Escrita por Walef Cardech
ALMA GUIA - SEGUNDO CAPÍTULO
CENA 01 - PONTE DO VALE RÚSTICO / SÃO PAULO / NOITE
O resgate chega tarde demais; e Aline no plano espiritual, observa seu corpo sendo levado dentro de um saco preto para a ambulância.
Todos os ferimentos do acidente somem do corpo de Aline, e um lindo manto branco surge em suas vestes.
A alma de Aline Ventura é guiada para o um único lugar; cujo motivo seria a resposta de sua morte.
Ao atravessar um espelho grande na parede (com molduras de ouro e acabamento antigo), é visto o tesouro de Âmbar, considerado como a oitava maravilha do mundo.
Sob a iluminação de velas durante anos como mágica... o impressionante mosaico em âmbar assume diferentes tonalidades, do mel ao dourado. O esplêndido degradê é intercalado por pedras preciosas, esculturas e arabescos folheados a ouro.
A resposta veio como uma chuva de facas, cravando em cada parte do corpo, e todos os sentimentos bons morreram, deixando apenas a raiva.
Aline Ventura - Quem estiver me escutando... por favor, preciso voltar!
O silêncio permanece no salão de Âmbar como um vazio;
Aline - Eu imploro, por toda misericórdia divina que existe sobre a terra; eu preciso voltar! (olha para o tesouro) - Se for necessário, ofereço a minha alma para ter uma nova chance...
Um vento muito forte surge do nada, balançando os lustres no teto, apagando todas as chamas das velas da Sala de Âmbar e um fogo imenso se alastra dentro do espelho.
Junto com algumas sobras, uma figura do Mal aparece gargalhando através das chamas, e joga um colar de coração no chão para Aline pegar.
Assustada com o lado espiritual, ela pega o colar sem questionar. As chamas das velas voltam e de repente, o espelho começa a trincar.
Olhando cada pedaço trincar no espelho, a viúva do Campo de Uvas percebe o que está por vir e corre para se salvar, mas já é tarde demais.
O espelho quebra em vários pedaços, deixando Aline Ventura presa na Sala de Âmbar até rodar o ciclo de outra vida.
CENA 02 - CEMITÉRIO - SÃO PAULO / MANHÃ
Padre - Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo! É com tamanha dor e sofrimento, que nos despedimos de Aline Ventura! (transmite energias boas) - Que o Senhor conforte nossos corações feridos e receba sua filha em teus braços...
O caixão é colocado no sub solo do gramado e Renato se aproxima, pegando um punhado de terra.
Renato - Adeus meu amor! (joga devagar cada grão de terra)
O sino começa a tocar e todos que estão presentes, jogam flores.
Na mansão Vallere... Vera puxa as cortinas e abre as janelas para entrar um bom ar fresco.
Vera - Filho, você precisa se alimentar, comer alguma coisa... ficou a noite inteira naquele hospital, não pode ficar assim para sempre! (passa a mão no rosto de Renato) - Sou quase uma mãe pra você, e Henrique como um pai; também estamos sofrendo! (expressa a tristeza soltando algumas lágrimas) - Precisamos ser fortes neste momento tão difícil!
Henrique - Eu não deveria ter levado a sério aquele recado! Agora minha filha está morta, e tudo por culpa minha!!!
Renato - De qual recado o senhor está falando?
Vera - Eu disse pra você não tocar neste assunto amor! Agora Renato vai ficar mais transtornado e preocupado!
Henrique - Ele merece saber a verdade, o que pensamos...
Renato - De fato, se é sobre o meu amor, tenho todo o direito de saber!!!
Vera (respira fundo) - Filho, sendo o mais breve possível, suspeitamos que alguém tenha matado Aline, é isso! (senta na poltrona branca imperial)
Renato - Que barbaridade! (não acredita no que escutou) - Estão falando sério?
Vera - Fui chamada na delegacia antes do enterro, e pelo que estão investigando... tudo indica que seja um crime, e não um acidente.
