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O INTERIOR DE MIM
PARTE I: UM ESTRANHO NO NINHO.
CRIADA E ESCRITA POR ANTÔNIO MALTA.
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É difícil entender o "porquê da vida", entender o
porquê de coisas ruins acontecerem a pessoas boas , o porquê de coisas boas
acontecerem a pessoas ruins... Quando eu era criança minha mãe dizia que não
devíamos questionar tudo, às vezes era só preciso aceitar, viver... Sei que era
só uma tentativa dela de manter meu otimismo em meio aquela realidade de fome e
sede, mas segui o pensamento e foi com isso em mente que resolvi viver minha
paixão por ele.
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A luz do Sol refletia tanto em nós que o calor já não incomodava tanto. Minha
mãe, Marisa (Cyria Coentro), respirava ofegantemente e tinha gotas de suor
caindo do rosto e formando minúsculas poças no chão . Nós Encontrávamos
esgotados pela longa viagem, mas agora o inferno parecia ter acabado.
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Cruzamos a cerca da fazenda Galvão, o nosso destino. Tia Evangelina (Patricia
França) estava sentada na porta do Casarão, ainda era uma mulher bonita e
carinhosa, nos deu um abraço apertado e convidou para um lanche.
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Estávamos todos sentados à mesa quando surgiu a imagem daquele homem frio e
severo. Jacinto Galvão (Ângelo Antônio) não pensou duas vezes até interrogar
tia Eva sobre nossa presença ali.
- o que a criadagem faz sentada aí ?
dizia ele.
- são meus parentes: Marisa , minha irmã e Nuno, meu sobrinho.
respondeu ela.
- concordei com a vinda deles porque combinamos que eles iriam
trabalhar, a mulher na cozinha e na fabricação do queijo e ele na plantação de
cana, no que ainda resta dela. não temos condição de sustentar parente roceiro
sem teto !
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Os dias se passaram, minha mãe e eu nos adaptamos a vida da fazenda, de sol a
sol trabalhamos naquele lugar sem ganhar nada, somente como pagamento pelo
colchão duro e pelas refeições feita pelas mãos da própria Dona Marisa, com
produtos que ajudei plantar. de nada reclamávamos, aceitava o que nos era
ofertado, sem perguntas e interrogações, do jeito que ela me ensinou.
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Certo dia Jacinto Galvão me chamara para acompanhá-lo ao centro da cidade, na
verdade queria me usar de mula. Carreguei uma caixa até a casa do prefeito Otto
(Antônio Calloni). Galvão tentava convencê-lo a comprar uma louça de prata,
havia talheres, bandejas e até candelabros... o prefeito não se interessou e já
endireçávamos até a porta quando apareceu uma moça.
Galvão deu um beijo na face da menina, lhe fazia perguntas aleatórias
para criar algum assunto e forjar uma intimidade que não tinham. Ela fugiu
daquela cena me cumprimentando e perguntando o que guardava na caixa.
Otto revelou que estávamos ali tentando vender uma prataria.
Alana (Giullia Buscaccio) - era este o nome da moça - começou analisar as peças
enquanto o patrão falava da crise da família e que precisava de dinheiro pra
terminar de montar o consultório do filho, Álvaro (Igor Cosso).
O nome de Álvaro fez os olhos de Alana brilharem e imediatamente
decidiu comprar todas as peças, pagando com o dinheiro da herança que recebeu
da mãe.
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Com dinheiro no bolso, Jacinto Galvão ficava ainda pior, fazia visitas
frequentes aos bares da cidade, chegava bêbado diariamente e brigava com tia
Eva. Era madrugada de quarta-feira quando despertei com gritos vindo do quarto
do casal, corri até lá e presenciei aquele monstro montado em cima de tia
Evangelina, lhe disparava tapas no rosto sem parar. Perdi completamente
qualquer temor, o tirei de cima dela e castiguei sua face com socos.
Surgiu mamãe na porta, gritou meu nome até convencer-me de não
matar aquele homem espancado. Me afastei dele e levei Evangelina até o quarto
de Álvaro, onde ajudei minha mãe a tratar os ferimentos dela.
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A porta do quarto se abriu, Jacinto Galvão estava de volta, tirou um revólver
do bolso e mirou em mim
- Filho da puta nenhum encosta no meu rosto e se toca... não
vive pra contar a história.
________CONTINUA_________
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