CENA 01 - MANSÃO VALLERE / RECANTO / NOITE
Ao despencar da escada, Meratriz permanece no lugar e Aline Ventura que está sem reação, resolve correr para um dos quartos e se esconder.
O dono das uvas que estava mexendo nos disjuntores que ficam numa aérea externa da casa, volta imediatamente após escutar alguns gritos.
Renato (entra falando) - Parece que… (vê Meratriz caída no fim da escada e corre para ajudar) - Meratriz, o que aconteceu?
Meratriz - Me salve, me salve Renato, eu não quero morrer assim! (solta algumas lágrimas)
Renato - Vou chamar ajuda! (pega o celular do bolso) - Peço que não faça nenhum tipo de movimento brusco, continue parada!
Enquanto Renato disca o número e fala com o resgate, Meratriz vê Melissa através da janela a encarando.
Alguns minutos depois, Meratriz aparece deitada na maca e é levada para a ambulância.
Fora da mansão, os faróis da cor vermelha e azul das viaturas… iluminam todo o ambiente, deixando o clima ainda mais tenso.
O casal Vera e Henrique chegam sendo surpreendidos e assim que descem do carro, correm para saber o que está acontecendo.
Vera (vê Renato) - Meu filho, o que aconteceu?
Henrique - Por um momento, achamos que tinha acontecido alguma coisa com você, mas pelo jeito…
Eles olham para dentro da ambulância e vê Meratriz sendo diagnosticada.
Renato - Ainda não sei o que aconteceu de fato, tanto que vou acompanhar Meratriz na ambulância até o hospital e assim que eu tiver alguma notícia, entro em contato.
Enquanto a perícia colhe dados no local do acidente, os policiais vasculham cada cômodo da casa em busca de novas pistas.
Sem poder sair do lugar, Aline Ventura continua escondida no banheiro em um dos quartos de hóspedes com a luz apagada.
Assim que a polícia entra no quarto… Aline teme pelo o que pode acontecer.
A vistoria é feita, e quando um dos policiais está quase abrindo a porta do banheiro, Melissa aparece.
Melissa - A equipe médica estão lá embaixo, querendo falar com vocês!
Os policiais olham para a jovem com ar de suspeita e resolvem descer. A porta do quarto é fechada e Aline Ventura fica mais aliviada.
Depois de tudo se estabilizar, Melissa aproveita que os avós estão distraídos e resolve subir até o quarto.
Entrando… a jovem vê sua mãe sentada na cama, segurando um porta retrato nas mãos.
Melissa - O que foi mãe, está tudo bem?
Aline - A certeza que eu tenho é ter feito uma escolha errada pedindo pra ficar aqui quando parti deste mundo. (olha sua foto abraçada com Renato no Campo das Uvas) - Pedi tanto para voltar, mas acho que não voltei por amor, voltei pelo ódio que estava sentindo em meu coração naquele momento. (levanta e vai até a janela) - Preciso arrumar um canto pra ficar, até tudo se ajeitar e se tornar como era antes.
Melissa - Você pode ficar aqui comigo, com o papai; (olha meio sentida) - A casa também é sua!
Aline - Por enquanto, a mamãe precisa resolver outras coisas sem que os outros saibam da minha existência. Todos precisam continuar acreditando que eu ainda estou morta, só assim vou conseguir guiar a minha alma para o destino certo.
A jovem Melissa compreende a decisão da mãe e fica junto com ela na janela olhando a lua nova no céu e algumas das dez trilhões de estrelas abrigadas no universo.
Em seguida, Aline Ventura caminha no jardim pensativa e dá tchau para a filha que a observa de longe.
CENA 02 - PALACETE DA PREFEITURA / RECANTO / NOITE
Sem mais questionamentos, o restante dos convidados vão embora, deixando Judith e Edgar sozinhos.
Judith - Estou me perguntando até agora, como o senhor conseguiu um pedido tão rápido do partidário? (encara Edgar nos olhos sem parar) - Eu deveria ficar atenta com as suas intenções políticas? Será que Saullo, é mesmo o seu nome verdadeiro?
Edgar - Pense como quiser, a minha vida é um livro aberto. Os documentos que estão criando dúvidas em sua cabeça estão em suas mãos, basta investigar.
