico).
ALEXANDRE
– Eu lembro, lembro muito bem. Mas estou velho, cansado. Já tinha passado da
hora, faz tempo. Deus tinha se esquecido de me levar.
LUCAS
(desesperado) – Não ALEXANDRE, não. Eu não posso te perder, eu te considero
pacas, você é como um pai que nunca tive.
ALEXANDRE
– Chegou minha hora, LUCAS. O que se pode fazer?
(LUCAS
acaricia o rosto de ALEXANDRE).
LUCAS
(histérico) – Cadê essa merda de ambulância?!
ALEXANDRE
– LUCAS, calma. Calma, LUCAS. Nada vai adiantar. Você vai ter que superar e
viver sem mim.
LUCAS
– Não sei como viverei.
ALEXANDRE
– Eu te faço como último pedido: Quero que você me substitua, quero que seja o
delegado que nunca fui, quero que seja bem melhor do que eu.
LUCAS
– Isso eu não sei, você é insubstituível. Não fala essas coisas, você não vai morrer!
(ALEXANDRE
vira o rosto, como um último sinal de vida. LUCAS se assusta).
LUCAS
– ALEXANDRE? ALEXANDRE? Meu Deus! (balança o amigo) ALEXANDRE, acorda!
ALEXANDRE, não faça isso comigo! ALEXANDRE! (grito em eco) ALEXANDRE!
A
SEGUIR CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS
-
RAMON abraça LUCAS.
-
CAMILA cai sentada no sofá, assustada.
FIM
DO CAPÍTULO
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