ALMA GUIA - CAPÍTULO 17
CENA 01 - CASA DE DR HERMANI FRANZMANN / MANHÃ
Hermani - Bom, lembrei que preciso comprar algumas coisas… mas fiquem à vontade!
O médium sai para fazer suas compras e Aline continua em pé paralisada, desviando os olhares, demonstrando estar apavorada.
Renato - Se alguém me contasse ter visto você aqui ou em outro lugar que seja, eu não acreditaria. (respira fundo) - Como pode fazer isso com as pessoas que te ama? Fingir ter morrido naquele acidente, ainda mais no dia do nosso casamento e ainda se não bastasse, ficou escondida durante todo esse tempo.
Aline - Eu posso explicar!
Renato - Então me explica, pra eu saber se valeu mesmo a pena sentir todo dor e sofrimento quando achei que tinha te perdido no momento mais feliz da minha vida. Em Aline, responda!
Sem muita paciência, Renato se aproxima de Aline Ventura (pegando pelos braços dela) e coage por alguma reposta construtiva.
Aline - Por favor, para com isso!
Renato (solta…) - Me desculpa, é que estou tomado pela raiva, sentimentos confusos e emoções tão profundas. Apenas quero entender o por quê fez isso comigo?!
Aline - É tão difícil falar… mas tudo o que eu fiz, foi por amor!
Renato - Será que foi? (dá as costas)
Aline - Aonde você vai?
Renato - Para um lugar puro, onde eu possa refletir um pouco e ficar longe de você e das suas mentiras. (sai e bate a porta)
Minutos depois Renato chega no Campo das Uvas, desce do carro e caminha em seu vinhedo, pois ficar em suas terras seria como afastar todos os seus problemas.
CENA 02 - CASA DE VIDRO / RECANTO / MANHÃ
O professor Crowis entra no salão com seu traje de dança e joga uma revista no meio da rodinha formada pelos alunos.
Crowis - Como podem ver, a Susan Carmo, uma das melhores educadoras de dança e artista internacional, nomeada estrela da fama dance; está de passagem pelo Brasil junto com a sua mina de ouro Cassie Ribeiro, para participar do maior evento no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. No entanto, o vídeo delas já foi enviado e o nosso sequer iniciado.
James - Mas não temos culpa, a cidade praticamente entrou numa onda de surtos por causa da eleição.
Crowis - Por isso, resolvi marcar a nossa apresentação para este final de semana com toda as impressas possíveis. Precisamos de um ótimo vídeo para estarmos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Catarina - E poderia nos explicar esse tecido vermelho suspenso no meio do salão?
Crowis - Estive analisando os vídeos de nossos adversários e pude perceber, que se existe alguma chance, é através do tecido circense.
O professor coloca a música e assume a postura, com as mãos no tecido.
Crowis - Neste momento, peço a atenção de todos vocês para cada movimento que eu der, pois será fundamental em nossa apresentação.
Deslocando cada parte do corpo no espaço, mostrando agilidades com giros, inversões e quedas… o professor Crowis faz uma ótima apresentação e no final da dança, é aplaudido pelos seus alunos.
Crowis - Obrigado! Espero que todos tenham pegado uma pequena parte do circense, principalmente James e Catarina, pois serão os protagonistas. Preciso de vocês dois mais tarde aqui, para os ensaios complexos.
Kimberly - Está falando sério?
Crowis - Eles foram os que mais apresentaram perfomances adequadas durante as aulas.
Melissa - Tudo isso é demais para mim, com licença! (pega a mochila e vai embora)
Crowis - Escutem, todos vocês estarão na dança, como também futuramente poderão estar no papel de protagonistas. A dança nunca vai parar, e oportunidades nunca vão lhes faltar. O meu papel aqui, é transformar todos vocês em estrelas para o mundo e saber que um dia, venceram na vida.
Catarina - Um abraço coletivo, no melhor professor de dança que existe!
Enquanto todos se abraçam, Kimberly olha de longe com suas expressões desagradáveis.
Sendo a última sair do salão… Kimberly vai até o professor e fica parada, até ganhar a atenção que deseja.
Crowis - Posso te ajudar em alguma coisa Kimberly?
Kimberly- Apenas queria entender o por quê de você dar tanta credibilidade para a ralé da Catarina? Por acaso mantém algum caso escondido com ela, ou está sendo comprado?
Crowis - Como é?
Kimberly - Sim, porque se for o caso, te ofereço o triplo do que está ganhando, para eu ser a protagonista.
Crowis - Acho que os seus neurônios não estão mais funcionando.
Kimberly - Por que me odeia? Qual a sua implicância comigo?!
Crowis - Acho melhor você ir para sua casa como estou fazendo agora! A minha decisão já foi tomada. (pega os pertences na mesa e sai do salão)
Kimberly (expressa ódio) - Se aquela ralé pensa que vai tomar o meu lugar, está muito enganada. (olha para o tecido) - A queda dela será inevitável!
CENA 03 - MANSÃO VALLERE / MANHÃ
O luto de Vera ainda continuava, e nada neste mundo mudaria sua forma de vestir.
Alberto - Admito! A cor preta lhe cai muito bem, e te deixa tão atraente… (tenta roubar um beijo)
Vera (desvia o rosto) - Mantenha a sua postura, alguém pode chegar e nos pegar em fragrante.
Alberto - Desculpa, mas você disse que não tinha ninguém em casa e que o seu marido está na loja de vinho.
Vera - Sim, aconteceu algum imprevisto com Renato e ele teve que segurar as pontas.