Judith - Tudo bem senhor Saullo, mas preste muito atenção no que eu tenho pra te falar, pois será a última. Desista dessa campanha política, ou irá pagar sérias consequências caso se torne prefeito desta cidade!
Edgar - Isso é uma ameaça?
Judith - Digamos que seria para o seu próprio bem, caso queira continuar vivendo igual o seu livro aberto. (dá uns sorrisos sarcásticos)
Marcos (entra) - Com licença! Desculpa atrapalhar a conversa de vocês, mas sou o detetive Cassiano, que foi convocado para apurar a dinastia de Recanto.
Judith (começa a soar frio) - Claro! Sou Judith, a primeira dama! (cumprimenta)
Edgar - Prazer Saullo! (dá uma piscada de leve ao cumprimentar) - Bom, está na minha hora de ir... Ah, antes que eu vá me esquecendo (olha pra Judith), nos veremos no resultado da votação. Passar bem!
Marcos - Do que ele estava falando?
Judith - É nada, brincadeiras a parte! (dá uma risada forçada) - Sabe como é!
Marcos continua sério…
Judith - Ou não! (muda de expressão para mais séria) - Venha, vou te mostrar este magnífico palacete e te apresentar o meu marido Raul, o melhor prefeito que Recanto já teve em toda sua história.
CENA 03 - RECANTO / HOTEL / NOITE
Com o coração na mão de algo dar errado nos planos do marido, Luciana o espera na sala andando de um lado para o outro.
Cristina - Tenha mais um pouco de calma minha mãe, daqui a pouco eles estão chegando com ótimas notícias.
Luciana - Que seja ótimas mesmo, porque esse plano de vocês de vingança pode trazer ainda mais sangue para a nossa família.
Cristina - Como assim, mais sangue?
Luciana - Esquece o que eu te falei! É que estou muito nervosa com toda essa situação.
Cristina (levanta do sofá) - Então para a sua tranquilidade, vou descer e procurar saber o que está acontecendo. (dá um beijo no rosto de Luciana) - Logo estou de volta!
A porta bate e Luciana que está se atormentando com seus pensamentos críticos, acaba voltando em lembranças do passado.
FLASHBACK…
A polícia chega no local (cercando toda a casa) e pede que o bandido se renda, e saia com as mãos na cabeça.
Beto - Então quer dizer que vocês plantaram uma armadilha?
Luciana - Não é verdade!
Beto - E como não? O que significa toda essa patrulha me esperando lá fora?! (dá uma cuspida no chão) - Em caralho, responde!
Luciana - Eu não sei; (põem as mãos na cabeça)
Beto - Quer saber de uma coisa? Uma pessoa muito perigosa me espera e se não quiser enterrar seu marido hoje mesmo, é melhor me dizer o esconderijo da chave de ouro.
Luciana (suspira) - A chave está com uma das minhas filhas, a Andressa!
Beto - E onde está Andressa?
Luciana - Está na puta que pariu, seu ordinário! (dá um tapão na cara de Beto, e em seguida um golpe de caratê, desarmando o bandido)
Luciana (pega o revólver) - Se você não teve coragem e peito pra terminar o teu serviço, eis que eu faça por você mesmo!
Apenas com um tiro e acertado bem no centro da cabeça, Beto cai no chão na hora.
Os policiais invadem a casa e encontram o bandido morto sobre uma poça de sangue com o revólver na mão.
Relatando…
Luciana - Eu não sei o que aconteceu! Do nada ele atirou no meu marido e me entregou o revólver, querendo que eu mesma terminasse o serviço. Daí vocês chegaram, e ele se matou. (debulha em lágrimas)
Policial - E sabe me responder o por quê esse homem estava atrás de vocês? (termina de fazer algumas anotações na prancheta)
Luciana - Não faço a mínima ideia! Eu só quero ficar perto do meu marido.
Policial - Claro, vamos te levar até o hospital onde ele vai ser operado. (guarda a caneta no bolso) - Os médicos de primeiros socorros me disseram que Edgar Menezes é muito forte.
Luciana - Ai que bom!
Policial - Então vamos?