Renato põem a mão na cabeça por ficar inconformado, pega sua jaqueta preta pendurada no cabideiro e sai da mansão sem dar satisfação.
No Campo das Uvas, Renato caminha para esquecer um pouco de tudo que aconteceu, e por alguns minutos junto com as uvas, sua aura volta a brilhar, pois o amor verdadeiro que existe dentro de si, cura qualquer sofrimento no coração.
Renato - Não importa onde esteja meu amor (refere-se Aline), você sempre estará comigo ao lado das Uvas!
CENA 3 - SERGIPE BRASIL / MANHÃ
O tiroteio na ilha dos namorados, se tornou o caso mais violento e horroroso de todos os tempos.
Delegado - Como você sabe, o bandido salafrário tirou a própria vida e por sorte, não levou a moça junto, senão teria sido um massacre. (toma um pouco de café para descontrair) - O rapaz baleado está internado, mas passa bem! (olha bem para o rosto da...) - O que não entendo, é a curiosidade da senhorita neste caso?!
Meratriz - É que eu preciso muito falar com esse casal; tenho algo comigo que é deles, e precisa ser entregue o mais rápido possível.
Delegado - E o que seria? (olha desconfiado)
CASA DE POUSADA...
No quarto, Andressa guarda o pouco que têm na mochila e escuta a porta bater.
Curiosa, ela resolve averiguar e encontra Meratriz trocando as luvas das mãos, e acaba tendo outro mistério.
A moça que se diz ser freira, tem o dedo anelar da mão esquerda amputado, e por isso, usa luvas para esconder uma de suas terríveis lembranças.
Andressa (aparece) - Está tudo bem?
Meratriz (olha assustada e termina de colocar as luvas rapidamente) - Está sim, minha querida! (esbanja um sorriso sarcástico) - Por que a mocinha está fora da cama tão cedo?
Andressa - Estou preocupada com os meus pais, e minha irmã também!
Meratriz - Pois tenho uma ótima notícia pra você! Encontrei com sua mãe e marquei um encontro para que vocês duas possam se reencontrar.
Andressa - Sério? (dá um sorriso de felicidade)
Meratriz - Sim, e ela deixou você ir para a Catedral Aparecida do Norte! Isso não é magnífico?!
Andressa - Muito, mas antes quero ver a minha mãe, se não for te incomodar.
Meratriz - Claro meu anjo!
Ao sair da pousada, um carro de aluguel espera... e Andresa olha desconfiada.
Meratriz - O que foi meu anjo?
Andressa - Acho melhor a gente ir de ônibus, não estou acostumada pegar carro de aluguel.
Meratriz - Que cerimônia é essa agora meu anjo? O carro de aluguel é seguro e muito mais rápido que o ônibus. Assim, chegaremos mais rápido!
Andressa - A minha intuição diz, não entrar nesse carro. (ajeita a mochila nas costas) - Agradeço pela sua ajuda, mas vou de ônibus.
Meratriz (quase perde o ar) - E como vai achar sua mãe? Esqueceu que só eu sei onde ela está?!
Andressa - Dou o meu jeito! (faz sinal para o ônibus parar)
A freira se encontra encurralada e resolve pegar sua bolsa no banco do carro.
Dentro do ônibus, Andressa leva um susto ao ver a freira sentando ao seu lado.
Meratriz (tira o véu e guarda) - Não vou te deixar andando por aí sozinha; Agora que estou envolvida nisso tudo... vou até o fim contigo! Vamos encontrar sua mãe!
Andressa fica impressionada com a atitude da freira, que começa a vê-la com outros olhares.
CENA 4 - SALA DE ÂMBAR / SÃO PAULO
O único barulho do ambiente mais luxuoso que existe, é das gotas de ouro caindo no verso de cada pedaço do espelho.
O plano de Aline é derreter o ouro na chama da vela (junto com a cera) para que possa virar uma espécie de cola, assim ela colaria os pedaços certos na parede em seu devido lugar.
