Gregório de Matos (1636-1695) foi o maior poeta do barroco brasileiro. Desenvolveu uma poesia lírica e religiosa, mas se destacou por sua poesia satírica, constituindo uma critica à sociedade da época, recebendo o apelido de "Boca do Inferno".
Gregório de Matos nasceu em Salvador, Bahia, no dia 23 de dezembro de 1636. Filho de pai português e mãe brasileira foi aluno do Colégio da Companhia de Jesus e com 14 anos foi para a Universidade de Coimbra, onde estudou Direito. Em 1663 já estava formado e casado. Viveu em Portugal até 1681. Foi delegado de polícia de um dos arrabaldes de Lisboa e juiz em Alcácer do Sal, no Alentejo. Nessa época escreveu seus primeiros poemas satíricos.
Gregório de Matos voltou para Salvador como procurador da cidade, junto à Corte portuguesa. Ficou viúvo e casou-se novamente. Levava uma vida boêmia e escrevia versos e sátiras gozando de todos, recebendo o apedido de “Boca do inferno”. Embora não fosse padre, o arcebispo D. Gaspar fez dele vigário geral da Bahia e tesoureiro-mor da Sé. Uma forma de dar maior compostura ao bacharel Gregório. Sua língua virulenta a ninguém poupava. Criou terríveis inimigos.
Em 1694, por suas críticas às autoridades da Bahia, acabou sendo deportado para Angola, de onde voltou em 1695, mas não para a Bahia. Vai viver no Recife, Pernambuco, onde continua sua vida, embora proibido de fazer versos, tal era o temor de suas sátiras ferinas. Faleceu arrependido e reconciliado com a igreja. Na hora da morte compôs um pequeno soneto: “Essa razão me obriga a confiar, / Que por mais que pequei, neste conflito, / Espero em vosso amor de me salvar.”
Gregório de Matos deixou uma obra poética vasta, mas não teve nenhum livro publicado em vida. A totalidade de sua obra se manteve inédita, até quando Afrânio Peixoto a reuniu em VI volumes, publicados no Rio de Janeiro pela Academia Brasileira de Letras, entre 1923 e 1933, sob o título de "Obras de Gregório de Matos".
Sua produção poética se constitui em poemas sacros, líricos e satíricos. No poema sacro, Gregório se ajoelha diante de Deus, com um forte sentido de culpa, como no “Soneto a Nosso Senhor”: “Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, / Da vossa alta clemência me despido, / Porque quanto mais tenho delinquido / Vos tem a perdoar mais empenhado”.
No poema lírico, o poeta se define pelo erotismo, como no poema dedicado a sua esposa “Maria dos Povos”: “Discreta e formosíssima Maria, / Enquanto estamos vendo a qualquer hora, / Em tuas faces a rosada Aurora, / Em teus olhos e boca, o Sol e o dia”.
Gregório produziu uma poesia satírica de feroz maldade à vida colonial, em tom de revolta e ressentimento: “Senhora Dona Bahia, / nobre e opulenta cidade, / madrasta dos naturais, / e dos estrangeiros, madre”. / “Dizei-me por vida vossa / em que fundais o ditame / de exaltar os que aqui vêm, e abater os que aqui nascem?”.
Gregório de Matos Guerra faleceu no Recife, Pernambuco, no dia 26 de novembro de 1695.
Fonte: https://www.ebiografia.com/gregorio_matos/
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