Ao entrar na viatura da polícia, Luciana encosta a cabeça na janela e quando está na estrada, se aprofunda em seus pensamentos com a visão das paisagens em movimento.
FIM DO FLASHBACK…
Edgar (entra) - Fiquei sabendo que uma pessoa aqui, está apavorada!
Luciana - Ainda bem que você chegou! (corre para os braços do marido)
Cristina - Por um momento achei que a mãe ia ter um treco no meio desta sala.
Marcos - A sogrinha fica apavorada, mas lá no fundo sabe que a justiça precisa ser feita.
Luciana - Eu sei Marcos, mas as vezes penso que quanto mais mexemos nisso, mais escuridão atraímos.
Edgar - A audição da prefeitura foi um sucesso, como também meu querido genro Marcos se apresentou como o detetive; agora está feito, não podemos voltar atrás! E para comemorar… (faz suspense) - Trouxe uma garrafa de vinho Vallere; dizem que é o melhor que existe.
Cristina - Então vamos comemorar!
Cristina pega algumas taças no suporte, enquanto Edgar abre o vinho.
Após todos estarem com a sua taça, a família Menezes faz um brinde, comemorando mais um avanço de sucesso.
CENA 04 - HOSPITAL DE RECANTO / NOITE
Sem paciência, Renato resolve levantar da cadeira e ir falar com o médico, o qual acaba de sair de um quarto e ir falar com a recepcionista.
Renato - Então Doutor, o quadro da Meratriz é muito grave?
Médico - Ao contrário, não houve nenhuma fratura localizada; pode ficar tranquilo!
Renato (fica aliviado) - Amém!
Médico - Durante a queda, Meratriz deve ter usado muito de apoio o braço e com isso, não deixou que outras partes do corpo fossem afetadas. Ela soube manusear muito bem, quando estava caindo da escada.
Renato - O senhor não sabe o peso que está tirando da minha cabeça. Vou até te dar um presente; uma coleção dos meus vinhos.
Médico (ri discretamente) - Imagina, não precisa! Apenas fiz o meu trabalho.
Renato - E, será que eu posso entrar no quarto?
Médico - Claro, as enfermeiras já devem ter acabado de fazer os curativos.
Entrando no quarto, Renato vê Meratriz deitada na cama hospitalar, tomando soro e com os braços enfaixados.
Renato - O que aconteceu pra você cair da escada daquele jeito? Foi por causa que estava tudo escuro? A polícia fez até exame de corpo e delito, e não encontraram nada.
Meratriz - Se eu te falar a verdade, não vai acreditar em mim!
Renato (se aproxima) - Como não? Eu fiquei o tempo todo lá fora preocupado, com medo de algo muito grave ter acontecido com você e agora não quer me dizer o que de fato aconteceu?!
Meratriz - Pois bem, digamos que foi o seu antigo amor que me fez cair daquela escada.
Renato - O quê? Está falando de Aline?
Meratriz - Dela mesma! (faz alguns gestos para minimizar a tensão) - Do nada ela apareceu pra mim, e acabei perdendo o controle da situação.
Renato - Isso é impossível, Aline morreu num acidente de carro há muito tempo! E outra, não acredito muito nessas histórias que os mortos podem voltar.
Meratriz - Eu disse que não ia acreditar em mim quando falasse a verdade; (se ajeita na cama) - O importante é que amanhã recebo alta e, fui orientada a ficar de repouso por alguns dias.
Renato - Pelo menos, eu posso te levar até a sua casa?
Meratriz - Só se você casar comigo! (faz um olhar seduzente)
O dono das uvas fica sem jeito e acaba levando o pedido na esportiva.
Recanto amanhece com sol e chuva, e se estende até o final da tarde.
Adolfo - Se eu soubesse que tinha acontecido essa tragédia, tinha corrido para o hospital cuidar da minha amada. (coloca o pano no colo de Meratriz e se prepara para pegar o prato com sopa)
Meratriz - Pois saiba estrupício que eu estava em ótima companhia! Você viu, ele me trazendo no colo até a minha cama. Por um momento voltei na infância quando sonhava em casar com um grande amor.