Alberto - E qual seria o motivo da minha visita em sua casa? (senta e pega um cigarro do bolso da camisa)
Vera - Digamos que vou precisar da sua presença na loja de vinhos, administrando os negócios da família como antigamente. (toma o cigarro e amassa) - Sinto que pessoas estão querendo roubar meu patrimônio. (joga o farelo do cigarro no chão)
Alberto - Sabe muito bem que eu abandonei a loja de vinhos há muitos anos atrás e que Renato nunca me perdoou por isso, nem sequer se preocupou.
Vera - Claro, uma pessoa que passava as noites bebendo, jogando, viciado em sexo e perdendo as cuecas que vestia. O meu filho Renato ficou com medo de você retirar grandes quantias em dinheiro da empresa e colocar tudo a perder.
Alberto - E acha mesmo que Renato vai me dar uma chance?
Vera - Bom, você parou de ser um viciado e irresponsável. Quem sabe eu convencendo ele sobre o assunto… dá certo?!
Alberto (levanta) - Mas terá uma condição!
Vera - Qual?
Alberto - Que me convide para subir até o seu quarto, pois a minha vontade em te pegar está ficando fora de controle. (agarra Vera em seus braços e dá um beijo quente)
Vera tenta sair da situação, mas acaba se entregando as tentações do prazer e subindo para o seu quarto.
CENA 04 - CASA DE DR HERMANI FRANZMANN / MANHÃ
O médium chega em casa com algumas sacolas do mercado e vê Aline Ventura sozinha e cabisbaixa na sala. Ele deixa as compras sobre a mesa da cozinha e volta para saber o que aconteceu.
Hermani - Está tudo bem?
Aline - Como pode estar tudo bem, se o senhor me traiu?
Hermani - Por favor, não diga isso nem de brincadeira. O que eu fiz, foi para o seu próprio bem!
Aline - Será mesmo? Porque o Renato neste momento, não está querendo nem olhar mais na minha cara.
Hermani - Vamos dar um tempo para ele se acostumar com a realidade, ou acha que é fácil te ver com vida, depois de tantos anos acreditando na sua morte?
Aline - Eu sempre… (chora) - Eu sempre me senti tão culpada pelas mentiras, pelos planos sórdidos e terríveis. As vezes penso que tudo poderia ter sido evitado.
Hermani - Oh minha filha, é impossível controlar a roda do destino. Quem sabe o que poderia ter acontecido?
Aline - Eu tenho tanto medo!
Hermani - É por isso que eu estou aqui, para te ajudar a se libertar desse fardo. (pega nas mãos de Aline) - O que você precisar, estarei a sua espera.
Um vento forte entra pela janela e Hermani nota que o colar de coração pendurado no pescoço de Aline está mais brilhoso que antes.
Aline - O que foi?
Hermani - Não sei, uma impressão muito grande. Estou sentindo o ambiente pesado, coisa meio estranha.
O médium vai até a cozinha pegar um copo de água para beber e fica olhando para Aline com desconfiança.
CENA 05 - HOTEL RECANTO / TARDE
O criado Adolfo termina de servir os refrescos na sala e volta para cozinha.
Andressa - Eu sei porque estou aqui... e acredite, não cheguei a fazer nada por causa dessa loucura de eleição.
Meratriz - De fato, essa eleição só atrapalhou os nossos planos. Mas precisamos recuperar o tempo perdido.
Andressa - Então, estava analisando os seus registros… (mexe no tablet) - E que jogada de mestre você deu ontem na festa. Fez o Sr Renato assumir um caso diante de toda cidade.
Meratriz - Desculpa te interromper querida, mas o assunto que tenho a tratar contigo não é sobre Renato!
Andressa - Ah não?! (fica sem jeito) - E qual seria esse outro assunto?
Meratriz - Preciso que descubra algum podre daquela mulher chamada Vera, a que mora com Renato e se diz ser mãe dele.
Andressa - E desconfia de alguma coisa que me leve direto a resposta?
Meratriz - Por enquanto não, será apenas uma investigação confidencial. Sabe… olha que engraçado, estamos tratando de negócios e ainda nem sei o seu nome.
Andressa (ri) - Meu nome é Luana, mas pode me chamar de Lua! É assim que todos me conhecem.
Meratriz - Pois muito bem Lua, a sua nova missão está dada, e espero que seja cumprida até esta semana. Ou se não, vou ter que dispensa-la para bem longe… (movimenta as garras) - Se é que me entende.
Andressa - Claro, entendi perfeitamente!
A gêmea leva um susto quando seu celular começa a tocar e quando vê que a ligação é de William, desliga imediatamente. Em poucos segundos, toca novamente e Andressa desliga outra vez com um sorriso sarcástico.
Uma mensagem é entregue: "Me fala onde você está, mas não volte para o hotel"
Andressa (fica sem entender) - Será que eu poderia usar o seu banheiro?
Meratriz - Sim, fica no corredor primeira porta à direita!
A CAMPAINHA TOCA…
Meratriz - Será que ninguém mais interfona quando vai subir?! Ainda mais quando têm um criado lerdo…
Ao abrir a porta, Meratriz se depara com a sua mãe e demonstra não estar nada satisfeita.
Minerva - Oh minha filha, que saudades eu estava de você! (abraça Meratriz e vai entrando) - Foi neste fim de mundo que veio parar?
Andressa deixa o celular cair no chão sem querer e por estar com tanto medo, vai escorando na parede aos poucos.
Minerva - Que barulho foi esse?
(Congela em Andressa)
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