Acredita-se, ter o espelho montado novamente, o portal espiritual reabriria novamente.
Depois de tanto trabalho, Aline encaixa o último pedaço do espelho e toma distância. O sorriso que emerge de sua boca é inigualável e raro quando olhava para Renato em vida.
Aline - Acho que está na hora de voltar!
Sem o manto branco, apenas com o colar de coração no pescoço como roupa, Aline Ventura dá os primeiros passos para sair do salão de Âmbar e bate com tudo no espelho, tendo nenhum resultado como esperado.
A inconformação de Aline é terrivelmente assustadora, pois agora ela sabe que está presa na sala de Âmbar para sempre.
CENA 05 - SERGIPE BRASIL / TARDE
Após caminharem por alguns minutos do ponto de ônibus, Meratriz e Andressa chegam no seu destino final.
Luciana - Filha!!! (grita)
Andressa - Mãe!!! (corre para o colo de Luciana)
Luciana - Que saudades estava de você minha filha! (abraça bem forte) - Agora fico mais tranquila com você aqui!
Andressa - A irmã Merazete cuidou de mim; sem ela, nem sei como teria escapado dos bandidos.
NA CAFETERIA...
Luciana - Obrigado por tudo irmã Merazete! Nem sei como te agradecer pelo que fez...
Meratriz - Imagina, fiz apenas o que toda irmã do senhor faria, ajudar e amparar aqueles que necessitam.
Luciana - Fico feliz por Andressa ter encontrado alguém tão generosa e de bom coração. (bebe o café) - Agora precisamos ir filha, seu pai está internado precisando da gente, e também precisamos encontrar sua irmã que deve estar por aí sabe onde...
Andressa - Aí mãe, sabemos muito bem com quem Cristina está; isso nem é mais tão preocupante!
Luciana - Olha só, que menina atrevida!
Meratriz (ri discretamente) - Bom, vou pedir um carro de aluguel pra levar vocês até o hospital ou até a Cristina, com licença! (levanta)
Enquanto Meratriz pede um carro de aluguel, aproveita para ficar observando Luciana e Andressa brincando, tendo o tal momento de felicidade.
Alguns minutos depois, (dentro do carro de aluguel), Luciana e Andressa esperam por Meratriz, que vem andando com uma expressão nada agradável.
Meratriz - Desculpa a demora meninas, mas acontece que acabou meu dinheiro e não consegui pagar a conta.
Luciana - O ruim que só tenho cheque aqui comigo, será que aceitam?
Meratriz - Aceitam, mas não quero que pague a conta! Vão na frente, que depois dou um jeito de encontrar vocês! Ficarei para lavar alguns pratos e...
Luciana - Acha... (sai do carro) - Jamais vou deixar alguém que ajudou minha filha a escapar dos brandidos, pra ficar aqui lavando pratos. (pega a bolsa) - Só um minutinho!
Andressa - Mãe! (expressa medo)
Luciana - Fica com a irmã Merazete, já estou de volta! (dá um beijo na testa da filha)
Assim que Luciana entra na cafeteria, Meratriz entra dentro do carro e avança no pescoço de Andressa rapidamente, sufocando a garota sem dó, e nem piedade.
Meratriz - Põem o pé no acelerador Adolfo! (fecha a porta do carro)
O carro sai como um foguete, e quando Luciana volta... acha estranho.
Luciana - Ué, cadê elas?
Na estrada em alta velocidade, Andressa mexe suas mãos que estão amarradas por uma corda...
Meratriz - Deveria ter levado mais a sério sua intuição pirralha! (ri gargalhando, enquanto põem um pedaço de fita na boca de Andressa) - Agora, você vai conhecer a famosa Catedral Aparecida do Norte como eu conheci, e vamos começar a tirar seu lindo dedinho anular esquerdo; ou achou, que se tornando uma freira... ia poder se casar algum dia?
(Congela em Meratriz olhando friamente)
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