Adolfo deixa cair o prato de sopa no chão e começa encarar Meratriz com novos olhares diferentes.
Meratriz - Olha o que você fez! Tanta gente na rua passando fome… agora vai ter que limpar e me trazer outro prato de sopa.
Adolfo - Sim, minha amada! (ajeita o óculos)
Meratriz - Anda logo moleza, não tenho o tempo todo pra ficar te situando das suas obrigações. Estou exausta daquele hospital e só quero descansar.
Adolfo recolhe os cacos do prato com a cara emburrada por ser maltratado e volta para a cozinha.
ALGUNS DIAS DEPOIS…
CENA 05 - HOTEL RECANTO / TARDEZINHA
Marcos e Cristina estão dentro do carro (se beijando) em frente ao hotel.
Cristina - Calma meu amor, desse jeito vamos chamar atenção das pessoas.
Marcos - Como se eu me preocupasse com o que vão achar da gente. (dá outro beijo com mais pegadas) - É pra eles saberem que você é somente minha e de mais ninguém!
No meio da rua, William e Andressa chegam em Recanto totalmente desorientados.
Marcos (se assusta) - Espera um momento, aquela ali não é a sua irmã?
Cristina - Onde?
Sem acreditar no que está vendo, Cristina desce do carro imediatamente.
Cristina (grita) - Andressa!!!
As duas se olham por alguns momentos e correm feito loucas no meio da rua para se abraçarem.
Cristina - Como é bom te ver minha irmã! (dá um abraço bem apertado) - Estava morrendo de saudades.
Andressa - Eu também!
No meio de tantos contatos físicos, as irmãs gêmeas trocam sorrisos e não acreditam no que está acontecendo.
CENA 06 - CIDADE RECANTO / NOITE
Alguém misteriosamente caminha num corredor estreito, usando uma roupa longa da cor branca (de tecido tafetá), cobrindo praticamente todo seu corpo. Quatro botões peludo da cor preta no meio da roupa é destaque na fantasia.
O rosto todo é coberto por uma máscara da mesma cor da roupa; o mesmo serve para os cabelos de quatro fios feito pelo mesmo tecido, dando formato de chifres.
Também vale ressaltar que os olhos grandes o nariz pequeno em formato de triângulo e uma boca enorme, combina com a mesma cor dos botões.
Chegando numa sala meio escura cheia de televisores, com imagens ao vivo de algumas localidades da cidade de Recanto, o fantasma misterioso liga um misturador de voz, senta numa cadeira de escritório e acende a luz de uma sala fechada a base de vidros logo à sua frente.
Um homem de idade que está amarrado numa cama, começa abrir os olhos aos poucos por causa da claridade.
Fantasma - Como passou o dia Adilson Torres? Conseguiu refletir bastante enquanto vivia na escuridão?
Numa televisão smart pendurada na parede dentro da sala de vidro, começa aparecer fotos de Edgar Menezes na prefeitura.
Fantasma - Só preciso tirar da minha cabeça uma pequena dúvida. Esse homem que está aparecendo no visor da sua televisão, é ou não é, Edgar Menezes?
Adilson (ri) - Parece que você está cada vez mais perto de ser desmascarado!
Fantasma - Será? E essa mulher que aparece na frente do hotel, é Luciana? Aquela que você prendeu anos atrás, se vangloriando por estar num cargo de poder?! Ah Delegado, a sua ajuda e o seu silêncio foram muito úteis durante todo esse tempo, mas está na hora de eliminar qualquer prova que exista contra minha pessoa.
O fantasma levanta da cadeira e pega um lança chamas que está encostado no canto da parede.
Adilson (expressa medo) - O que pensa que vai fazer? (olha com os olhos arregalados o fantasma entrando na sala) - Se me matar, vai se arrepender pro resto da vida!
Fantasma - Acho que não! Foi uma honra fazer negócios com você; (aponta o lança chamas) - Bay Bay!
Com as unhas postiças pretas coladas por cima da luva branca, o fantasma misterioso mexe na regulagem do lança chamas e uma enorme onda de fogo é disparada sem parar.
Enquanto Adilson Torres grita, o palhaço gargalha com a sua risada maléfica.
(Congela no Fantasma Misterioso)
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