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EPISÓDIO 003
_Escrito Por GLALBER E. DUARTE_
Cena 07 – Casa da Vovó – Int. – Sala – Tarde.
(Vovó está deitada em sua cama – que fica mesmo na sala –.
Ela está totalmente coberta).
CHAPEUZINHO
Ai gente, quanta pobreza. A cama em plena sala. Não tem nem
quarto... Ainda bem que eu tenho meu próprio quarto. Sabe porque? Eu sou
ricaaaaaa. Ricaaaaaa! Beijinho no pescoço, porque galinha não tem ombro.
VOVÓ
Tão debochada... Beijinho no dente, porque piranha tem de
sobra. Olha, veio aqui reparar na minha casa e gozar da minha cara ou me trazer
comida?
CHAPEUZINHO
Eu só gozo de paz e amor, tá? E a senhora não passa de uma
aproveitadora. Afê! Exploração infantil é crime, ok?
VOVÓ
“Hu-hu-hu..” Olha a coitadinha...
CHAPEUZINHO
O Natal já passou e o especial “Papai Noel” também. Eu exijo
meus direitos. Carteira assinada, salário mínimo. Trago comida quase todo dia e
não ganho um tostão!
VOVÓ
Jovem ganha meio salário, desinformada. Não faz mais do que
a tua obrigação. “Quase todo dia” você não vem aqui é uma ova. Já faz semanas
que tu não saias nem do quarto. Tua mãe mesma me disse. Se não fossem “meus
contatos”, eu morreria de fome.
CHAPEUZINHO
Olha lá. “Seus contatos”... Deixa só mamãe saber disso...
Falando nela, como vocês se comunicaram? Por meio de “pombo-correio” que não
foi, né? Tenho certeza que ela veio aqui, já que que tu nem se aguenta mais em
pé, de tão velha que é. Nem sequer teve a gentileza de abrir a porta pra mim...
E ainda teve a coragem de dizer aquilo tudo quando estava lá fora!
VOVÓ
Foi a senhorita quem come/
CHAPEUZINHO (interrompe/intrigada)
Vovó...
(Chapeuzinho observa sua avó, dos pés à cabeça).
CHAPEUZINHO
Como a senhora mudou, viu?
VOVÓ
Isso que dá só ficar dormindo!
CHAPEUZINHO
Para de palhaçada. (T) Mas sério. Tu mudaste e muito.
VOVÓ
Que é isso, querida. São seus olhos...
CHAPEUZINHO
Meus ou os seus, que estão enormes de mais? Que olhos
grandes a senhora tem, hein? Pegou tersol? Deram-lhe um “diretão nos zóio”?
VOVÓ (voz grossa, masculina)
Além de debochada é burra...
CHAPEUZINHO
Quê?
VOVÓ (voz feminina)
Nada não, minha querida... São para/
(Congela a cena. O Narrador surge, na frente, com um
controle remoto).
NARRADOR
Vamos parar com esta embromação e avançar um pouco a
história. Todos já estão “carecas” de saber das perguntas que Chapeuzinho
fizera a sua avó. Inclusive eu.
(O Narrador puxa os cabelos, que na verdade, é uma peruca.
Ele lança longe. Com o controle, “avança” a história. As personagens falam, em
velocidade rápida).
“Chapeuzinho, então
Descobre, enfim, a verdade
Que por trás desta inocente “senhora”
Há um poço fundo de maldade”.
CHAPEUZINHO
(...) Que “pança” enorme é esta, vovó? Tá bebendo, né,
danadinha?
VOVÓ
Que nada, minha neta. (engrossa a voz) Eu tô, na verdade, é
comendo muita carne humana. Sabe?
CHAPEUZINHO
Pra não sair do costume... Que boca enorme é esta?
(Vovó se “desfaz”. Tira o disfarce, jogando os lençóis pra
longe. A Vovó, na verdade, é o Lobo Mau. “Ooooh”).
LOBO
É pra te devorar!
(Chapeuzinho debocha um certo tipo de espanto. Grita,
descontrolada).
CHAPEUZINHO
Oh! Oh. Ooooooh!
Oh my god. Oh...
LOBO
Eu tô falando sério, cacete.
(O Lobo avança em Chapeuzinho. A situação fica séria.
Chapeuzinho agora grita de pavor. Os dois rolam no chão. Chapeuzinho é
imprensada por Lobo, que está boquiaberto. Pronto pra comê-la).
CHAPEUZINHO (assustada)
Cadê minha avó, seu louco?
LOBO
Está muito bem em meu estômago! (risos/tosse)
(Chapeuzinho empurra Lobo e os dois caem na briga).
Cena 08 – Casa de Chapeuzinho – Int. – Sala – Tarde.
(Caçador está deitado no colo de Mãe, que acaricia seus
cabelos. FUNDO: “Dois Pra Lá, Dois Pra Cá”).
CAÇADOR
Ai perua, eu estou sa-tis-fei-tís-si-ma! Não irei levantar
daqui tão cedo.
(Mãe acaricia os cabelos de Caçador).
MÃE
Sabe que eu amo quando você fica aqui, juntinho de mim, em
meus braços? É tão bom... Sinto-me bem, leve, em paz com sua companhia. É um lisonjeio,
um prazer imenso, incalculável. Eu... Eu... Caçador. Eu te amo. Sempre te amei
e sempre irei te amar. Pronto, falei. Parece que um peso fora retirado de
minhas costas... Sei lá...
CAÇADOR
Olha, eu/
MÃE
Não diga nada. Apenas deixe o amor, meu amor, te levar.
(Mãe segura o rosto de Caçador. Os dois se olham por um bom
tempo. Eles se aproximam, ficando com os rostos colados, a ponto de se
beijarem. Até que a – maldita – porta é esmurrada, interrompendo o clima. Mãe
levanta-se, frustrada).
MÃE
Me desculpe.
(Mãe sai de cena. O Caçador fica parado, sem reação. Ela
volta, desesperada).
MÃE
O Lobo passou dos limites e devorou minha mãe. Chapeuzinho
está em suas garras e só você, Caçador, só você poderá nos ajudar.
(CLOSE em Caçador, por diversos ângulos, freneticamente.
Tensão).
CAÇADOR
Ai perua. (T) Mas é claro que irei te ajudar. Não sei como.
Mas isso não importa. Iremos conseguir, ah sim!
(Mãe sorri. Ela e Caçador se olham, com ternura,
rapidamente, e saem de cena. CORTA A MÚSICA).
FIM DO EPISÓDIO
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