Desejos Ocultos - #QuartoCapítulo

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ABERTURA

Desejos Ocultos - Capítulo 004

Novela de Brunoh Franco

Instrumental Suspense Tenso

Guilherme — Você é um monstro! Eu nunca imaginei que iria ver uma cena assim.

Laércio — É assim que um homem de verdade tem que agir dentro de casa, Guilherme! Assim! Homem não deve abaixar a cabeça para mulher! 

Guilherme — Com este pensamento, o senhor vai longe... Fique longe da minha mãe, ou eu irei chamar a polícia! 

Sandra — Não, meu filho. Foi apenas uma briga, fique em paz. Não foi nada. 

Guilherme — Como não, mãe? Eu vi! 

Laércio — Vá para o seu quarto, garoto! 

Guilherme olha com desprezo e sai. 

Laércio — Que bom que ficou calada. Eu pensei que a Laís iria ter que ficar sabendo de algumas coisas. 

Sandra — Esqueça o Afonso! Esqueça o nosso passado, Laércio! Eu estou com você, não estou? 

Laércio — Eu vou sair.

Sandra — Vai encher a cara?! Olha para você, Laércio. Você está tão diferente do passado.

Laércio — Sabe de quem é a culpa? Dos seus pais! Eles destruíram a minha vida e a vida do Afonso. Se lembra? O golpe que eles deram em nós.

Sandra — Você sabe que o Afonso teve o que mereceu. Já você, meus pais lhe tiraram o emprego na Mais Café, porque não aprovaram nosso relacionamento.

Laércio — Não foi só isso, Sandra. Seus pais fecharam todas as portas para mim! Todas! Tudo porque eu queria ficar com você. Desde o início, antes do Afonso, eu queria você! Eu estava disposto a tudo por você. Até mesmo perder meu emprego. 

Laércio sai.  Ele caminha até o bar e pega um litro de cachaça. 

Instrumental Triste - Lembranças

Laércio se lembra de quando esteve ao lado de Afonso pela última vez.

Laércio — Sabe, Afonso, eu nunca tive interesse no que era seu, mas eu sempre amei a Sandra. Sempre quis estar com ela. Mas você veio primeiro. Você tirou a mulher da minha vida, tirou meu cargo aqui dentro! Tudo por causa de uma maldita ambição pelo dinheiro da família Mantovanni.

Afonso — A minha filha nasceu hoje, Laércio. Isso lhe incomoda, não é? O fato de eu ter um laço eterno com a Sandra. Isso me deixará ligado a ela, para toda a minha vida. 

Laércio — Tem muito sobre você que a Sandra precisa saber. Eu era seu amigo, Afonso, mas você é diferente do que eu pensava. 

Afonso — Sou, eu sou mesmo! E amanhã, aqueles velhos vão assinar um papel que me passará toda a empresa para o meu nome. Eu vou jogá-los na rua! 

Atualmente...

Laércio olha para o céu.

Laércio — No dia seguinte você se foi, Afonso. Se foi para sempre.

Cena 02 • Casa de Sandra • Interior • Noite

Ainda com o instrumental, Sandra está deitada, olhando para o nada e pensando em Afonso.

Sandra — Você é diferente do que eu pensava, Afonso! Você é um infeliz! Um maldito!

Afonso — Eu posso explicar, Sandra.

Sandra — Explicar? Você têm outro nome! Outra família! Você é um maldito! Pensou que iria passar a perna na minha família! Mas você não vai conseguir!

Naquela mesma noite, Sandra atirou em Afonso, ele caiu no meio da sala do chalé da família Mantovanni. E com a ajuda de Laércio, Sandra arrastou seu corpo até a mata e lá mesmo enterrou. 

Atualmente...

Sandra — Isso me liga ao Laércio, meu Deus! Como eu queria voltar no passado e fazer tudo diferente! Como eu queria!

Laís entra no quarto.

Laís — Mãe? O Henrique está em casa. Quando chegamos, ele estava dormindo.

Sandra — Que bom, filha! 

Laís senta ao lado de Sandra.

Laís — Sabe, mãe. Às vezes eu penso em perguntar sobre meu pai, mas tenho medo das respostas e medo da minha reação. 

Sandra — Deixe tudo como está, minha filha. Por favor. Não faça perguntas. 

Laís — Não farei, mãe. Mas saiba que eu ainda tenho um sonho de saber como era seu rosto, seu jeito. E tudo mais. 

Sandra — Seu pai era um homem bom, minha filha. Ele era um homem bom.

Sandra abraça Laís.

Cena 03 • Casa de Sérgio • Interior • Dia

Sérgio está sentado na mesa do café. Henrique sai do quarto e entra na cozinha. 

Sérgio — Você quer conversar?

Henrique — Eu não sei, pai. Não sei. 

Sérgio — Bom, infelizmente não há o que eu possa fazer. Eu fui sincero com você.

Henrique — Talvez fosse melhor eu não saber de nada. 

Sérgio — E viver com essa angústia a vida toda? Olha, meu filho, a fábrica Mais que Café abriu vagas para jovem aprendiz. Por que você não vai para São Paulo, arrume um emprego lá. Eu posso ajudá-lo financeiramente.

Henrique — Eu não vou largar a Laís, pai. Eu sempre quis ir para São Paulo, mas eu não posso largar a minha namorada aqui! Não posso. 

Sérgio — Eu só quero que você conheça novas pessoas, veja o outro lado da vida e não acabe como eu, dono de uma oficina falida. 

Henrique — E suas aulas, pai? O senhor é professor de Geografia. Por que não tenta?

Sérgio — Eu estou bem, meu filho. Só não quero que acabe como eu. 

Henrique — Tarde demais, pai. Eu vou fazer algo que vai mudar a minha vida.

Henrique sai correndo de casa. 

Sérgio — Ah, meu Deus, proteja meu filho! Proteja meu filho! 

Cena 04 • Casa de Laís • Interior • Dia

Laís está estudando com o violino.  Guilherme entra. 

Guilherme — Posso conversar?

Laís — Claro! Entre. 

Guilherme — Eu quero parar de brigar. Vim me desculpar com você, irmã. Ontem vi meu pai tentar agredir a mãe. Eu impedi. 

Laís — E isso vem acontecendo sempre! Mas algo impede que a mãe chame a polícia.

Guilherme — Eu reconheci que meu pai não é uma boa pessoa, mas tem algo que eles escondem de nós, eu sinto que isso envolve a fábrica da Vovó.

Laís — Às vezes eu sinto isso, tenho medo de descobrir e ser algo que nos machuque. 

Guilherme — Vamos tentar descobrir e proteger nossa mãe. 

De longe é possível ouvir um carro tocando a música "Se Quiser, do cantor Dilsinho". 

Alto falante : Atenção, Laís Mantovanni! Isso mesmo!

Laís e Guilherme saem para a rua. Sandra e Laércio também.

O carro se aproxima e Henrique está em cima do carro. Laís se emociona, o carro está enfeitado com corações, balões coloridos e soltando fogos. A rua fica cheia de pessoas. 

O carro para em frente a casa de Laís.

Henrique — Laís Mantovanni, você quer se casar comigo?

Laís começa a chorar. Neste tempo, um caminhão de mudança se aproxima do outro lado da rua. Uma jovem loira desce e observa a cena. 

Olívia — Camila! Ajude-nos com as caixas.

Camila Vilhena olha para a cara de Laís do outro lado da rua. 

Congelamento

Fim do capítulo